João Guilherme Vargas Netto*
As direções sindicais devem continuar a fazer esforços para botar de pé a campanha nacional e popular contra a carestia. Com isto têm interesse em melhorar as condições de luta nas próximas campanhas salariais, garantindo a relevância dos sindicatos.
É o que farão as direções das centrais sindicais no dia 14 de junho, em frente à sede do Banco Central, na Avenida Paulista, protestando contra os juros altos (que serão anunciados) e contra a carestia, retomando agora uma prática recorrente em anos anteriores (desta vez será distribuída pipoca aos transeuntes).
O duplo protesto facilitará amanhã a luta por reajustes salariais e aumentos reais nas negociações. Alguns dirigentes de federações de trabalhadores vêm tentando antecipar as próprias datas destas negociações preservando a orientação sindical e fugindo do esquentamento da disputa eleitoral.
A conjuntura para a luta dos trabalhadores está crescentemente difícil. A demonstração disto pode ser entendida numericamente com a utilização do índice de miséria, criado nos anos de 1960-70 pelo economista Arthur Okun que somava o índice de desemprego com o índice da inflação; quanto maior o resultado, pior a conjuntura.
Aqui no Brasil os economistas João Saboia, João Hallak Neto e François Roubaud atualizaram tal índice acrescentando aos dois itens originais (mantido o da inflação e substituído o da desocupação pela subutilização da força de trabalho), o rendimento médio da força de trabalho e o nível de inadimplência da população.
A partir de meados de 2020 “há uma disparada atingindo no final de 2021 o valor mais alto de todo o período analisado” (desde 2012). (O artigo foi publicado no Valor do dia 7 de junho e sinto não saber reproduzir o gráfico que o acompanha.)
Nesta conjuntura difícil é essencial garantir a unidade das direções e o empenho em defesa dos interesses dos trabalhadores e da sociedade todos eles agredidos pelos quatro indicadores de miséria cuja resultante é a fome.
*Consultor sindical.