As eleições municipais fortaleceram o privatismo, o fiscalismo e o conservadorismo. O movimento sindical teve participação secundária e muitos dos candidatos do meio tiveram desempenho pífio. Destaca-se, também, o número alto de abstenções, brancos e nulos.
A Agência Sindical gravou vídeo com o consultor sindical João Guilherme Vargas Netto, que aponta os desafios para o sindicalismo. “O horizonte de recuperação do movimento sindical e das forças de esquerda não é 2018. Nosso desafio e a nossa capacidade serão testados na resistência agora a esse pacote previsto de medidas, como a PEC 241, a reforma da Previdência e as privatizações", diz.
Principais trechos
Candidatos - “As eleições municipais são um fenômeno de massa pela quantidade de eleitores, número de municípios e candidatos. Ao todo meio milhão. E, levando em conta o número de cabos eleitorais, é uma multidão de brasileiros que, antes mesmo do voto ir pra urna, fazem as eleições acontecer.
Agora, levando em conta a eleição de São Paulo, que obviamente não pode ser deixada de lado, ela dá o tom do resultado. Eu vejo duas tendências muito preocupantes, mais até que os resultados. A primeira, que me preocupa, é o alheamento do eleitor – abster-se, votar branco ou votar nulo. A outra é, basicamente levando em conta o peso de São Paulo, principalmente o peso de uma vitória em primeiro turno, o endosso à pior pauta hoje existente na sociedade.”
Fiscalismo
“Venceu a pauta fiscalista, privatista, gestionária, controle de gastos e sobretudo o endeusamento do gestor, não o gestor público, mas o gestor privado. Isso reforça o campo de força – que hoje tem a presidência e a hegemonia do País – na pior das direções. É uma pauta da reforma da Previdência, da pressão contra direitos, da PEC 241, do controle de gastos.”
Momento sindical - “Bem, a tendência do movimento sindical sair-se mal nas eleições não é característica dessas eleições. O sindicalismo é um subsistema que não se dá bem, não se reconhece, não tem grandes possibilidades, levando-se em conta as regras eleitorais vigentes. No entanto, afirmou-se uma pauta antissindical e antitrabalhista.”
Resistência
“Agora, temos de analisar o quadro. Vamos supor: o eleitorado é um recipiente e esse recipiente é composto de várias, como um submarino, várias câmaras, que são os partidos que têm uma certa proporção. O fenômeno forte nessas eleições foi a derrocada do PT. De tal forma que vejo duas coisas: exceto a derrota forte do PT, que era obviamente o estruturante do campo de esquerda, o campo de esquerda se mantém - e se mantém com possibilidades, capacidade de ampliação e sobretudo com capacidade de resistência.”
Comunicação SEESP
Notícia da Agência Sindical