Jéssica Silva
Comunicação SEESP
Nesta terça-feira, dia 10 de abril, é comemorado o Dia do Engenheiro Metalurgista. São 4.942 profissionais atuantes no País, conforme registro do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), que representam para João Paulo Leme Rocha “a base para todas as engenharias”. Rocha, 39, que está na profissão há 16 anos e é associado ao SEESP há nove, encantou-se com a modalidade ainda estudante ao perceber sua importância. “Para construir um carro utiliza-se a engenharia metalúrgica (...) Uma roda também passa por ela (...) Numa moeda você encontra engenharia metalúrgica”, ele exemplifica.
Em entrevista à Comunicação do SEESP, ele contou que entrou no mercado de trabalho como estagiário em uma grande produtora nacional de cobre primário e hoje tem a própria empresa de consultoria, além de atuar como representante comercial de outras companhias. Feliz na carreira que escolheu, Rocha acredita, contudo, que o engenheiro metalurgista deveria ser mais valorizado.
Como tem sido a sua experiência profissional como engenheiro metalurgista?
Concluí minha graduação em 2002, pelo Centro Universitário FEI (Fundação Educacional Inaciana). Especializei-me em metais não ferrosos, que são o cobre, o alumínio, o chumbo, o níquel, o estanho, tudo que não tem ferro na composição da liga. Estagiei numa empresa que fabricava rodas de liga leve. De lá, fui para uma que montava peças para moto, estagiando por três anos. Depois entrei num programa de trainee da Paranapanema, que durou de 2000 a 2002. Fui efetivado para a engenharia de aplicação do produto, onde acompanhava assistência técnica, desenvolvimento de produto, de processo, qualidade de material e prestava serviço para clientes. Em 2008 fui convidado pela concorrente da Paranapanema a trabalhar como gerente de fábrica, onde fiquei por um ano, mas, em seguida, por mudanças estruturais, a Paranapanema me chamou de volta para assumir a gerencia geral da parte técnica da empresa. Foi o ápice da minha carreira, de 2009 a 2014. Resolvi então respirar em outros seguimentos, como o de limpeza industrial. Trouxe, na época, uma franquia americana para Jundiaí, que funcionou bem por dois anos, mas, com a crise, tive que vendê-la. E aí que comecei a receber convites do mercado do cobre novamente, devido à minha experiência na Paranapanema. Comecei a prestar algumas consultorias, comprar e vender material, e, a partir daí, resolvi montar uma empresa. Desde julho de 2016 estou atuando na JR Metals, a minha empresa. E também represento comercialmente três outras empresas, uma em que vendo fio de cobre, outra vergalhão e na terceira catodo de cobre.
O que o levou à engenharia metalúrgica?
Foi em um teste vocacional que fiz, aos 16 anos. Eu não sabia o que queria fazer, tinha muitas dúvidas, e meus pais me levaram numa psicóloga que me aplicou o teste, dando como resultado a engenharia em primeiro lugar. Quando ingressei na faculdade, logo na primeira semana de aula, tivemos várias palestras para ver qual área da engenharia mais nos interessava, e a engenharia metalúrgica foi a que me encantou, pois vi que era a base de todas as engenharias. Nos carros têm metalurgia envolvida, nos plásticos têm metalurgia envolvida, na vida, em tudo hoje tem um fundo de engenharia metalúrgica. Então foi por isso que a escolhi, por ser a base de todas as engenharias.
Na sua visão, qual é a importância da engenharia metalúrgica para o desenvolvimento?
Para mim, a importância está ligada ao fato dela ser a base. Para se construir um carro, a carcaça do carro, por exemplo, utiliza-se a engenharia metalúrgica, pois se produz um metal que passa por um desenvolvimento. Uma roda também passa pela engenharia metalúrgica, é preciso desenvolver a liga de alumínio para fazer a roda, para ela não quebrar em campo. Até numa moeda encontramos a engenharia metalúrgica por trás, tudo. Eu sou membro do Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre), e lá junto com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) muitos estudos estão em andamento com a atuação do engenheiro metalurgista. Estudam superfícies bactericidas com a presença do cobre; ações para que se substitua o aço inox nos hospitais por liga de cobre, para matar bactérias, entre outros. Por isso a engenharia metalúrgica é importante no Brasil, no mundo; ela é a base de todas as engenharias e ainda é uma área que pode ser muito desenvolvida, até porque tem muito poucos profissionais.
O País tem hoje em torno de 5 mil engenheiros metalurgistas. Haveria oportunidades no mercado para um contingente maior de profissionais?
Na minha época na FEI, formavam-se de cinco a dez engenheiros metalurgistas por semestre. Tem empresas nos Estados Unidos que contratam de 15 a 20 por ano. Então vejo que no exterior se tem mais oportunidades aos engenheiros, metalurgistas principalmente, que aqui no Brasil. É uma pena que aqui apenas em usinas você consegue emprego nessa área. Acho que o engenheiro metalurgista pode ser mais valorizado. Para mim o engenheiro sempre será protagonista no mercado de trabalho, um profissional de destaque.
Para você, o que é ser um engenheiro metalurgista?
Eu sou muito feliz em ter me formado em engenheiro metalurgista numa excelente faculdade em que aprendi tudo na prática, todos os conceitos de engenharia, as matérias periféricas como engenharia econômica, sociologia, biologia etc., muita coisa em que me especializei lá dentro. E o engenheiro metalurgista, para mim, é o profissional que está por trás de todas as engenharias. Você não pode fazer uma projeção de uma viga para construir uma ponte se o engenheiro metalurgista não der o material adequado para isso. Você não consegue projetar uma instalação elétrica se o engenheiro metalurgista não falar se aquele tipo de material está bem instalado ou não. Tenho orgulho da minha profissão. Graças a Deus eu escolhi a profissão certa e sou feliz até hoje por isso.