Agência Sindical*
Em 1939, o salário mínimo já estava previsto em lei. Mas só viria a ser implantado em 1940, por Getúlio Vargas, após inúmeras lutas e reivindicações dos trabalhadores. Naquele ano, Frederico Hermann Jr., então presidente do Sindicato dos Economistas de São Paulo (Sindecon-SP), coordenou pesquisa para definir o valor correto do mínimo. “São Paulo tinha dois mil trabalhadores na coleta de lixo, quase todos analfabetos, que ganhavam os salários mais baixos. A pesquisa de Hermann se concentrou nesses trabalhadores”, conta Pedro Afonso Gomes, atual presidente do Sindecon-SP.
O levantamento visava calcular o valor da cesta básica pra uma família de quatro pessoas. Na época, esses profissionais, a fim de não gastar com transporte, moravam perto das garagens de caminhões ou carretas de lixo. Foi nas quitandas e mercearias perto desses locais que Hermann Júnior concentrou a pesquisa. “Os dados eram colhidos das cadernetas nas vendas onde eles faziam as compras”, observa Pedro Afonso.
Além da pesquisa, Frederico Hermann Jr., com seus colegas de Sindicato, militou pelo salário mínimo, ao escrever diversos artigos nos jornais da época. Pedro Afonso Gomes considera que esse empenho fortaleceu a luta pela instituição do piso nacional, que hoje beneficia direta ou indiretamente cerca de 48 milhões de brasileiros.
Em 2020, o presidente Jair Bolsonaro fixou em R$ 1.039,00 o salário mínimo. Com isso, interrompeu a política de valorização posta em prática há vários anos por pressão do sindicalismo. Nos governos anteriores, apesar de ter sido instituída a política de valorização, o mínimo também acumulava perdas. Segundo o Dieese, conforme a lei de sua criação e a própria Constituição de 1988, seu valor deveria ser de R$ 4.342,57.
Acesse conteúdo do Dieese sobre o salário mínimo: Nota Técnica 218 divulgada no início deste mês .
*Edição Comunicação SEESP