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19/01/2021

Fechamento da Ford pode afetar 119 mil empregos, aponta Dieese

Agência Sindical

Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta fortes impactos com o fechamento das três unidades fabris da Ford no Brasil. O fim do ciclo da montadora, que resultará em 5 mil demissões, signifca uma perda real de 118.864 mil empregos diretos e indiretos, além de representar perda de mão de obra qualificada, prejuízos pra engenharia e desperdício de investimentos em tecnologia.

 

protesto na fordTrabalhadores da Ford penduraram os uniformes no alambrado em frente a área da fábrica, em Taubaté, ontem (18/1), para simbolizar os empregos e as famílias em risco com o fim das atividades da montadora / Foto: Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau)

"Essas demissões podem resultar em perda potencial de massa salarial da ordem de R$ 2,5 bilhões ao ano, considerando-se os empregos diretos e indiretos. Além disso, haverá queda de arrecadação de tributos e contribuições em torno de R$ 3 bilhões/ano. Cada R$ 1,00 gasto na indústria automobilística acrescenta R$ 1,40 no Valor Adicionado da economia", diz um trecho do estudo.

O documento também lembra que as demissões no segmento automotivo são anteriores à pandemia, como no caso da planta da Ford em São Bernardo do Campo, em março de 2019. Além da mudança nas estratégias globais das montadoras, o Dieese aponta o fim do programa de fomento do setor, o Inovar-Auto, em 2017, "cujos objetivos eram incentivar montadoras a investirem em pesquisa, engenharia e desenvolvimento, bem como fortalecer os fornecedores, através de uma política de conteúdo local, em que até 80% dos veículos fabricados pelas empresas habilitadas no programa deveriam realizar uma série de etapas da atividade produtiva no Brasil".

 

A Agência Sindical entrevistou o professor Fausto Augusto Junior, diretor-técnico da entidade. A Ford manterá aqui apenas a sede administrativa da América do Sul, o Centro de Desenvolvimento de Produto e o Campo de Provas.

 

Principais trechos

• Empresa - “A questão tem dois ângulos. O estrito, ou seja, da estratégia de mercado da própria empresa, e o aspecto geral, que tem a ver com a política industrial brasileira para o setor, em vigor há décadas”.

 

• Reestruturação - “O setor automotivo se reestrutura a cada década, por razões tecnológicas e outras. Cabe aos governos decidir se querem ter em seus países um setor automotivo forte. No Brasil, dominamos todas as fases de produção de um veículo, desde o seu desenho na prancheta”.

• Tendência - “O caso Ford pode não ser um só, isolado. Pode apontar uma tendência, com a opção das empresas de serem apenas montadoras. A produção ficaria para nichos de veículos especiais. Corremos esse risco, o que desmancharia um modelo consolidado desde JK”.


• Mercado - “O brasileiro já foi o quarto maior do mundo. Hoje, ocupa a sexta posição. Pra chegar nesse estágio e se manter, sempre foi um mercado protegido, com nacionalização de setores e outras medidas. O próprio Collor, que havia liberado tudo, teve que rever sua política”.

• Início - “Esse desmonte começou em 2016 e prosseguiu. A ser mantida a política liberal, a tendência de perda se acentua. O desmonte do Inovar Auto e de outras políticas precipitou a crise. Hoje, o México é mais atrativo, porque paga menos que a China e o sindicalismo é frágil”.


Domingo, dia 17, O Estado de S. Paulo trouxe de manchete que o Brasil, nos últimos seis anos, perde em média 17 fábricas por dia. Na avaliação de Fausto Augusto, “o governo não tem uma estratégia para o setor industrial”.

Leia a íntegra do documento no site do Dieese em Nota Fechamento da Ford.



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