Entre agosto de 2015 e julho de 2016, o trecho considerado “morto” do Rio Tietê teve uma diminuição de 11,5% e recuou para 137 quilômetros, de acordo com resultados do último monitoramento do projeto Observando o Tietê, divulgados pela Fundação SOS Mata Atlântica na quinta-feira (22), quando se comemorou o Dia do Tietê. A mancha anaeróbica, na qual o índice de qualidade da água varia entre ruim e péssimo, foi reduzida em 17,7 quilômetros e está atualmente localizada entre os municípios de Itaquaquecetuba e Cabreúva.
Sistema Alto Tietê, em Suzano, no interior paulista
Os resultados do monitoramento realizado nos rios das bacias hidrográficas do Alto e Médio Tietê são obtidos com a análise de 302 pontos de coleta distribuídos em 50 municípios de três regiões hidrográficas (Alto Tietê, Médio Tietê – Sorocaba e Piracicaba, Capivari e Jundiaí) e em 94 corpos d’água. Estas coletas são realizadas por meio de kits fornecidos a voluntários do projeto Observando o Tietê , da Fundação SOS Mata Atlântica, que reúne cidadãos e grupos para o monitoramento da qualidade da água de centenas de rios da Bacia do Tietê.
Os Índices da Qualidade da Água (IQA) aferidos no rio Tietê mostram uma leve tendência de melhoria na qualidade da água em razão das chuvas em São Paulo, que reabasteceram os reservatórios e contribuíram para a recuperação da vazão dos rios, ampliando a capacidade de diluição dos remanescentes de esgoto e poluição. Mesmo assim, há pouco a se comemorar: Em 2014, antes do longo período de estiagem no Estado, a mancha de poluição ocupava somente 71 quilômetros, entre os municípios de Guarulhos e Pirapora do Bom Jesus. Em 2015, com a falta de chuvas e diminuição no ritmo de obras de coleta e tratamento de esgoto na Região Metropolitana de São Paulo, a mancha saltou 54%, chegando a 154,7 quilômetros. Dos 302 pontos de coleta de água analisados em toda a extensão do Tietê, entre 2015 e 2016, 30 deles registraram qualidade de água boa, 115 regular, 101 ruim e 56 obtiveram índice péssimo.
“Podemos ter saído da situação extrema da crise hídrica em termos de quantidade de água disponível, mas não em relação à qualidade. As chuvas do último período contribuíram para uma leve diminuição da mancha anaeróbica no rio Tietê, mas retornar ao nível pré-crise será impossível sem uma ação integrada do Estado, envolvendo Cetesb, Sabesp, DAEE, EMAE e municípios da bacia hidrográfica”, afirma Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica. “Para enfrentar os desafios trazidos pelas mudanças climáticas, apenas coletar e tratar o esgoto dos rios metropolitanos não vai resolver. Será preciso medidas mais abrangentes, como investimentos em restauração florestal, aperfeiçoamento e mudança na legislação que hoje permite que rios sejam usados apenas para diluir esgoto”.
O fim destes “rios mortos” no Brasil – os chamados rios de classe 4 – que recebem na grande maioria esgotos sem tratamento algum, é uma das principais bandeiras da campanha “Saneamento Já”, assim como a universalização do saneamento básico e a luta por água limpa nos rios e praias brasileiras. A campanha é uma soma de esforços de mais de 40 organizações, incluindo a SOS Mata Atlântica, o Instituto Trata Brasil e a Campanha Ecumênica da Fraternidade – que em 2016 elegeu como tema principal o direito ao saneamento básico. A petição está disponível para assinaturas no site www.saneamentoja.org.br.
A SOS Mata Atlântica promove, na quinta-feira (29/9), às 14h, a atividade "Tietê Vivo, Seminário Internacional de Recuperação de Rios Metropolitanos", que discutirá propostas e tecnologias utilizadas em projetos exitosos executados em Portugal, Uruguai e Alemanha, além de ações locais e nacionais trazidas por especialistas convidados do Instituto Trata Brasil e Águas Claras do Rio Pinheiros. O encontro fará também um balanço do que já foi realizado pela despoluição do principal rio de São Paulo e discutirá as metas futuras apresentadas pelos executores do Projeto Tietê – Sabesp e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O evento será no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo. Mais informações neste link.
Fonte: Site SOS Mata Atlântica