Soraya Misleh/Comunicação SEESP
Na live desta semana, realizada na quinta-feira (30/7), o SEESP trouxe o tema "Eficiência energética e certificações verdes para edifícios". Com apoio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) e transmissão ao vivo na página do Instagram do sindicato (oportunidades_na_engenharia), teve participação da arquiteta e urbanista Myrthes Marcele Faria dos Santos, sócia-diretora da Equalize Consultoria em Eficiência Energética, e coordenação da engenheira Cláudia Maria Coimbra, diretora da Delegacia Sindical do SEESP em Campinas. "Eficiência energética é uma ferramenta muito importante de gestão de energia. O tema não é novo, vem de quase cinco décadas, a partir da primeira crise do petróleo em 1973, e tomou vulto com a segunda crise, em 1979, principalmente quando surgiu o Programa Brasileiro de Conservação de Energia, o Procel. Mas o que a gente observa é que ainda a energia é utilizada de forma não racional, com medidas muito tímidas e isoladas diante de potencial enorme de conservação e eficiência. Depois da indústria, prédios públicos e residenciais representam o maior consumo. Portanto, é muito importante levar informações para a área de edifícios", destacou Coimbra, ao explicar sobre a escolha do tema à abertura da live.
Cláudia Coimba (acima) e Myrthes Santos, durante a live. (Reprodução Instagram)
Santos informou que "eficiência é tudo o que conseguimos fazer mais consumindo menos energia, como climatização de ambientes, iluminação e aquecimento de água. Para edifícios, é preciso ampliar e avaliar não só esses sistemas, mas o aspecto construtivo e projeto arquitetônico do prédio, os materiais usados na sua envoltória (fachadas e cobertura de telhados)". Ela salientou a importância de haver certificadoras que analisam essas características e emitem selos verdes, os quais são etiquetados em prédios sustentáveis - comerciais, residenciais e públicos, inclusive os históricos (nos tombados como patrimônio, contudo, há que se observar se é possível intervenção). A certificação, de acordo com a arquiteta, pode ser requerida por qualquer edifício, como escolas, hospitais, hotéis e para suas áreas, como de lazer no caso de condomínios, exceto de uso industrial (que podem, contudo, fazê-lo para escritório anexo à fábrica). "Isso auxilia o consumidor na decisão de compra de um imóvel", ilustrou. Entre esse, citou o PBE Edifica, do Programa Brasileiro de Etiquetagem do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro), que podem ser solicitados voluntariamente - não há qualquer obrigatoriedade, a não ser em prédios públicos federais. "Isso também se aplica ao selo Procel, que inclui equipamentos eletroeletrônicos e é como o Oscar das etiquetas." A obtenção, continuou, atende a critérios cada vez mais rigorosos ante as inovações tecnológicas e "quem não se adequar vai ficar para trás". Nos edifícios públicos, a certificação é compulsória tanto para construção quanto para reforma e ampliação. Nos estados e municípios, como informou Santos, depende da Prefeitura ou Governo local - e alguns municípios estão estudando um Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), como estímulo. E a Caixa Econômica Federal (CEF) conta com o selo "Casa Azul", como descreve a instituição, "uma classificação socioambiental dos projetos habitacionais" que financia. Ela apresentou ainda várias certificações internacionais, destacando que no Brasil são mais de 30 existentes hoje. "Cada um tem seus próprios critérios, mas certamente contam materiais especificados no projeto, se fabricados regionalmente, a menos de 500km do terreno onde será a obra, assim como destinação correta do entulho gerado e separação de resíduos, utilização de tintas e solventes com baixo teor tóxico, vidros de alta performance que deixam a luz natural entrar e bloqueiam calor em climas quentes, sistemas de lâmpadas LED e luminárias eficientes, circuito elétrico. "Climatização é muito bem vista em escritórios, pois é responsável por até 70% do consumo de energia", completou. Na sua opinião, a colocação de painéis fotovoltaicos para energia solar é "a cereja do bolo", mas é preciso dimensionar a quantidade necessária e pensar um edifício sustentável até o final da sua vida útil. Ou seja, como se daria a reciclagem dessas placas. "A Alemanha está começando a fazer isso." Para obter certificação, Santos disse que é possível contratar ou não uma consultoria prévia - o que recomenda, para que não haja falhas que demandem alguma intervenção posterior e, portanto, custem mais do que seria necessário. Segundo assegura, esse processo "não é tão caro" e compensa em saúde e produtividade dos habitantes, como aponta estudo feito pela Universidade de Harvard. "As pessoas que trabalham ou moram nesses edifícios adoecem menos, têm menos dor de cabeça e estresse." Na sua visão, esse é o principal objetivo da certificação: comprovar que se está atendendo a necessidade humana, com conforto térmico acústico e bem-estar visual. Um edifício sustentável, para Santos, também garante ambiente mais saudável ante a pandemia, com maior ventilação e renovação do ar, bem como melhor filtragem de equipamentos, por exemplo. E concluiu: "É um mercado em ascensão, bastante promissor, e o engenheiro é importantíssimo nesse processo. Temos muito trabalho à frente e uma grande oportunidade também para quem quer empreender nessa área." A próxima live ocorrerá na quarta-feira (5/8), às 18h, sobre o tema "Desafios para a formação em engenharia e as novas diretrizes do MEC". Terá a participação de Aureo E. Pasqualeto Figueiredo, professor de Engenharia da Universidade Santa Cecília (Unisanta), e coordenação de Álvaro Luiz Dias de Oliveira, presidente da Delegacia Sindical do SEESP na Baixada Santista. Com transmissão online sempre na página do Instagram do SEESP (oportunidades_na_engenharia). Confira a live "Eficiência energética e certificações verdes para edifícios" na íntegra: