Brasil de Fato*
Milhares de mulheres, em todo o Brasil, saíram às ruas durante no domingo (8/3) por igualdade de direitos e contra a violência. Os atos aconteceram em diversas cidades do País desde o início da manhã. Os principais temas foram o fim da violência contra a mulher, críticas ao governo Bolsonaro e a luta por direitos iguais. O assassinato da vereadora Marielle Franco, que completa dois anos no próximo dia 14 de março, também foi relembrado em diversas manifestações.
Em São Paulo, mesmo debaixo de chuva, 50 mil pessoas, de acordo com a organização, se reuniram na Avenida Paulista e seguiram em marcha pela região central da cidade.
Sob o mote “Mulheres contra Bolsonaro, por nossas vidas, democracia e direitos! Justiça para Marielles, Claudias e Dandaras”, a manifestação foi convocada por mais de 40 coletivos, movimentos sociais, partidos e sindicatos e juntou mulheres de todas as idades e diferentes histórias na mesma luta pelo direito à vida.
Algumas das bandeiras que as manifestantes levantavam diziam respeito ao combate à violência, à legalização do aborto e ao direito aos seus corpos. As mulheres que participaram do ato também criticaram a violência machista contida nas falas do presidente Bolsonaro.
“Não é possível que, em pleno século XXI, a gente volte a ter governos autoritários na América Latina. Então, as mulheres estão dando uma aula de luta pela democracia, por aquelas que vieram antes e pelas que virão", disse Simone Nascimento, jornalista e integrante do Movimento Negro Unificado.
A atividade começou com um piquenique agroecológico e apresentações culturais pelo lançamento da 5ª Ação Internacional da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), no fim da manhã. Em seguida, a quantidade de pessoas começou a aumentar na concentração no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) para o ato unificado.
O protesto teve como principal alvo o governo de Jair Bolsonaro, com críticas à retirada de direitos, exemplificada pelo desmonte das legislações trabalhista e previdenciária, e ao autoritarismo. “Este ano a gente resolveu expressar que esse governo é quem dirige toda a agenda neoliberal, antidemocrática e conservadora, além de trazer temas caros para a luta das mulheres, como o combate à violência e a legalização do aborto”, disse Nalu Faria, da coordenação nacional da MMM.
Em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, as atividades ocorreram no Parque Tom Jobim. Diferentes grupos e coletivos montaram uma programação que colocou em foco a luta feminina pela ocupação dos espaços de liderança e pelo fim da violência de gênero. Atividades como yoga, aula de defesa pessoal, dança circular, contação de histórias para mulheres, intervenção poética e oficina de cartazes e de bordado foram oferecidas ao público.
Além disso, durante todo o evento, os coletivos ofereceram tendas de apoio jurídico, médico e psicológico às mulheres. O ato contou também com uma exposição fotográfica sobre diversidade e a tenda da campanha "Não quero veneno no meu prato", sobre o elevado uso de agrotóxicos nos alimentos.
Desigualdade
A luta do 8 de março se faz ainda mais indispensável diante dos dados recentes sobre o aprofundamento das desigualdades relacionadas ao fator gênero.
Como destacou o portal do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), a desigualdade de renda entre homens e mulheres no Brasil aumentou pela primeira vez em 23 anos, segundo o relatório “País estagnado: um retrato das desigualdades brasileiras 2018”, divulgado em 26 de novembro de 2018 pela organização não governamental Oxfam.
As brasileiras ganhavam, em 2016, cerca de 72% do que os brasileiros. A proporção caiu para 70% em 2017, de acordo com dados das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílio contínuas (Pnad), realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que constam no relatório.
Na ocasião do lançamento do texto, matéria do portal Huffpost Brasil deu relevante destaque ao fato de que a redução da desigualdade no País, de modo geral, parou. Desde 2002, o índice de Gini da renda familiar per capita, medido pelas Pnads, tem sistematicamente caído de um ano para outro – o que não foi observado entre 2016 e 2017. Leia aqui a matéria completa.
Em diversos países, mulheres também saíram às ruas no 8 de março contra a violência e por direitos iguais. Veja aqui.
* Com informações do Diap e Huffpost Brasil.