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08/06/2020

O Brasil tem jeito: saídas para vencer a crise

 

Soraya Misleh / Comunicação SEESP

 

"Um pacto pela reconstrução da Nação, pela vida, trabalho e democracia." É o que propugna Allen Habert, diretor do SEESP e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU). A afirmação foi feita nesta quinta-feira (4/6) em mais uma da série de lives realizadas pelo sindicato, desta vez sobre o tema "O Brasil tem jeito: saídas para vencer a crise." Ele coordenou a atividade virtual, transmitida pelo Instagram da entidade (oportunidades_na_engenharia), que teve a participação de Paulo Feldmann, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP). Ambos são engenheiros de produção.

 

Habert trouxe logo ao início os quesitos fundamentais à garantia do pacto que defende: renda básica de cidadania, proteção social e geração de emprego e renda. Sob esse horizonte, Feldmann destacou: "É claro que o Brasil tem jeito. A gente sempre ouviu que é o país do futuro, mas que nunca andou de forma a aproveitar suas riquezas. E agora se fala que o Brasil quebrou, vai aumentar muito o desemprego e a recessão [com a pandemia]." A crise é importante, mas o especialista discorda dessa sentença e insiste que há saídas, "não tão difíceis de serem implementadas", como indicam pesquisadores.

 

Allen Habert (acima) e Paulo Feldmann: o Brasil tem jeito. (Reprodução Instagram) 

 

"A população mais carente é que mais tem ficado doente. A Covid-19 escancara os problemas. Ainda há 5% da população passando fome no Brasil. Não é pouco, são 10 milhões de pessoas. Um quarto vive com menos de R$ 500,00 por mês e 60% dos mais pobres, com menos de R$ 1.400,00; 48% das casas no País não têm esgoto e 17% não têm acesso à água potável. O número de pessoas que moram em favelas é muito grande por metro quadrado. São 6% dos brasileiros. Há muito por fazer."

 

Na sua concepção, não só é possível resolver os grandes problemas nacionais, como o cenário de crise pode ser revertido rapidamente. "O aspecto mais importante de uma economia é o consumo, então a primeira coisa é retomá-lo, com renda mínima ou básica." Demonstração disso, para Feldmann, é estudo que indica que a pobreza extrema no País diminuiu quase pela metade em um mês, somente com o auxílio emergencial de R$ 600,00. Para ele, portanto, este não pode ser extinto; pelo contrário, deve ser mantido por pelo menos um ano. "Representa apenas 1,7% do gasto mensal do governo para atender 40 milhões que precisam. É um valor muito pequeno para o impacto positivo que tem. Não tem cabimento eliminar, é uma questão de proteção social."

 

E continuou: "O efeito é imediato. As pessoas passam a comprar leite, pão, remédio, na padaria, mercado, farmácia do bairro. Isso tem o efeito cascata na economia que já houve no País com o Bolsa Família." E o dinheiro volta para o Estado sob a forma de impostos.

 

O segundo ponto importante é assegurar a geração de emprego e renda, ao que Feldmann defende investimentos em infraestrutura. Segundo ele, são 3 milhões de postos de trabalho a cada 1% do Produto Interno Bruto (PIB) voltado a essas inversões. "É muito pouco, apenas R$ 80 bilhões para todo esse resultado. Propomos que o Brasil - um dos países que menos gastam com infraestrutura -  dobre esse valor, o que geraria imediatamente 6,5 milhões de empregos." O especialista complementou: "No País há tudo por fazer, essa é nossa vantagem neste momento. Faltam ferrovias, portos, saneamento, hidroelétricas. Devemos pegar essa oportunidade para resolver os problemas."

 

Feldmann também enfatizou a necessidade de incentivos às pequenas e médias empresas, cujo "impacto é enorme na economia" - no Brasil, essas correspondem a 27% do PIB; na Alemanha, 60%. "Significa criar políticas públicas, criar a figura do consórcio e garantir proteção de mercado a elas, assegurando que em alguns segmentos as grandes empresas não possam atuar, por exemplo farmácia. Das exportações brasileiras, 1% tem origem nas pequenas empresas; na Itália, são 43%, porque lá se consorciam e há incentivos."

 

Para tanto, sugere que se utilize pelo menos a remuneração obtida com as reservas internacionais do País, estimada em R$ 600 bilhões.

 

Habert defendeu ainda o apoio a empreendedores e o estímulo à economia solidária, bem como ao cooperativismo. Além da reindustrialização do País. "Em 1980 a indústria representava 23% do PIB; em 2019, 9%. Mesmo assim o Brasil ainda é a 15 produção industrial do mundo. São 80 cadeias produtivas, que geram 33,5 milhões de postos com carteira assinada, sendo 10 milhões no setor industrial." Feldmann criticou, nessa direção, a ausência de uma política industrial no País há muito tempo e de planejamento. "Precisamos conter a desnacionalização do parque produtivo, alta tecnologia é soberania nacional", agregou o diretor do SEESP. 

 

 

Inteligência coletiva

 

Na sua ótica, engenharia, ciência, tecnologia e inovação não são neutras e devem zelar pela "consciência moral, ética". Habert acrescentou: "Essas quatro áreas são parte do que chamamos de conhecimento. Temos que usar a inteligência coletiva para resolver os problemas." Nesse sentido, comentou sobre a atuação histórica do SEESP em prol da categoria e do desenvolvimento nacional, bem como da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) - à qual o sindicato é filiado - que lançou e segue atualizando o projeto "Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento". E ainda a iniciativa da CNTU de apresentar "50 propostas para o nosso desenvolvimento"

 

Ele lembrou que o SUS é resultado de esforço coletivo semelhante. "Concebido genialmente há 32 anos, hoje atende 160 milhões de brasileiros." Aos seus moldes, defendeu proposta construída pela CNTU de sistema nacional de educação continuada dos profissionais liberais, com garantia de um dia por mês para requalificação profissional.

 

Além dos investimentos em saneamento, destacou que 30 milhões de brasileiros não têm moradia e que há 1 milhão de engenheiros, 120 mil empresas de construção civil e 50 mil de engenharia e arquitetura consultiva para ajudar a solucionar essa questão.

 

Habert concluiu defendendo pacto pela democracia, que deve se expressar nas próximas eleições municipais. E salientou: "Vamos trabalhar para ter em 2022, ano do Bicentenário da Independência e dos 100 anos da Semana de Arte Moderna, uma situação totalmente diferente. O Brasil tem jeito, é um dos países mais espetaculares do mundo. Que possamos superar essa crise e criar uma nova civilização, próspera, mais justa e democrática."

 

A próxima live acontece na quarta-feira (10/6), às 18h, também na página do SEESP no Instagram (oportunidades_na_engenharia). O tema é "Mobilidade urbana de qualidade: direito constitucional do cidadão", com a participação de Emiliano Stanislau Affonso, diretor do sindicato e especialista em mobilidade urbana, e Jean Pejo, secretário-geral da Associação Latino-americana de Ferrovias (Alaf/Brasil).

 

Confira a live "O Brasil tem jeito: saídas para vencer a crise" na íntegra:

 

 

 

 

 

 

 

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Comentários  
# O BRASIL TEM FUTUROUriel Villas Boas 12-06-2020 18:00
O Brasil não é um país, é um continente. Temos riquezas minerais, agrícolas e muito espaço a ser ocupado com o objetivo maior que é o de criar mecanismos para distribuição justa da riqueza, diminuindo ao máximo o desajuste social. O estímulo à participação terá influência e substituirá o assistencialism o. O pacto citado pelo dirigente da CNTU, Allen Habert tem sua razão e precisa ser levado adiante,
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