Comunicação SEESP*
A cidade de Campinas (SP) deve ganhar em dois meses um dos mais modernos hospitais do País, que vai realizar 70% de atendimentos para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O Instituto de Otorrinolaringologia & Cirurgia de Cabeça e Pescoço (IOU) será construído com dinheiro oriundo de uma indenização trabalhista coletiva do conhecido caso Shell-Basf.
portal Exame, em meados dos anos 2000, teve início uma série de processos envolvendo a planta química de produção de agrotóxicos da Shell e Basf, que funcionou na cidade de Paulínia, na região de Campinas, de 1972 a 2002. As empresas fizeram um acordo para pagar uma série de indenizações individuais por expor à contaminação trabalhadores pelo período de mais de 30 anos.
Conforme reportagem do
Além dos danos individuais, destaca a reportagem, a Justiça do Trabalho acordou que a Shell/Basf também pagasse uma indenização coletiva. O valor, homologado em 2013 pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), foi de R$ 200 milhões – o maior da história do País, só sendo superado anos mais tarde pelo acordo feito em decorrência do desastre da Vale, em Brumadinho, ocorrido em 2019.
Pouco mais de R$ 50 milhões foram destinados para a construção do instituto conforme explicou ao Exame o médico Agrício Crespo, diretor do IOU e professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O restante, dos R$ 65 totais necessários para a construção, vieram de doações.
"A Justiça do Trabalho fez um concurso de projetos para receber o dinheiro da indenização coletiva. Fizemos um levantamento socioeconômico da região, com os motivos pelo qual o hospital deveria ser construído, quais seriam os benefícios para a população. Havia 84 projetos concorrendo e nós conseguimos. O mais curioso é que do hospital você consegue ver as chaminés da antiga fábrica, que fica a uma distância de 10 quilômetros, mostrando a utilização exemplar do dinheiro", disse Crespo ao portal.
Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT) em Campinas, a proposta do instituto, que terá sede construída em terreno próximo ao Hospital de Clínicas da Unicamp, é atuar de forma integrada com os agentes de saúde da rede estadual, atrelado à comunidade acadêmica e ao corpo clínico da universidade.
O instituto terá dentre os seus objetivos diagnosticar e tratar doenças ocupacionais; avaliar trabalhadores portadores de sequelas de acidentes de trabalho, incluindo a perda auditiva; prestar serviços de prevenção e diagnóstico de doenças da voz a professores da rede pública e outros profissionais da voz; desenvolver o primeiro centro nacional de diagnóstico e tratamento das doenças otorrinolaringológicas relacionadas ao trabalhador; estabelecer o centro nacional de prevenção de acidentes com motoristas de transporte de passageiros e cargas, relacionados aos transtornos do sono; atuar como centro de referência à rede de Ambulatórios Médicos Especializados (AME) do Estado de São Paulo no atendimento de doenças na esfera da otorrinolaringologia, cabeça e pescoço; e desenvolver projetos de pesquisa em parceria com instituições científicas e tecnológicas.
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*Com informações da Exame e MPT.