E se fosse possível que uma aeronave, antes mesmo de entrar em emergência e de, talvez, se acidentar, pudesse informar a sua localização para os órgãos de busca e salvamento espalhados ao redor do mundo? E se, ao decolar para uma missão de busca e salvamento, as equipes de resgate já soubessem em qual área a aeronave caiu, eliminando a demorada tarefa de localizar fuselagens e vítimas em enormes massas de água? Isso aumentaria a chance de encontrar sobreviventes e salvar suas vidas.
Esse é o futuro da busca e salvamento, e o Brasil é pioneiro no desenvolvimento do dispositivo que permitirá que as aeronaves emitam sinais de maneira autônoma durante o voo sempre que alguma anormalidade na operação for detectada. Por meio desse sistema, a aeronave será capaz de, sem a intervenção do piloto, identificar panes e enviar, a cada minuto, o sinal de emergência com a sua localização ainda em voo. Até mesmo em caso de falha elétrica total, a aeronave terá essa capacidade.
Desenvolver um dispositivo que permita o rastreamento de uma aeronave antes do acidente é o objetivo do grupo de trabalho criado pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), da qual o Brasil é signatário. A necessidade foi identificada após o desaparecimento do voo MH370 da Malaysia Airlines, em março de 2014, que transportava 239 pessoas e provocou a maior operação de busca marítima e terrestre. Destroços que podem ser do avião desaparecido foram localizados mais de um ano depois, mas sem confirmação.
A proposta da OACI é que o sistema esteja disponível para as aeronaves a partir de 2021, podendo permitir a localização da aeronave desaparecida num raio de até seis milhas. O mundo está pesquisando soluções para atender a esses requisitos, e o Brasil estuda meios de fazer uma adaptação no Transmissor Localizador de Emergência (conhecido como ELT, sigla de Emergency Locator Transmitter) para criar uma tecnologia com a capacidade requerida. A coordenação do projeto é do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e conta com a participação de empresas internacionais, já que o Brasil não fabrica o ELT. Os testes serão feitos em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB).
Essa tecnologia que está sendo pesquisada é uma adaptação do ELT, que é acionado no momento do acidente, pelo efeito mecânico do impacto, e transmite o sinal para um dos SPOCs (sigla de SAR points of contact), antenas capazes de receber o sinal. Essas antenas pertencem a um dos provedores terrestres COSPAS SARSAT, um sistema que reúne 42 países e organizações.
Uma aeronave pode ter até dois ELTs, entretanto, alguns fatores podem impedir o seu acionamento como, por exemplo, se forem danificados durante o choque da aeronave com a água ou o solo. Além disso, embaixo d’água a onda que transmite o sinal não se propaga. Por essas razões, além da questão da precisão da localização, é que a nova tecnologia, que possivelmente se chamará ELT - DT (Emergency Locator Transmitter for Distress Tracking), será tão importante para aprimorar as missões de busca e salvamento.
Fonte: DECEA, por Ten Glória Galembeck
Edição: Agência Força Aérea, por Ten Emília Maria