Agência Sindical
O futuro da fábrica da Ford em São Bernardo, onde trabalham cerca de 4 mil pessoas, será discutido com a direção mundial da indústria, nos Estados Unidos, em data a ser marcada. A reunião foi solicitada pela diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, após o anúncio do fechamento da unidade feito no dia 19.
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Metalúrgicos protestam em frente à Ford.
Em vídeo gravado na portaria da montadora, o presidente da entidade, Wagner Santana (Wagnão), fala sobre a reunião com a matriz. “É lá que teremos que tratar o destino da empresa e dos trabalhadores. Todos os nossos esforços são para reverter o processo de fechamento e defender a manutenção da Ford em São Bernardo. A fábrica é produtiva, tem condições de se manter aqui e de manter a sua história no setor automobilístico brasileiro”.
O coordenador do Comitê Sindical da montadora, Adauto de Oliveira, disse à Agência Sindical que “os trabalhadores estão estupefatos, mas ninguém jogou a toalha”. “Esperamos que esta resolução seja revertida. Estamos confiantes com esta possibilidade”, diz.
A medida impactará na demissão mais de 4 mil trabalhadores diretos e terceirizados. Ao todo serão prejudicados 24 mil trabalhadores da cadeia automotiva. Desde os produtores de matéria-prima até os metalúrgicos das montadoras. São trabalhadores espalhados em várias cidades. “Afetará também o comércio”, observa Oliveira.
A orientação do sindicato aos trabalhadores foi a de voltarem ao trabalho somente na próxima terça-feira, dia 26. “Os trabalhadores não tinham condições emocionais para trabalhar em segurança”, afirma o sindicalista.
Wagnão também criticou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que se reuniu no dia 21 com o presidente da Ford América do Sul, Lyle Watters, e o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), sem a presença do sindicato.
O Ministério Público também está atuando no caso. O órgão abriu procedimento para "assegurar o respeito" a convenções internacionais sobre demissões em massa. "A convenção prevê a nulidade de qualquer forma de dispensa coletiva de forma unilateral, sem a prévia negociação com o sindicato profissional", diz o órgão.
Os metalúrgicos da Ford contam também com a solidariedade de diferentes categorias e centrais sindicais.
Chantagem
Além da Ford, outra montadora norte-americana ameaçou recentemente encerrar suas operações no Brasil. Isso mostra a falta de compromisso social destas multinacionais e o caráter predatório que exercem na economia.
A decisão da Ford faz parte de um projeto da empresa de encerrar a produção de caminhões nas suas unidades da América do Sul. Porém, o mercado de caminhões vem crescendo exponencialmente no Brasil, principalmente desde o segundo semestre de 2018.
Vale destacar que, apesar dos bons resultados de 2018, o setor vem em ritmo de recuperação em relação a uma base baixa após a crise de 2015.