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27/04/2020

Engenharia e área de TI criam plataforma de telemedicina em duas semanas

Ao mesmo tempo que contribui para o isolamento, ferramenta ajuda médicos a identificarem sintomas da Covid-19 nos pacientes e no atendimento de outros casos

 

Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

 

A iClinic – startup especializada em desenvolvimento de tecnologia para clínicas médicas, criada em 2012 – realizou, concomitantemente, duas ações importantes para os tempos de isolamento social devido ao perigo da contaminação pelo novo coronavírus (Covid-19). A primeira foi colocar uma equipe de 110 profissionais em home office; na sequência, tirou do papel uma plataforma de telemedicina para teleorientação e teleconsulta, que, segundo o CEO da startup, Felipe Lourenço, já conta com a adesão de mais de 8.600 médicos. “A vantagem de ser uma startup é a velocidade, responder rápido às demandas. Do ponto de vista interno, tivemos de nos reinventar rapidamente. Criamos processos de comunicação. A nossa produtividade não caiu, até aumentou.”

 

290 Felipe iClinic copyCEO Felipe Lourenço, da iClinic. Crédito: Divulgação.Como lembra o engenheiro de computação Lucas Ponce, da área de desenvolvimento de produtos, foi primordial a direção da empresa indicar como contribuir com a sociedade. “Já tínhamos um cronograma para entrega do projeto da teleconsulta, mas estávamos transitando aos poucos porque dependia da liberação da prática no País.” A telemedicina passou a ser autorizada a partir da pandemia: primeiro com a Portaria n.º 467/2020, em 20 de março, do Ministério da Saúde; depois o Congresso Nacional aprovou de forma acelerada o Projeto de Lei 696/2020, em 31 de março, finalizando com a sanção presidencial, transformando-se na Lei nº 13.989.

 

A equipe composta por engenheiros, cientistas da computação, analista de sistemas, designers e outras funções colocou a mão na massa e criou o produto em tempo recorde, “em duas semanas”, comemora Ponce. “Conseguimos, com o trabalho multidisciplinar, validar a ideia, planejar a execução, desenvolver o produto e disponibilizá-lo rapidamente aos nossos usuários.” Segundo ele, o trabalho para tal empreitada foi extenso e válido.

 

A ferramenta criada, ao mesmo tempo que contribui para o isolamento, ajuda médicos a identificarem sintomas da Covid-19 nos pacientes e no atendimento de outros casos. O sistema funciona com acesso a link enviado por e-mail e SMS. A teleconsulta é gravada para segurança jurídica e informações também ficam registradas em prontuário digital.

 

Comunicação: chave do sucesso
Ponce, que exerce a função de DevOps [conjunto de práticas, lançado em 2008, que unifica o desenvolvimento e operação de software], destaca que a interface da equipe, mesmo todos estando em home office, foi muito boa, com a troca rápida e eficaz de informação, criando todas as condições para a pesquisa, a criação e a apresentação do produto. Segundo ele, a “chave” do sucesso foi a comunicação, “porque é muito difícil traduzir ideias em comportamento dentro do sistema”.

 

290 Lucas iClinicLucas Ponce, engenheiro de computação da iClinic. Crédito: Arquivo pessoal.Outra sistematização do trabalho que deu certo foi entregar sempre pequenos valores ao invés de pensar captar 100% da ideia, ou seja, “não deixamos o ciclo de desenvolvimento muito grande, pois é muito difícil ter certeza realmente do que o usuário precisa”, explica Ponce. Por isso, prossegue ele, a equipe optou em entregar um Produto Mínimo Viável – ou Minimum Viable Product (MVP) –, que é a versão simplificada de um produto final de uma startup. A partir dela, o empreendedor vai oferecer o mínimo de funcionalidades com o objetivo de testar o encaixe do produto no mercado. “Ou seja, temos pequenas responsabilidades sempre trocadas toda hora com a área de pesquisa e de desenvolvimento, que dessa forma acaba entregando o produto mais rápido também.”

 

Para Ponce, a engenharia mostrou que tem a capacidade de se transformar e se adequar de forma ágil. “Estou falando dos profissionais e dos estudantes da área. Vimos muitos exemplos de inovação, até um robô para ajudar nas tarefas hospitalares. Acredito muito que a engenharia consegue se adaptar ao momento e melhorar as coisas para o futuro.” No seu caso, como informa, a motivação foi também pessoal: “A minha esposa está grávida, e ela foi uma grande incentivadora para focar totalmente na criação desse produto da telemedicina. Foram duas semanas de muita correria. Mas foi sensacional ver o time não só pensando na empresa, mas também em como ajudar as pessoas nessa pandemia. Quando a diretoria soube que colocamos no ar, avisaram os médicos que a ferramenta estava disponibilizada.”

 

O CEO da iClinic reforça que a crise acelerou muitas mudanças e transformações que levariam dez anos ou mais para chegar ao Brasil. “Países da Escandinávia praticam a telemedicina desde 1994. A questão da velocidade de inovar e adotar tecnologias da informação na área de saúde, tudo precisa ser bem pensado, mas a pandemia trouxe a urgência”, avalia Lourenço, formado em Informática médica pela Faculdade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).

 

Lourenço informa que a startup está disponibilizando, gratuitamente, a plataforma para alguns grupos sociais, como o terceiro setor, organizações não governamentais (ONGs) para ajudar neste momento. “Um exemplo muito grande é um instituto que trata gratuitamente pacientes com câncer, estamos liberando essa teleconsulta para esse projeto.”

 

300 Iclinic consultaPlataforma de teleconsulta criada pela iClinic. Crédito: Divulgação.

 

 

 

 

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