Estamos vivendo uma fase difícil para os trabalhadores e para o movimento sindical, acossados entre a recessão e os ataques a seus direitos.
A recessão, com seus efeitos maléficos, castiga e impõe dificuldades inauditas às campanhas salariais. O desemprego amedronta e o patronato se aproveita disso para negociar sob condições draconianas, quando o faz.
Tem crescido o número de acordos em que não se consegue repor a inflação e alguns dirigentes, desatentos às aflições de sua base, aceitam sem constrangimento reajustes sem ganho real.
Arrocho é o nome da conjuntura econômica.
Como se não bastasse, crescem os ataques judiciais e políticos aos direitos e conquistas, como se houvesse uma conspiração do mal contra os trabalhadores.
Executivo, Legislativo e Judiciário se esmeram em desfechar golpes poderosos, todos eles concertados em uma única direção e com um só propósito: espoliar os trabalhadores de seus direitos e pressioná-los para aceitar passivamente este estado de coisas.
Com muita dificuldade as direções sindicais responsáveis têm persistido na busca da unidade de ação para a resistência, enfrentando o voluntarismo inconsequente de alguns e a capitulação envergonhada (ou despudorada) de outros. Várias mobilizações estão sendo programadas, mas o ritmo frenético de suas convocatórias (encavalando umas contra as outras), mesmo que dê a impressão de ativismo, não consegue sensibilizar a base e demonstrar força para eventuais negociações.
Como acontece com os rabos dos cavalos é necessário crescer para baixo, para a base dos trabalhadores. Essa estratégia, onde se conjugam a unidade de ação, os esforços mobilizatórios de categorias específicas, as campanhas salariais, a resistência às agressões judiciais e políticas e a busca de alternativas à recessão, somente será vitoriosa se e quando o conjunto dos trabalhadores gritar o seu rotundo: basta!
* João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical