O entusiasmo de docente e discente da Unitau na celebração ao Dia do Engenheiro Aeronáutico, neste 28 de outubro.
Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia
O Brasil tem 1.280 engenheiros aeronáuticos registrados junto aos conselhos federal e estaduais da categoria (Sistema Confea-Creas): 1.148 homens e 132 mulheres. A grande referência no setor aeronáutico brasileiro é “o genial inventor brasileiro, ‘pai da aviação’, Alberto Santos Dumont”. A justa homenagem quem faz é o professor Pedro Marcelo Alves Ferreira Pinto, diretor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Taubaté (Unitau) e responsável pelos cursos de Engenharia Mecânica, Aeronáutica e Produção Mecânica. O discente Maurício Protti, do 6º semestre do curso da mesma instituição de ensino, diz que a modalidade escolhida lhe traz uma “visão de liberdade”.
A engenharia aeronáutica, historiciza o docente da Unitau, começou a ter uma maior representatividade, no País, em 1941 com a criação do Ministério da Aeronáutica. Em 1950, prossegue ele, o então engenheiro e Marechal do Ar Casemiro Montenegro Filho implantou, em São José dos Campos (SP), o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) que, posteriormente, se transformou no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). “A iniciativa viabilizou uma série de conquistas nas áreas de engenharia aeronáutica e aeroespacial. Outro ponto marcante, na história do setor, foi a criação da Embraer [Empresa Brasileira de Aeronáutica], no final dos anos de 1960 pelo engenheiro e então tenente-coronel Ozires Silva. Hoje a Embraer é a terceira maior fabricante de aeronaves do mundo”, orgulha-se o docente. Segundo ele, todos esses fatos, associados ao alto nível de conhecimento e competência dos engenheiros brasileiros, colocam o País em um patamar de engenharia e desenvolvimento de produtos no setor respeitado mundialmente.
Protti, que ingressou na graduação em 2019, aos 21 anos de idade, e estará formado em 2024, diz que sempre pensou em cursar engenharia e “quis escolher a melhor e mais interessante modalidade no meu ponto de vista. A Aeronáutica sempre me cativou. É uma ‘ciência’ linda, assim como a ‘arte’ de voar. Digo isso de forma simples porque é o meu jeito mesmo, porém, a área envolve muitos cálculos e estudos antes do seu avião decolar do aeroporto rumo a sua viagem”.
Profissão já na prática
A graduação da modalidade da Unitau, informa Ferreira Pinto, teve início em 2006 e é um “dos poucos oferecidos no País”. “O curso está totalmente atualizado, proporciona Certificação Intermediária, possibilitando uma inserção mais rápida no mercado de trabalho ou melhores oportunidades de estágio. Além de contar com um corpo docente formado por doutores e mestres, os alunos têm a oportunidade de participar de projetos acadêmicos e de usufruir de uma infraestrutura com mais de dez laboratórios específicos, incluindo aeronaves reais e Túnel de Vento, bem como de fazer parte da equipe AeroTau Aerodesign, participando de competições nacionais na área aeronáutica e muito mais”, descreve o professor.
O discente avisa que é o capitão da equipe de AeroDesign da AeroTau, desde o ano passado, e se torna loquaz ao falar do projeto: “Agora falamos mais propriamente dito de Aeronáutica, pois uma equipe de AeroDesign é totalmente voltada à prática de aviação. Na equipe realmente construímos uma aeronave, mas, de menor escala, é o que chamamos de aeronave radio-controlada. Essa prática é uma passagem quase que obrigatória dos alunos de aeronáutica, ter participado pelo menos um ano na equipe.”
Segundo Protti, no projeto os estudantes têm contato direto com a dinâmica de desenvolvimento de um avião e as áreas internas da equipe são bem parecidas com as áreas de funcionamento da Embraer, por exemplo. “Na equipe temos oito áreas: Integração de projeto, Aerodinâmica, Projeto Elétrico, Cargas e Aeroelasticidade, Estruturas, Desempenho, Estabilidade e Controle e, Marketing”, relaciona, entusiasmado.
Ele prossegue: “Coloquei todas as áreas para ilustrar a experiência direta em aeronáutica que temos. Ou seja, seguimos o rigor e modelos de perfis e asas utilizados na indústria aeronáutica. Durante o ano, ficamos cerca de três meses no projeto computacional, lendo dados e desenvolvendo o avião com análises nos softwares. Depois de tudo pronto, chegamos ao projeto detalhado e estamos prontos para a construção da aeronave protótipo, depois de voar e fazer os ensaios no avião, ela é validada para a competição, a competição que participamos todos os anos: é a SAE Brasil Aerodesign, que acontece em São José dos Campos, geralmente em outubro.” O projeto constrói em torno de quatro aeronaves por ano.
O projeto, avalia o discente, vai muito além da prática técnica do que se aprende em sala de aula. “Aprendemos muito sobre trabalho em equipe, organização de tarefas e rotinas, a ter disciplina e ainda desenvolvemos liderança e até oratória. É uma experiência sensacional estar em uma equipe de AeroDesign, realmente funciona como um laboratório! Podemos enxergar a dinâmica da gestão da equipe até como uma empresa”, exalta Protti.
Ao final, revela o estudante da Unitau, ver a aeronave concretizada “é fantástico, saber que o avião que você e sua equipe projetaram sai do chão e voa, com algumas cargas que chegam a até dez quilos é uma sensação indescritível de orgulho e realização. É missão cumprida”.
A participação no projeto institucional da universidade é válida como estágio, explica Protti.
Técnica e soft skills
O profissional da área, explica o professor Ferreira Pinto, tem um amplo horizonte de atuação, destacando as áreas de projeto, fabricação e de manutenção de aeronaves, além do gerenciamento de atividades aeronáuticas. “Além disso, tem capacidade para gerenciar obras e serviços ligados à infraestrutura aeronáutica, como o planejamento de linhas e o gerenciamento de tráfego aéreo. Este profissional pode ainda coordenar e supervisionar equipes de trabalho, realizar estudos de viabilidade técnico-econômica, executar e fiscalizar projetos e serviços técnicos, efetuar vistorias, perícias e avaliações, emitindo laudos e pareceres, sem deixar de considerar a ética, a segurança, a legislação e os impactos ambientais de suas atividades”, diz.
Protti ressalva que os valores-chave de qualquer experiência são dedicação, disciplina e organização, “gosto de enfatizar muito as soft skills: capacidade de se comunicar, lógica, criatividade entre outras”. Para ele, uma pessoa disciplinada não significa ser um robô que trabalha e estuda das oito horas da manhã às 18h ou que trabalha o dia inteiro, “acredito que a disciplina tem muito a ver com cumprir deveres, mas se organizando com antecedência”.
O professor da Unitau reforça a avaliação do discente e descreve o profissional da área com “perfil crítico e espírito desafiador, preparado para trabalhar em equipe, ser multidisciplinar, altamente ético, gostar de novos desafios e, sobretudo, sempre pensando no bem-estar, saúde e segurança atuando em sua área atendendo às normas ambientais pré-estabelecidas. E saber trabalhar em equipe, identificar e resolver problemas, ter iniciativas empreendedoras e compromisso com a ética profissional”.
Avanços tecnológicos e sustentabilidade
Para o professor Ferreira Pinto, os avanços tecnológicos na área convergem com a preocupação da sustentabilidade. “A cada dia que passa temos aeronaves mais rápidas, confortáveis, seguras, econômicas, no que diz respeito a consumo de combustível, e menos poluentes”, garante. São fatores, acrescente ele, que refletem o avanço tecnológico e a utilização de ferramentas digitais na elaboração de projetos. “Essas ferramentas garantem uma maior otimização e menor tempo e custo de desenvolvimento. Além disso, são tecnologias que permitem realizar simulações de situações reais reduzindo custos, tempo e principalmente impactos ambientais e preservando a segurança e a saúde de todos”, pontua.
Para tanto, o docente indica que os estudantes e os profissionais precisam ter disposição para autoaprendizagem, domínio de técnicas computacionais, responsabilidade social e ambiental. “Nesse contexto, a Unitau, além de oferecer um curso de qualidade, promove e fomenta a participação em projetos acadêmicos e de extensão, onde é possível estimular e desenvolver características como trabalho em equipe, resolução de problemas além de simular situações reais de projeto, entre outros”, descreve Ferreira Pinto.
O professor
Pedro Marcelo Alves Ferreira Pinto é formado em Engenharia Aeronáutica pela Unitau, mestre pelo ITA e doutorando em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Guaratinguetá. Apesar de ter tido experiência profissional em algumas empresas privadas do setor, atualmente se dedica totalmente à área acadêmica. “Comecei lecionando no curso da Unitau, em 2012. Em 2016, assumi a coordenação do curso onde pude contribuir com a atualização e modernização da graduação”, informa. E completa: “Orientei alguns projetos acadêmicos, como o Aerodesign, que se tornou muito relevante não só para a universidade, mas para a comunidade acadêmica agregando conhecimento, experiência e oportunidades de aplicação de todo conhecimento em um projeto realmente aeronáutico.”
O docente, além das aulas, trabalha em pesquisas junto a outras instituições, “assim me mantenho atualizado e preparado para novos desafios”.
Você sabia que o SEESP oferece:
I - Orientação à carreira
O SEESP mantém a área Oportunidades na Engenharia que atende estudantes e profissionais da área na parte de orientação à carreira, com diversas ações, entre elas: atendimento personalizado (serviço exclusivo para estudantes e profissionais associados ao SEESP) com análise de currículo, orientação de LinkedIn, simulação de entrevista, dicas atuais sobre processos seletivos online e presenciais, elaboração de trilha de carreira e de estudo etc. O setor mantém, ainda, plataforma de divulgação de vagas de estágio e outras oportunidades; cadastro de autônomos; conteúdos atualizados sobre mercado de trabalho; noções gerais de redação e português. Para auxiliar estudantes e engenheiros na hora de formatação do currículo, também tem o Mapa da profissão, com informações de legislação, mercado, palavras-chave para cada modalidade da engenharia etc..
II - Associação para os estudantes
O estudante de Engenharia também pode se associar ao SEESP e usufruir de diversos benefícios, inclusive de desconto na mensalidade da faculdade, caso esta seja conveniada ao sindicato. Saiba mais aqui.
III - Núcleo Jovem Engenheiro
Foi criado um espaço bem bacana para os estudantes e recém-formados na área para discutir questões específicas. É o Núcleo Jovem Engenheiro, saiba como participar, clicando aqui.
Engenharia Aeronáutica – Raio-X |
Objetivo – Atuar no projeto e na manutenção de aeronaves, no gerenciamento de atividades aeroespaciais e na construção de aeronaves. Em sua atividade é responsável por todas as fases de um projeto aeronáutico, incluindo: projeto geral de aeronave; especificação de materiais e componentes; ensaios de componentes estruturais, de componentes aerodinâmicos e de especificação de motores; projeto de sistemas de controle de voo e de simuladores; ensaios em voo; especificação de sistemas eletromecânicos e eletrônicos embarcados e manutenção de aeronaves. Gerencia obras e serviços ligados à infraestrutura aeronáutica, tais como o planejamento de linhas e o gerenciamento de tráfego aéreo. Coordena e supervisiona equipes de trabalho; realiza pesquisa científica e tecnológica e estudos de viabilidade técnico-econômica; executa e fiscaliza obras e serviços técnicos; efetua vistorias, perícias e avaliações, emitindo laudos e pareceres. Em sua atuação, considera a ética, a segurança e os impactos socioambientais. Carga mínimo do curso – 3600h |
Estágio – Obrigatório (Lei 11.788/2008) |
Temas abordados na formação – Eletricidade Aplicada; Mecânica dos Sólidos; Mecânica dos Fluídos; Ciência dos Materiais e Materiais de Construção Aeronáutica; Metrologia; Sistemas Termodinâmicos; Motores de Combustão Interna; Aerodinâmica; Processos de Fabricação Convencionais e não Convencionais; Elementos de Máquinas; Vibrações e Acústica; Hidráulica e Pneumática; Desempenho e Dinâmica de Aeronaves; Elementos Finitos; Instrumentação Aeronáutica; Processos de Fabricação Aeronáutica; Resistência à Fadiga e à Fratura; Dinâmica de Fluídos Computacional; Impacto Ambiental de Atividades Aeronáuticas; Propulsão Aeronáutica; Regulamentação do Tráfego Aéreo; Direito Aeronáutico; Segurança de Voo; Sistemas de Controle de Aeronaves, Projeto e de Aeronaves e Manutenção; Matemática; Física; Química; Ética e Meio Ambiente; Ergonomia e Segurança do Trabalho; Relações Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). |
Ambientes de atuação – Indústria aeroespacial de projetos de aeronaves; na indústria de fabricação de componentes aeronáuticos; em empresas aéreas; em aeroportos e agências certificadoras, na coordenação do tráfego aéreo, na orientação do deslocamento de aeronaves, nas operações de decolagem e de pouso e na segurança dos voos; em empresas e laboratórios de pesquisa científica e tecnológica. Também pode atuar de forma autônoma, em empresa própria ou prestando consultoria. |
Piso salarial – A engenharia, independente da modalidade, é uma profissão que tem piso salarial definido pela Lei 4.950-A/66. |
Com informações da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação |