Fenômeno que engloba de robótica avançada à inteligência artificial, tem no profissional o criador de artefatos e interfaces.
Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia
O Dia da Engenharia Mecânica é comemorada em 5 de junho. O Brasil tem cerca de 94 mil engenheiros mecânicos registrados junto aos conselhos profissionais federal e estaduais (Sistema Confea/Creas). Ao contrário do que muitos possam imaginar, esclarece o estudante Felipe Parma, a área vai muito além do setor automotivo. “Com a digitalização, a sua importância tende a aumentar”, destaca o discente do sétimo semestre da graduação de engenharia mecânica, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC). Ele iniciou o curso, em 2018, com 17 anos de idade. “Sou a segunda turma deste curso da PUC-Campinas”, orgulha-se.
O professor e coordenador do curso Marcos Carneiro foi convidado pela instituição de ensino a fazer a concepção da graduação lançada em 2017. “A ideia era fazermos um curso moderno de engenharia com o seguinte tripé: metodologia Hands On, ou seja, mão na massa, dentro da perspectiva do empreendedorismo; trabalhar muito a questão tecnológica com o norte na indústria 4.0; e a aproximação com o mercado de trabalho, as empresas, desde o início”, explica. Parma concorda, observando que a chamada Quarta Revolução Industrial “é um fenômeno que engloba diversas tecnologias em seu significado, como robótica avançada, inteligência artificial e manufatura aditiva, conhecida como impressão 3D. E esse foco está muito presente na sala de aula.”
Para Carneiro, as tecnologias nesse tipo de indústria têm em comum a parte digital, mas todas exigem da mecânica para transformar esse digital em artefatos capazes de produzir serviços mais eficientes, “a ideia é quase que customizar a produção”. Depois de formado, Parma quer prosseguir no setor industrial, “porque cada vez mais percebo as possibilidades que o conceito industrial atual proporciona aos engenheiros mecânicos”.
Área, inclusive, em que Parma iniciou o seu estágio em março último. “Estou estagiando na fábrica da Hyundai Motors Brasil, em Piracicaba. Estou no setor de manutenção da linha de montagem final do veículos. Ele é bem dinâmico, o que me agrada bastante, já que me permite aprender sobre uma ampla gama de processos. Minhas principais atividades dentro da empresa são participar dos processos de compras de peças e serviços, o desenvolvimento de projetos para melhoria da linha e o estudo centrado na área da manutenção”, expõe.
A quantidade de aulas práticas é outro perfil do curso que agrada ao estudante Felipe Parma. “Elas são distribuídas uniformemente ao longo do curso para melhor fixação dos conhecimentos adquiridos em disciplinas teóricas”, elogia. Além disso, acrescente ele, existem equipes extracurriculares que contribuem para o desenvolvimento de projetos dos graduandos. “Faço parte, por exemplo, da Valkyrie UAV, grupo voltado para o desenvolvimento de drones. Ele possibilita trabalhar num projeto com alunos de outros cursos em um longo período de tempo”, informa.
Competências comportamentais
Além da concepção da grade curricular obrigatória do curso, a PUC de Campinas, segundo o professor Carneiro, também se atentou à parte de formação de competências, habilidades e atitudes. “É uma preocupação que está no projeto pedagógico desde o início”, afirma. Um dos pontos basilares, explica ele, é o desenvolvimento de trabalhos em equipe, “com os projetos desenvolvidos em grupos mostramos que nunca se resolve nada sozinho ou isolado e mostramos, ao mesmo tempo, a importância das pessoas estarem em boa convivência com a gente”.
A aproximação com as empresas, diz o professor, é uma forma também de desenvolver habilidades para além da parte técnica. “Desde o terceiro ano, os nossos alunos vão estar próximos de empresas com a parte de projetos e com o acompanhamento de tutores. Acreditamos que isso também traz um amadurecimento nessa relação com áreas fora do âmbito escolar”, expõe.
O docente observa, ainda, que está na missão da PUC a formação integral do aluno, que vai desde a parte da formação profissional, mas também a parte de formação cidadã. “Eu realmente espero estar entregando ao mundo, depois de cinco anos, cidadãos que vão nos ajudar a resolver problemas da sociedade e melhorar a qualidade de vida no País.”
Aula remota
Em março de 2020, lembra Carneiro, houve a suspensão das aulas presenciais por causa da pandemia do novo coronavírus. “Foi um impacto grande em todos nós. Eu mesmo achava que voltaríamos em junho daquele mesmo ano”, observa. Para ele, essa situação deixou muito evidente a importância de competências comportamentais, como a resiliência, por exemplo. “Todos ficamos tristes pela perda da convivência presencial, do contato. Estamos mexendo com pessoas e elas precisam dessa convivência, precisam de chances para criar grupos, brigar, discutir, namorar, enfim, fazer tudo que a gente faz dentro da escola e que agora estamos mais de um ano sem fazer e todo mundo está sentindo uma falta. Os alunos até brincam agora que nunca mais reclamarão de ir a uma aula na PUC”, relata.
A situação, informa Carneiro, foi enfrentada da melhor forma possível pela instituição de ensino. “A PUC se reinventou para continuar com as atividades de forma segura e com excelência”, acrescenta.
Marcos Carneiro manda um recado aos alunos: “Conviver com desafios é uma função do engenheiro. Tudo que houve de prejuízo, por exemplo, com a dificuldade das aulas práticas, tudo depois se corre atrás e recupera. O importante é não ficar parado, tocando a vida da melhor forma possível. Acredito que esses jovens vão ter na cabeça bem esse período e saber dar valor a todas as atividades.”
A engenharia mecânica por Felipe Parma
Felipe Parma está com 20 anos de idade e a previsão da sua formação é em dezembro de 2022. Para ele, a sua profissão tem uma relação total com o desenvolvimento e esclarece: “Ao contrário do que muitos pensam, a engenharia mecânica vai muito além do setor automotivo.” Por isso, faz questão de dizer que a carreira que escolheu se relaciona, também, com preservação do meio ambiente, energia renovável, eficiência de processos, segurança, saúde e acessibilidade.
Essa abrangência da engenharia mecânica, explica Parma, já é “percebida durante o curso. Desenvolvemos projetos de acessibilidade para PcDs [pessoas com deficiências] dentro do setor industrial, de reaproveitamento de energia, de próteses para animais, de segurança no trabalho, de automação e segurança residencial, entre outros. Logo que entramos, no primeiro semestre, nos foi proposto que fizéssemos karts elétricos [em substituição ao de combustão] para instigar a busca por conhecimento nesse setor que vem crescendo exponencialmente. Basta estudo e um pouco de criatividade para desenvolver novos produtos, e estes podem impactar a vida de milhões de pessoas”.
Você sabia que o SEESP oferece:
I - Orientação à carreira
O SEESP mantém a área Oportunidades na Engenharia que atende estudantes e profissionais da área na parte de orientação à carreira, com diversas ações, entre elas: atendimento personalizado (serviço exclusivo para estudantes e profissionais associados ao SEESP) com análise de currículo, orientação de LinkedIn, simulação de entrevista, dicas atuais sobre processos seletivos online e presenciais, elaboração de trilha de carreira e de estudo etc. O setor mantém, ainda, plataforma de divulgação de vagas de estágio e outras oportunidades; cadastro de autônomos; conteúdos atualizados sobre mercado de trabalho; noções gerais de redação e português. Para auxiliar estudantes e engenheiros na hora de formatação do currículo, também tem o Mapa da profissão, com informações de legislação, mercado, palavras-chave para cada modalidade da engenharia etc..
II - Associação para os estudantes
O estudante de Engenharia também pode se associar ao SEESP e usufruir de diversos benefícios, inclusive de desconto na mensalidade da faculdade, caso esta seja conveniada ao sindicato. Saiba mais aqui.
III - Núcleo Jovem Engenheiro
Foi criado um espaço bem bacana para os estudantes e recém-formados na área para discutir questões específicas. É o Núcleo Jovem Engenheiro, saiba como participar, clicando aqui.
REFERENCIAL DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA |
Carga mínima - 3.600 horas |
Perfil do egresso - É um profissional de formação generalista, que atua em estudos e em projetos de sistemas mecânicos e térmicos, de estruturas e elementos de máquinas, desde sua concepção, análise e seleção de materiais, até sua fabricação, controle e manutenção, de acordo com as normas técnicas previamente estabelecidas, podendo também participar na coordenação, fiscalização e execução de instalações mecânicas, termodinâmicas e eletromecânicas. Além disso, coordenada e/ou integra grupos de trabalho na solução de problemas de engenharia, englobando aspectos técnicos, econômicos, políticos, sociais, éticos, ambientais e de segurança. Coordena e supervisiona equipes de trabalho, realiza estudos de viabilidade técnico-econômica, executa e fiscaliza obras e serviços técnicos e efetua vistorias, perícias e avaliações, emitindo laudos e pareceres técnicos. Em suas atividades, considera aspectos referentes à ética, à segurança, à segurança e aos impactos ambientais. |
Temas abordados na formação - Atendidos os conteúdos do núcleo básico da Engenharia, os conteúdos profissionalizantes do curso são: Eletricidade Aplicada; Mecânica dos Sólidos; Mecânica dos Fluídos; Projetos Mecânicos; Manutenção Mecânica; Ciência dos Materiais; Metrologia; Sistemas Térmicos e Termodinâmica; Ensaios Mecânicos; Transferência de Calor; Máquinas de Fluxo; Processos de Fabricação; Tecnologia Mecânica; Vibrações e Acústica; Hidráulica e Pneumática; Gestão da Produção; Ergonomia e Segurança do Trabalho. |
Áreas de atuação - Profissional habilitado para trabalhar em indústrias de base (mecânica, metalúrgica, siderúrgica, mineração, petróleo, plásticos e outros) e em indústrias de produtos ao consumidor (alimentos, eletrodomésticos, brinquedos etc.); na produção de veículos; no setor de instalações (geração de energia, refrigeração e climatização etc.); em indústrias que produzem máquinas e equipamentos e em empresas prestadoras de serviços; em institutos e centros de pesquisa, órgãos governamentais, escritórios de consultoria e outros. |
Estágio – Obrigatório (Lei 11.788/2008). |
Legislação pertinente - Lei 5.194/66 que regulamenta o exercício profissional na engenharia. Lei 4.950-A/66 define o piso salarial dos profissionais diplomados em Engenharia. |
Fonte: Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação |