Perfil mais requisitado é o que combina capacidade de raciocínio e comunicação, o “analítico comunicativo”.
Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia
Língua é poder. A afirmação é do professor e especialista em Língua Portuguesa, Agnaldo Martino. “Quem fala melhor tem mais possibilidade de ser melhor tratado também. O fato de utilizar bem o idioma confere autonomia e certa autoridade”, sentencia. Autor do livro “Português esquematizado”, da Editora Saraiva, Martino observa que “a partir do momento que consigo expressar bem minhas ideias e opiniões, passo a ser ouvido e atendido”, acrescentando: “Já no século XV, Nebrija, um gramático espanhol, dizia que ‘a língua é companheira do império’. Quem domina a língua tem poder.”
O Núcleo Brasileiro de Estágio (Nube), parceira da área de Oportunidades na Engenharia, do SEESP, em pesquisa realizada com 8.208 candidatos, em 2015, sobre conhecimento da língua portuguesa, chegou a um resultado preocupante. “No total, 3.111 candidatos (37,9%) foram eliminados. Ou seja, quatro em cada dez jovens são reprovados por causa do não domínio do nosso idioma”, informa a recrutadora Marianne Lisboa, do Nube. O CEO da Cia de Estágios, também nossa parceira, Tiago Mavichian, constata a mesma dificuldade e adverte, enfático: “Erros básicos de escrita e na fala reprovam.” Isso porque, prossegue ele, a contratação de um analista ou coordenador que comete erros de Português pode comprometer a imagem da empresa para clientes, diretores da própria corporação e o público externo. Ele pondera, ainda, que é diferente uma linguagem atual e descolada de descuidos com o Português.
Currículo e leitura
Um primeiro filtro nesse quesito, indica Mavichian, já está no próprio currículo, “se tem erros de português, a pessoa, na maioria das vezes, não é chamada. Se comete erros grosseiros durante a entrevista por mais de uma vez, o que deixa evidente que não foi um lapso, também é reprovada. Ainda tem a redação e até a análise das redes sociais”. Lisboa acrescenta que os testes de avaliação da comunicação variam dos mais simples, como a realização de uma apresentação pessoal falada, testes ortográficos e produção de redação até mesmo as mais complexas, como testes de raciocínio lógico para avaliar a capacidade verbal do indivíduo. “Comunicar-se com clareza e sem erros é fundamental. Afinal, essa é a maneira como o candidato utiliza para apresentar suas características no currículo e pessoalmente. Refiro-me não só à comunicação verbal, mas também à escrita, pois hoje em dia utiliza-se bastante o e-mail e aplicativos de mensagens em relação ao telefone em muitos ramos de negócios. Contudo, vale lembrar: ambos possuem importância e merecem atenção”, orienta.
Para o professor, o grande problema está na falta de leitura. “Aprendemos pela leitura, e esse aprendizado se dá de forma consciente e inconsciente ao mesmo tempo”, observa. Ele explica: “Leio um texto com a intenção de aprender um conceito – aprendizado de forma consciente. Leio um texto por prazer, e deleito – aprendizado de forma inconsciente. Durante a leitura, mesmo inconsciente, nosso cérebro está arquivando informações: sobre ortografia, estrutura da palavra e da frase e sobre o significado do período. É esse ‘arquivamento’ de informações que gera conhecimento linguístico. Às vezes você pensa: eu sei que é assim, mas não sei por quê. É assim que aprendemos. E, se não lemos, não teremos a oportunidade disso.”
Nesse sentido, vale completar que a leitura deve ser entendida como um exercício de cidadania e autoconhecimento, e que ela vai ajudar sobremaneira ao desenvolvimento de diálogos e manter uma conversação com naturalidade, espontaneidade e clareza, na entrevista de um processo seletivo, na apresentação de um trabalho ou projeto, por exemplo.
Perfil analítico comunicativo
Segundo o CEO da Cia de Estágios, o perfil mais requisitado pelas empresas, atualmente, é o “analítico comunicativo”. “É quando a pessoa consegue ter boa capacidade de raciocínio de análise, é boa tecnicamente e ao mesmo tempo tem os skills de comunicação para fazer uma apresentação e vender sua ideia e projeto para o time interno, para possíveis clientes e para o público externo.”
A comunicação, como garante Mavichian, há muito tempo é valorizada em todas as áreas profissionais, “já não é exclusiva de publicitários, marqueteiros ou pessoas da área comercial”, principalmente quando ganha força e relevância o novo modelo de trabalho, que é o de equipes multidisciplinares (squads). “A capacidade de relacionamento e comunicação pode fazer o projeto dar muito certo ou pode colocar em risco o resultado final. Hoje todos têm que se vender, vender o projeto que estão desenvolvendo e se fazer entender para a equipe de trabalho e clientes”, reforça.
Para se alcançar uma comunicação escrita e oral adequada, segundo o professor Martino, não basta seguir regras gramaticais. “A língua é mais do que apenas as regras gramaticais. Devemos, também, verificar os aspectos ligados à interpretação de texto”, esclarece e prossegue, o que vale dizer “que precisamos estudar coesão, coerência, raciocínio lógico verbal, vocabulário e inferência. Todos eles estão entrelaçados entre si e com a gramática. Estudar língua portuguesa é trabalhar com a língua como um todo”.
Saiba com quem se comunica
Martino enfatiza o bom senso para o desenvolvimento de uma comunicação tanto no formato oral como no escrito. Inicialmente, ensina, vale fazermos algumas perguntas: “Com quem estou falando? Para quem estou escrevendo? Posso utilizar esse termo? A pessoa que está ouvindo/lendo reconhecerá isso? Eu estou sendo claro? Estou fazendo-me entender?”. Isso também se refere a se adequar ao ambiente, ao objetivo, pois “de nada adianta escrever um texto rebuscado num e-mail para um colega de trabalho que tem como objetivo apenas verificar uma informação rápida; assim como não podemos cair na coloquialidade ao enviar um ofício para uma chefia, por exemplo”. Por isso, endossa: “Seja coerente com o momento comunicativo a que se destina a sua fala/escrita.”
O professor avisa que há assuntos que aparecem em todas as provas e avaliações de língua portuguesa, seja em processos seletivos ou concursos públicos. São eles: regência nominal e verbal, crase, concordância nominal e verbal, pontuação e interpretação de texto. “Estude esses temas sempre”, aconselha.
Desigualdade secular
Como afirma o especialista, logo no início desta matéria, língua é poder. Por isso, as dificuldades expressas por muitos estudantes e até profissionais no domínio da língua portuguesa precisam ser melhor entendidas, principalmente como fruto de uma desigualdade na estrutura educacional. “Essa desigualdade, que perdura desde os tempos do Brasil Colônia, é o grande entrave para o desenvolvimento pleno da população”, analisa. Ele diz que “deveríamos todos ter oportunidade de estudar e aprimorar conhecimentos. Nossos governantes precisam ter isso em mente, pois não temos avançado muito”.
Apesar de o número de analfabetos vir caindo a cada ano, Martino observa que existe um grupo cada vez maior “de pessoas que não conseguem compreender aquilo que leem, que não sabem interpretar uma informação, não captam ideias – os chamados analfabetos funcionais”. Isso se deve, segundo ele, a dois motivos: “À má qualidade da educação ofertada a essa parcela da população e à falta de ânimo dessa população, já há tanto tempo subjugada, para procurar pelo direito de uma educação de mais qualidade.”
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#Dicas
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Então a boa comunicação é importante para todo e qualquer profissional porque a comunicação de forma correta não deixa que haja desentendimento entre profissional e cliente e entre colegas de equipe . Um profissional bem preparado em sua comunicação se destaca no meio profissional já que a comunicação é essencial .Afinal, devemos estabelecer uma mensagem clara para expor nossas estratégias e pontos de vista, para trabalhar bem em equipe e para liderar. Comunicar-se de forma adequada também é necessário para lidar com clientes, parceiros e fornecedores — seja para negociar, persuadir ou fazer acordos.
No trabalho , em todo e qualquer trabalho, todas as atividades que realizamos envolve comunicação. Isso porque , mesmo que a pessoa trabalhe sozinha , terá que apresentar e entregar seu produto ou serviço a alguém e, para isso é preciso haver uma troca de mensagem , assim há uma comunicação .