É como se houvesse acontecido uma guerra e o Brasil tivesse sido derrotado.
Não é preciso ter muito espírito de porco para jogar irresponsavelmente mais lenha na fogueira da conturbada situação nacional. Mas é preciso muita sabedoria de classe para buscar caminhos razoáveis de superação da crise.
Não busca caminho quem deixa de resistir e se submete ao rolo compressor da recessão com seus efeitos destrutivos contra os trabalhadores e aceita as propostas e as iniciativas para superar a crise que mantêm a lógica da recessão.
Não busca caminho quem se compraz em disputas estéreis e divisionistas, inventando espantalhos que atraem os corvos que lhe arrancarão os olhos.
Não busca caminho quem se desorienta – e desorienta os outros – com as mil e uma artimanhas engendradas pelos rentistas que fingem enfrentar a crise, mas a agravam para obter nela suas vantagens.
Não busca caminho quem acha que pode sozinho e com um só golpe resolver a situação, costeando o alambrado da Constituição e interditando o debate.
Não busca caminho quem não tem a indignação razoável, capaz de manter ao mesmo tempo o sangue frio e o espírito de rebeldia.
Não busca caminho quem fica parado.
O movimento sindical dos trabalhadores tem buscado, com acerto, o caminho correto.
Não é a “canequinha” midiática, nem as vantagens partidárias esdrúxulas, que fazem o bom dirigente, mas a sua proximidade com a base, com os trabalhadores e trabalhadoras representados.
Ninguém poderá trair a base impunemente, sob nenhum pretexto e se o fizer será punido, mais cedo ou mais tarde.
Ninguém será dirigente se suas palavras raivosas ou seu comportamento mal educado servirem apenas para esconder sua resistência frouxa.
O dirigente sindical consequente sabe fazer a hora e orientar suas ações pelos interesses da base, orienta-se a si próprio no caminho da honra de classe, que é a classe mais elevada de honra.
* João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical