Comunicação SEESP
Ao chegar à marca dos 85 anos, completados neste sábado, 21 de setembro, o SEESP celebra sua história com olhos no futuro do País, da engenharia e seus profissionais e do sindicalismo. É o tema desta entrevista com o presidente da entidade, Murilo Pinheiro, que compõe a série de conteúdos especiais em homenagem ao sindicato. Ao fazer um balanço sobre essa rica trajetória, ele fala sobre os desafios a serem enfrentados e o compromisso de vencê-los em prol da categoria e do desenvolvimento.
Qual o balanço desses 85 anos do SEESP?
Nosso balanço dessas décadas de atuação é certamente muito positivo. O SEESP tem presença relevante na história do Estado de São Paulo e do País nesse tempo todo em que foi se estruturando, fortalecendo-se e crescendo, tornando-se uma entidade à altura da importância da categoria que representa.
No campo da ação sindical, que é nossa função precípua, tornamo-nos os legítimos representantes dos engenheiros e hoje conduzimos cerca de 50 negociações coletivas por ocasião das campanhas salariais. Isso significa uma grande mobilização dos profissionais, em suas respectivas bases, que ocupa a nossa agenda o ano todo.
Outro ponto de destaque é certamente o aprimoramento de nossa estrutura de atendimento e prestação de serviços aos associados, que vêm crescendo na busca por oferecer benefícios realmente relevantes. Para facilitar o acesso às muitas vantagens que o filiado ao SEESP tem, em 2019, inauguramos a plataforma digital Casa do Engenheiro, em que, com um clique, é possível utilizar qualquer serviço.
Por fim, o nosso sindicato se consolidou como uma instituição séria, que trava o debate de alto nível sobre políticas públicas, desenvolvimento socioeconômico e avanço tecnológico. Ao chegar aos seus 85 anos, o SEESP é certamente uma entidade da qual todos os engenheiros podem e devem se orgulhar.
Foto: Beatriz Arruda
Murilo Pinheiro: agenda em prol da categoria e da sociedade.
Quais os planos da entidade para o futuro?
Os planos são continuar a avançar em três frentes principais – representação coletiva, atendimento ao associado e inserção no debate público. Essa agenda tripla é plenamente convergente com os interesses da categoria e da sociedade brasileira. É a nossa missão. Assim, atuamos cotidianamente visando crescer a bem dos engenheiros.
Para tanto, quais os desafios a serem enfrentados?
São inúmeros, mas o SEESP construiu sua valorosa história exatamente superando dificuldades. Desafio que já se impõe é atuar ante nova fase do sistema produtivo, com a indústria 4.0 e toda mudança resultante do avanço em ritmo acelerado das tecnologias da informação. A Internet das Coisas é uma realidade. O engenheiro obviamente está no centro dessa questão. Precisamos, por um lado, garantir que nossa mão de obra qualificada esteja apta a operar essa nova dinâmica, e por outro, como atores sociais, devemos encaminhar o debate sobre o que isso significa do ponto de vista de eliminação de postos de trabalho e até do impacto na vida das pessoas. Um nó essencial a ser desatado nesse cenário é a proteção à privacidade dos cidadãos. Esse é um debate de natureza técnica e política em que os engenheiros devem ser protagonistas, porque caberá a eles indicarem solução que propicie o uso virtuoso da tecnologia.
Outro desafio ante esse quadro é fortalecer a organização coletiva dos profissionais coletivamente, de forma solidária. Esse é certamente um papel que o sindicato terá que exercer com muita competência.
O sindicato tem como bandeira histórica o desenvolvimento. Como segue esse esforço?
Como uma prioridade absoluta, até porque sem desenvolvimento não há oportunidades para engenheiros. Desde que o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” foi lançado pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) em 2006, teve o engajamento pleno do SEESP, que segue totalmente comprometido com esse debate.
O Brasil tem questões centrais a resolver para se tornar um país desenvolvido, que ofereça condições de vida digna a sua população. Ao mesmo tempo em que estamos às voltas com a realidade das novas tecnologias, temos que dar conta de tarefas que deveriam ter sido cumpridas já no século passado. Precisamos aprimorar nossa infraestrutura urbana e de produção urgentemente e assegurar serviços essenciais de qualidade a toda a população. E certamente temos que recuperar nossa indústria, que está encolhendo precocemente, comprometendo nossas possibilidades de alcançar prosperidade como nação.
A engenharia tem muito a contribuir com essa agenda ampla e fundamental, e continuaremos a apontar caminhos e propor soluções nesse sentido. Em junho deste ano, lançamos mais uma etapa do projeto “Cresce Brasil”, que aborda a necessidade de se investir em engenharia de manutenção. Não basta ampliar nossa infraestrutura, é mister também conservar e aprimorar a existente. E isso também é papel da nossa profissão. A proposta objetiva que colocamos para debate com os governos e a sociedade é que as administrações nos níveis municipal, estadual e federal instituam um órgão com dotação orçamentária e corpo técnico qualificado para ser responsável pela inspeção e pela conservação regulares nas estruturas. Nosso objetivo é, por exemplo, evitar novos Brumadinhos e Marianas, assim como acidentes envolvendo viadutos nas grandes cidades. A medida poderá trazer segurança à população e correta utilização dos recursos públicos.
A reforma trabalhista instituída pela Lei 13.467/2017 trouxe dificuldades de atuação das entidades sindicais. Como superá-las?
Essa lei foi aprovada como panaceia para geração de empregos, o que se mostrou totalmente falso. Na verdade, retirou direitos dos trabalhadores e criou graves distorções no que diz respeito à representação sindical. Lamentavelmente, na batalha da informação, prevaleceu a ideia de que comprometer o custeio das entidades sindicais e sua atuação seria bom para o trabalhador. Obviamente, o único prejudicado é o trabalhador, que perde condição de negociação junto ao patrão e vê enfraquecida a instituição que existe para defendê-lo.
Nesse contexto, cabe aos sindicatos, e é que o estamos fazendo no SEESP, buscar formas de continuar trabalhando bem pela categoria, que é a nossa razão de existir. Seguimos juntos, com vontade e coragem.