Comunicação SEESP
Dando sequência ao ciclo de debates “A engenharia e a cidade”, o SEESP recebeu nesta segunda-feira (5/10) a candidata a prefeita de São Paulo pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), Vera Lúcia.
A iniciativa de convidar democraticamente todos os que estão na corrida por cargos executivos já é tradição do sindicato. Em meio à pandemia, a única diferença ante as eleições municipais deste ano, marcadas para 15 e 29 de novembro próximo (primeiro e segundo turnos respectivamente), é que os encontros são online, através de webinar no Youtube e no Facebook da entidade.
Emiliano Stanislau Affonso (acima) e Murilo Pinheiro, no webinar
com a candidata Vera Lúcia. (Reprodução Youtube)
Mais uma mostra da responsabilidade que caracteriza o SEESP – que se mantém atuante em prol dos engenheiros e da sociedade ao mesmo tempo em que busca contribuir neste momento para conter a disseminação da Covid-19.
Vera Lúcia iniciou sua fala se apresentando. Mulher negra e nordestina, como contou, nasceu no sertão de Pernambuco e foi criada em Aracaju, capital de Sergipe. “Em São Paulo me sinto em casa”, frisou, observando o grande número de negros e nordestinos que vivem na Capital.
“Milito desde os 21 anos de idade”, enfatizou ainda ela, hoje com 52 anos. Costureira de sapatos, atuou no movimento sindical e é uma das fundadoras do PSTU – “partido revolucionário e socialista”. Segundo informou, graduou-se aos 39 anos em Ciências Sociais, dada uma vida de dificuldades que a impediu de estudar antes.
A candidata destacou a necessidade de se criarem as condições para construção de uma sociedade socialista ante “crise econômica que já se arrasta há mais de uma década e deu um salto com a pandemia”.
Emprego, renda e serviços básicos
De acordo com sua explanação, ao encontro das ”necessidades da classe trabalhadora”, entre as prioridades de seu programa de governo está a questão do emprego e da renda.
“A cidade de São Paulo é a 17ª. mais rica do mundo, e hoje mais de 50% dos trabalhadores com idade ativa estão fora do mercado. Vamos fazer um plano de obras, readmitir os servidores e terceirizados demitidos na pandemia, além de chamar os concursados”, assegurou, dizendo que essa seria sua primeira medida, ao assumir a Prefeitura, bem como revogar a reforma municipal da Previdência. Também defende redução de jornada sem diminuição de salário.
Nessa linha, a candidata pelo PSTU revelou ainda a intenção de retomar obras paralisadas “que são essenciais”, em resposta a proposta do SEESP apresentada pelo seu diretor Emiliano Stanislau Affonso Neto. O que também tem potencial de gerar emprego e renda e será objeto da nova edição do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” – iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) com adesão do sindicato –, a qual será entregue a todos os prefeituráveis.
Murilo Pinheiro, presidente do SEESP, informou a candidata ainda sobre a proposta de constituição de uma Secretaria de Manutenção, com equipe e dotação orçamentária, para garantir que não mais haja notícias de desabamentos de pontes, viadutos e prédios públicos . “Considero extremamente importante. Vamos precisar muito da engenharia, vocês vão ter muito trabalho, está tudo desmoronando”, destacou Vera Lúcia.
Na sua ótica, outra área que vai demandar esse trabalho técnico é habitação, em especial diante da necessidade de recuperar os inúmeros imóveis vazios na cidade para moradia.
Proposta que Vera Lúcia também considera prioritária é isentar desempregados de contas de água e luz e garantir renda de um salário mínimo de São Paulo a esse conjunto. E ainda fazer com que chegue internet de graça para todos – o que, como lembrou, revelou-se fundamental na pandemia, sobretudo nas escolas. Prometeu ainda bibliotecas públicas em todos os bairros e preservação de museus como o de Transporte.
Ela continuou: “Tem 78 bairros em que não há água na torneira. É a pobreza na riqueza. Temos condições de resolver todos os problemas, tem dinheiro de sobra”, garantiu.
Para Vera Lúcia, o que precisa ser feito é inverter a lógica atual, que privilegia o lucro em detrimento da qualidade de vida da maioria da população. Nesse sentido, afirmou que, se eleita, vai cobrar multas de empresas e bancos que devem à Prefeitura algo em torno de R$ 200 bilhões. “Temos que tirar de um punhado de bilionários para cuidar da vida de quem precisa”, salientou.
Questionada por Stanislau Affonso quanto às suas propostas para o transporte e mobilidade, a candidata pelo PSTU foi categórica: “A primeira medida será estatizar e acabar com a mamata dos empresários. Para tanto, queremos o transporte controlado pelos trabalhadores do setor e por quem o utiliza”, detalhou.
Ao encontro da proposta do partido de constituir conselhos populares em todos os bairros e locais para que a sociedade decida como deve ser governada a Capital. “O sindicato vai ser parte, deliberar juntamente com a população. Isso que chamamos de democracia. Vocês [engenheiros], que planejam, têm conhecimento, são imprescindíveis, assim como os operários”, ressaltou. E concluiu: “Queremos que a classe trabalhadora possa administrar a cidade. Nós estaremos subordinados aos conselhos.”
Vera Lúcia agradeceu o espaço e a oportunidade. “Não temos direito de expressar nosso pensamento. Não temos acesso aos grandes veículos de comunicação, aos debates. [A democratização da comunicação] é uma necessidade.”
Confira o webinar com Vera Lúcia na íntegra: