Bem que a oposição tentou. Mas o plenário da Câmara dos Deputados barrou a ampliação do auxílio emergencial de 600 reais até dezembro em votação nominal virtual derrotando a emenda da oposição com 309 votos contra 123, uma abstenção e um voto do presidente (não votaram 79 deputados).
Estes 309 votos (que superam em um voto o quórum necessário para a aprovação de uma PEC) somaram os seguidores do presidente Rodrigo Maia, o centrão e os apoiadores do presidente da República caindo sobre eles e sobre o plenário uma cortina fiscalista que dificulta os necessários e emergenciais gastos do governo para combater a pandemia e diminuir os estragos do pandemônio.
A mesma cortina fiscalista caiu no Senado ocasionando que a MP 927 perdesse a validade porque continha um gordo jabuti de suspensão de pagamento de impostos.
Neste caso a reivindicação das direções sindicais e o trabalho de formiga em alguns estados para convencer os senadores teve sua recompensa porque a MP 927 era, no geral, lesiva aos interesses dos trabalhadores.
A fábrica de notícias ruins – além das notícias ruins sobre a doença e as mortes causadas por ela – continua a todo vapor.
Uma portaria do ministério da Fazenda determinou, com retroatividade até março, a possibilidade dos empresários demitirem e recontratarem empregados sem respeitar o prazo de 90 dias e com salários inferiores e menos direitos e benefícios.
É uma verdadeira passagem da boiada, além de colocar para os sindicatos o dilema entre o pior e o pior, porque os obriga a sancionarem as novas contratações ou se colocarem contra os trabalhadores reempregados.
Na luta contra a doença deve-se valorizar o texto publicado na Folha de São Paulo dia 17 – “60 dias de omissão na Saúde” – em que vários ex-ministros da Saúde exigem um enfrentamento mais efetivo e de combate à doença pelo ministério, que se mantém neste período sem comando efetivo sob a interinidade de um general.
* Consultor sindical