Vistas a partir de São Paulo as eleições municipais apresentam tendências preocupantes, mais até que os próprios resultados.
Refiro-me à acachapante proporção de eleitores que recusaram participar das escolhas, seja por abstenção, por voto branco ou nulo. Este alheamento é antessala para propostas retrógradas da não obrigatoriedade do voto e alimenta o discurso antidemocrático: o povo não quer votar.
Mas tenho que me referir também ao endosso dado pela maioria do eleitorado votante ao apelo propagandístico contra a política e os políticos, com o endeusamento da “gestão” e, o que é pior, da gestão privada.
O candidato eleito em primeiro turno – privatista, fiscalista, controlador de gastos e administrativista – conseguiu aglutinar um campo de força (com base no fundo do quadro) que lhe dará impulso (e aos seus aliados) para a tomada de medidas que privilegiam o corte de gastos públicos, a reforma previdenciária e as privatizações. Sob este ângulo esta surpreendente vitória reforça as propostas que o movimento sindical tem apontado como negativas e aumenta as dificuldades para a resistência. O vitorioso pode se fazer passar por “trabalhador”, mas é essencialmente contra o movimento dos trabalhadores.
Mais uma vez comprovou-se a dificuldade do movimento sindical em se inserir com êxito no processo eleitoral; esta é uma tendência antiga que já vinha se manifestando antes e se confirma nessas eleições.
Os resultados foram muito precários em uma situação na qual o impulso organizado dos sindicatos foi diluído, com raríssimas exceções (registro apenas a vitória eleitoral do presidente do sindicato dos professores municipais, que já havia sido vereador).
Se alongarmos as vistas para o Estado, pode-se elogiar o relativo sucesso no interior, da Corrente Comerciária, que conseguiu ampliar a presença de dirigentes sindicais em câmaras de vereadores.
* João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical
Em que planeta você vive? Não preciso muitos argumentos para questionar o básico de sua argumentação: não é possível alguém em sã consciência dizer que os Estados Unidos sejam um país retrógrado, mesmo com voto facultativo. Que se dizer de outros países europeus.
Voto obrigatório favorece algo como o "voto de cabresto". Quer algo mais retrógrado que isto?
Isto sem falar em ser contra o corte de gastos públicos! Não confunda gasto público com investimentos! Concordo que a qualidade dos gastos públicos precisa ser efetivamente melhorada, mas o tamanho da máquina precisa ser adequado ao que se fatura. Ou, em sua casa, você emprega mais gente do que você precisa para os afazeres domésticos?
Sobre privatizações, entendo que quem regula as atividades - o Estado - não tem competência para se 'autofiscalizar ', jamais vai se aplicar sanções adequadas. Por que se precisa ser patrão se é mais barato e rentável fiscalizar? O Estado só deve participar de ações que a iniciativa privada não se interesse em fazer, mesmo que fomentadas por ele.
Sou favorável ao movimento sindical, desde que responsável e dirigido aos interesses do trabalhador, sem prejudicar os interesses da coletividade.
Atenciosamente,
Marcelo M. Azevedo