João Guilherme Vargas Netto*
Considero evidente que a esmagadora maioria do movimento sindical dos trabalhadores brasileiros é contra o presidente Bolsonaro e sua política.
O bolsonarismo lançou apenas raízes no movimento organizado dos caminhoneiros, de alguns profissionais com formação universitária, de trabalhadores em segurança privada, madeireiros e garimpeiros. E só!
Mas a imensa maioria oposicionista precisa permanentemente, vindo das lideranças que a representam, um trabalho de esclarecimento, organização e mobilização no enfrentamento cotidiano de seus problemas em busca da unidade de ação. Sem isto e sem um correlato trabalho de formação de uma plataforma do que precisam, do que querem e de como alcançá-lo, este movimento se manifestará apenas como caudatário de uma orientação político-partidária.
Para que milhões de trabalhadores e de trabalhadoras de forma consciente, maciça e unitária deem apoio às lutas (inclusive eleitorais) para derrotar o bolsonarismo o movimento sindical precisa realizar, em abril de 2022, a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, como já foi indicado unanimemente pelas direções das centrais sindicais. Esta é a grande tarefa sindical do primeiro semestre de 2022.
Quero ressaltar neste artigo o papel fundamental da atitude perseverante na luta dos trabalhadores. O movimento sindical é uma instituição relevante e permanente na justa medida de sua perseverança.
Há exemplos históricos a serem citados: a luta mais que decenal pelo 13º salário, a mais longa greve vitoriosa dos metalúrgicos de São Paulo nos anos 60 da ditadura militar, as dez marchas à Brasília pela política de valorização do salário mínimo e agora a grande vitória do sindicato dos comerciários, de seu departamento jurídico e de seu presidente Ricardo Patah garantindo os salários atrasados e as multas para 58 ex-empregados da falida Mappin vencendo a morosidade da Justiça após 23 anos.
*Consultor sindical