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12/06/2017

Opinião - O diabinho da mão furada

João Guilherme Vargas Netto*

Do folclore medieval português, recontado por António José da Silva, nos vem essa figura diabólica, que se esmera em “armar laços em que caem os fracos e ignorantes”.

O Diabinho está solto no Brasil de hoje. Sua especialidade tem sido a de dar ideias que se revelam desastrosas para os que as põem em prática.

Elio Gaspari, em sua nota de domingo, listou algumas dessas situações: a tentativa de deslocamento do ex-ministro Osmar Serraglio, o desmentido no voo do jatinho de Joesley Baptista e a convocação das Forças Armadas para participar da repressão à Marcha de Brasília das centrais sindicais. Estes três exemplos mostram o Diabinho dando ideias estapafúrdias ao presidente Temer, que as tentou canhestramente pôr em execução, com resultados desastrosos.

Um outro exemplo que me vem à memória pode ser o do Diabinho sugerindo ao chefe do Exército Nacional a realização de uma reunião com generais da reserva, o que o levará urgentemente a vestir o pijama.

Mas, o exemplo que quero reter e que diz respeito diretamente às preocupações sindicais, é o do Diabinho dando a ideia para um dirigente sindical de que ele incluísse em seu artigo publicado na Folha (que, em geral, é correto e demonstra uma preocupação pertinente) a venenosa frase de que é possível tornar as propostas de deformas oferecidas pelo governo ao Congresso aceitáveis para o povo.

O Diabinho da Mão Furada deve ter ficado satisfeitíssimo com seu malfeito, já que esta frase invalida o contexto em que ela foi inserida, viola a regra do “nenhum direito a menos” e tem forte cheiro do enxofre da traição.

Neste último caso, mas em todos os outros citados, o exorcismo consiste em manter nossa unidade de ação, em persistir na resistência e, sobretudo, em continuar atentos aos detalhes, porque neles mora o Diabo.

 


João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical

 

 

 

 

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Comentários  
# OS DIABOS ESTÃO SOLTOSuriel villas boas 14-06-2017 15:03
Efetivamente vivemos no Brasil hoje um momento muito perigoso para o movimento sindical. O ainda Governo Temer mostra a que veio, colocando em andamento propostas para alterar a CLT e a Previdência Social. E já está vigorando uma outra, sobre a terceirização. Estes pontos levam a uma profunda reflexão sobre como tem atuado as organizações de trabalhadores. E dois pontos podem ser ressaltados, ou seja, faz tempo que estão vigorando as duas legislações. E desde que foram promulgadas, as mudanças partiram sempre da parte dos governos. Esta é uma lição que temos de aproveitar, unindo todas a tendências em busca de uma legislação que atenda aos interesses dos trabalhadores. E evitando com isto não apenas os diabinhos, mas os verdadeiros demônios representados pelas propostas dos patrões e do atual Governo. S sem esquecer que precisamos analisar o nosso comportamento nos períodos eleitorais, elegendo candidatos com vinculação com o movimento sindical.
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