Professor e estudante da Unisanta falam sobre o estudo e a profissão para celebração do Dia do Engenheiro Químico, neste 20 de setembro.
Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia
O Brasil tem mais de 19 mil profissionais de engenharia química, conforme estatística do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). Em 20 de setembro é celebrado o Dia da Engenharia Química, profissional que atua em todas as etapas dos processos de transformação físico-química de materiais, da concepção de novas indústrias à organização, à otimização e ao controle da transformação de materiais nos mais variados produtos. “Podemos citar combustíveis, plásticos, fertilizantes, bebidas, alimentos, medicamentos, cosméticos, tecidos, além de uma infinidade de outros produtos”, exemplifica o professor e coordenador do curso de Engenharia Química da Universidade Santa Cecília (Unisanta), Luis Renato Bastos Lia.
O docente acrescenta que o ofício tem um campo vasto de trabalho em diversos setores – do industrial, comercial ao de serviços. Na indústria, diz Bastos, o profissional pode atuar na elaboração de processos, de projetos, de controle de qualidade e ainda na parte ambiental. O engenheiro químico tem toda a capacitação técnica e rigor científico, diz o professor, “para desenvolver projetos de controle ambiental e atuar em laboratórios ou em centros de pesquisa”.
Ele acrescenta, ainda, trazendo o seu próprio exemplo, que o setor de ensino é também uma possibilidade de trabalho. Formado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com mestrado e doutorado defendido na mesma instituição de ensino, Lia ingressou como professor, em 1985, no curso de Engenharia Mecânica na Unisanta, cujo campus é em Santos, litoral paulista. “Em 1992, fui convidado a fazer parte da equipe que criou o curso de Engenharia Química na instituição. Assumi, inicialmente, em 1993, a chefia do Departamento de Processos e Projetos e, em 1997, o cargo de coordenador”, lembra.
Saber técnico em vendas
Já na área comercial, prossegue o docente, o engenheiro químico também tem um saber técnico que pode contribuir em vendas de grandes empresas, na assistência técnica e no desenvolvimento de marketing para novos produtos e aplicações e ainda tem o setor de perícias e Engenharia de Risco e Engenharia de Dados. Lia explica: “O engenheiro nessa função lidará com a área comercial de grandes empresas e de todos os ramos – do agronegócio, farmacêutico, de alimentos etc. – que exigem informações técnicas do produto ou do processo.”
Para completar o rol de atuação, o professor lembra que o profissional pode atuar de forma autônoma, como empreendedor ou empresário, produzindo bebidas, sabões e detergentes, cosméticos etc..
A graduanda Giovanna Nunes iniciou o curso na Unisanta aos 18 anos de idade, em 2019, e tem consciência de como a futura profissão se relaciona fortemente com a vida das pessoas. “Tudo o que fazemos e transformamos num processo químico, que é sempre muito complexo e rigoroso, terá como destino a sociedade. Por isso, entendo a profissão relevante para o desenvolvimento de um País, sempre com o intuito de trazer inovação ou aperfeiçoamento de processos e produtos que visem o bem-estar”, ressalta a estudante, cuja previsão de formação é em dezembro de 2024.
Nunes já está estagiando e é no Laboratório de Operações Unitárias da própria universidade. No estágio, ela informa que executa diversas atividades, entre elas: coleta e análise de amostras em espectrofotômetro e refratômetro; manuseamento de vidrarias; organização do laboratório; catálogo de livros e obras de Engenharia; planilhas de resultados de experimentos; elaboração de documentos-guia para utilização dos equipamentos; auxílio a mestrandos; e preparação de soluções em tanques. “Estou desenvolvendo muitas habilidades, além das relacionadas diretamente ao meu estudo, relacionadas às relações interpessoais, desenvolvimento da comunicação e entender na prática o que é um trabalho em equipe”, elogia.
A estudante está dando um passo importante para a sua formação, iniciando uma iniciação científica que lhe ajudará a desenvolver atividades na prática da investigação e pesquisa científica. Ela foi aprovada este ano e se debruçará em estudos sobre “o ponto ótimo de alimentação numa solução de sacarose 20% em massa”.
Habilidades técnicas e comportamentais
O docente fala das principais características para ser um bom profissional de engenharia. Inicialmente ter interesse em ciências exatas, diz, mas também precisa ser criativo, ter capacidade de organização e entendimento de que a profissão tem uma relação direta com a sociedade. “Outras habilidades importantes são a capacidade de identificar e resolver problemas, trabalhar em equipe e na gestão de pessoas. Particularmente com relação ao engenheiro químico não pode acomodar-se e precisa estar sempre estudando para se atualizar com as novas tecnologias. Capacidade de comunicação oral e escrita também é uma característica desejável”, relaciona.
Ciente desse cenário, a futura engenheira química se vê, já formada, trabalhando com uma equipe motivada em uma empresa dinâmica onde possa contribuir com suas habilidades, e sempre combinando o lado profissional com um maior aprendizado, tanto o diretamente ligado à profissão como as comportamentais. “Para ser um bom profissional de engenharia química é preciso ter comunicação, motivação, comprometimento, criatividade e flexibilidade”, define. A discente Giovanna Nunes reforça e relaciona as habilidades que considera importantes para o exercício da profissão atualmente: boa comunicação, liderança, criatividade, habilidades de resolução de problemas e trabalho em equipe.
Progresso técnico
Ao longo das mudanças de paradigmas industrial e tecnológico, a engenharia, como um todo, diz Lia, se desenvolveu, com a modalidade da química não foi diferente. Por isso, assevera Nunes, os profissionais da área estão “preparados para otimizar processos existentes e desenvolver novos processos para fabricação de produtos” acompanhando as novas tecnologias da informação, por exemplo.
O docente destaca que a mão de obra da tecnologia tem as competências e habilidades requeridas para profissionais que trabalham com as novas tecnologias, desde a análise de dados, simulação, controle e automação de processos. “Estamos prontos para contribuir com o desenvolvimento sustentável aplicando nossos conhecimentos de controle ambiental e tratamento de efluentes. Somos empreendedores e visamos a criação de novas empresas de pequeno porte com base tecnológica”, estimula Lia. E completa com uma boa frase de efeito feita para o Diretório Acadêmico da Unisanta: “Com uma forte sustentação conceitual nas ciências, somos engenheiros universais. Somos engenheiros químicos.”
A engenharia química, salienta o professor, se harmoniza perfeitamente com o desenvolvimento sustentável, “pois ajudamos a projetar e até operar equipamentos e novas tecnologias de controle ambiental e tratamento de efluentes”.
O projeto pedagógico do curso de Engenharia Química da Unisanta, assegura o docente da instituição, está em constante atualização e atualmente segue as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos cursos de Engenharia publicadas pelo Ministério da Educação, em abril de 2019. “As novas DCNs trazem conceitos atuais como a formação baseada por competências, o foco na prática, a aprendizagem ativa e uma maior flexibilidade na constituição do currículo. Novas disciplinas para o desenvolvimento das habilidades comportamentais, as soft skills, dos alunos foram introduzidas na grade curricular como Gestão de Projetos, Humanidades, Empreendedorismo e Gestão de Pessoas”, explica Luis Renato Bastos Lia.
Você sabia que o SEESP oferece:
I - Orientação à carreira
O SEESP mantém a área Oportunidades na Engenharia que atende estudantes e profissionais da área na parte de orientação à carreira, com diversas ações, entre elas: atendimento personalizado (serviço exclusivo para estudantes e profissionais associados ao SEESP) com análise de currículo, orientação de LinkedIn, simulação de entrevista, dicas atuais sobre processos seletivos online e presenciais, elaboração de trilha de carreira e de estudo etc. O setor mantém, ainda, plataforma de divulgação de vagas de estágio e outras oportunidades; cadastro de autônomos; conteúdos atualizados sobre mercado de trabalho; noções gerais de redação e português. Para auxiliar estudantes e engenheiros na hora de formatação do currículo, também tem o Mapa da profissão, com informações de legislação, mercado, palavras-chave para cada modalidade da engenharia etc..
II - Associação para os estudantes
O estudante de Engenharia também pode se associar ao SEESP e usufruir de diversos benefícios, inclusive de desconto na mensalidade da faculdade, caso esta seja conveniada ao sindicato. Saiba mais aqui.
III - Núcleo Jovem Engenheiro
Foi criado um espaço bem bacana para os estudantes e recém-formados na área para discutir questões específicas. É o Núcleo Jovem Engenheiro, saiba como participar, clicando aqui.
Engenharia Química – Raio-X |
Carga mínima do curso – 3.600 horas |
Estágio – Obrigatório (Lei 11.788/2008) |
Temas abordados na formação - Atendidos os conteúdos do núcleo básico da Engenharia, os conteúdos profissionalizantes do curso de Engenharia Química são: Direito; Legislação; Processos de Transferência de Calor, Massa e Quantidade de Movimento; Termodinâmica e Cinética Química; Reatores Químicos e Bioquímicos; Operações Unitárias; Processos Industriais e Projeto da Indústria Química (Técnico e Econômico). |
Áreas de atuação - Setor industrial, com alimentos, cosméticos, biotecnologia, fertilizantes, fármacos, cimento, papel e celulose; nos setores nuclear, automobilístico, de polímeros, de meio ambiente; nas áreas administrativa e comercial como engenheiro de produto, de processo, de pesquisa e de desenvolvimento; em instituições de pesquisa, em consultorias e no magistério superior. |
Piso profissional – Lei 4.950-A/66. |
Legislação pertinente – Lei 5.194/1966 |
Fonte: Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação |