Soraya Misleh
Depois de nove anos fechado, o Museu Paulista será entregue ao público restaurado e ampliado em celebração ao Bicentenário da Independência (7 de setembro).
Mais conhecido como Museu do Ipiranga, em cujo bairro se localiza, na Capital, este patrimônio cultural e histórico nacional passou por ampla reforma e atualização da estrutura nos últimos três anos. Doze engenheiros e 400 funcionários integraram a equipe multidisciplinar cujas digitais estão impressas no museu renovado.
Confira aqui homenagem da jazz sinfônica aos trabalhadores.
Nesta terça-feira (6/9), a partir das 19h, ocorrerá a cerimônia oficial de reabertura, com a presença exclusivamente de convidados – cerca de 800 personalidades. No ensejo, será descerrada a placa de reinauguração do espaço e haverá discursos de patrocinadores e autoridades, entre eles a diretora do museu, Rosaria Ono, e o reitor da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Gilberto Carlotti Junior, instituição que administra o local. Sua Orquestra Sinfônica (Osusp) interpretará o Hino Nacional em frente ao edifício-monumento, além de composições de Heitor Villa-Lobos.
Já no dia 7, às 11 horas, o Museu Paulista abrirá suas portas apenas para os operários que trabalharam na empreitada e suas famílias, além de estudantes e professores de escolas públicas. O dia 8 marca a abertura ao público, contudo, os ingressos já estão esgotados até 11 de setembro. A visitação é gratuita até dia 6 de novembro próximo, e a oferta de novos ingressos será feita semanalmente pela administração.
Acesse aqui a página do Museu do Ipiranga.
A obra de engenharia
Em setembro de 2021, a reportagem do Jornal do Engenheiro realizou visita guiada pelo engenheiro civil responsável pela obra de restauro e ampliação, Frederico Martinelli, às obras e instalações no Museu Paulista, cuja construção data do século XIX.
Em entrevista ao JE, Martinelli contou que a edificação não incorporou a infraestrutura necessária de atendimento e acolhimento ao público ao ser transformada em museu. Por exemplo, não havia guarda-volumes, banheiro, auditório – que agora tem capacidade de 200 lugares.
A partir do diagnóstico do que precisava ser feito para resolver os problemas estruturais, ele afirmou que “aproveitou-se a oportunidade para fazer algo muito maior, não apenas conservação ou manutenção”.
Na visita guiada, Martinelli mostrou que as obras – cujos investimentos somaram R$ 160 milhões através de parcerias do poder público com a iniciativa privada – incluíram a recuperação de toda a fachada, do piso, da escada e das 450 portas, restauração do prédio histórico, instalação de sistema de detecção e alarme contra incêndio e de sprinkler para combate, iluminação, vidros especiais que filtram a luz solar e reduzem o calor no interior do edifício, além de sistema moderno de para-raios, acessibilidade, recuperação dos jardins.
O museu ganhou ainda um novo pavimento que contará com um mirante. “A ampliação é bastante discreta, semienterrada na parte da esplanada”, explicou o arquiteto Eduardo Ferroni, responsável por esse projeto e pelo de restauro, também à reportagem do JE. A área original tinha cerca de 8 mil metros quadrados e praticamente foi duplicada, funcionando como uma extensão do Parque da Independência.
Rosaria Ono detalhou ainda que as pesquisas para a preservação do patrimônio histórico, incluindo o desenvolvimento de tinta especial para a recuperação da fachada, envolveram diversos laboratórios da USP e especialistas.
Ela destacou a necessidade de se ter corpo técnico multidisciplinar capacitado para atuar de forma permanente na conservação da obra restaurada. Ao encontro da proposta da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e SEESP de garantir Engenharia de Manutenção com dotação orçamentária e equipe próprias em todas as esferas de governo.
Confira aqui a reportagem do JE sobre Engenharia de Manutenção e patrimônio cultural.