Agência Sindical
Em geral, pensa-se em campanha salarial de categorias mais obreiras, como metalúrgicos, construção civil, químicos, comerciários e outras. Mas engenheiro também faz campanha e mobiliza em muitas frentes de negociação. No Estado de São Paulo, entre março e novembro, mais de 30.
“Praticamente, negociamos o ano inteiro”, relata ao jornalista João Franzin, da Agência Sindical, o presidente do SEESP e da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), Murilo Pinheiro.
Há mais de 15 anos, as campanhas são acompanhadas de um seminário inicial, do qual participam a categoria, palestrantes convidados e representantes das maiores empresas, geralmente do setor de RH. Nesse evento, as partes firmam a intenção de buscar acordos via negociação.
O pico das negociações ocorre entre maio e junho, com exatas 30 negociações. Entre as quais, com a CPTM, Cetesb, Embraer, Prefeitura de São Paulo, Cesp, Enel e CPFL. A última deles, em novembro, mobiliza os engenheiros da Usiminas.
Pauta – “Nossa pauta, nesse sentido, é parecida com as dos trabalhadores do setor produtivo. Ou seja, reposição das perdas pelo INPC, aumento real e melhorias”, explica Murilo. Segundo o presidente do sindicato, “várias negociações acontecem diretamente com as empresas, mas outras nós fazemos com os sindicatos patronais ou a própria Fiesp”.
Piso – Por lei de 1966, o engenheiro tem Piso de nove salários mínimos. Essa lei tem uma história interessante, pois havia sido proposta pelo então deputado petebista Almino Afonso. Mesmo com o golpe de 1964, e a cassação de Almino, a lei foi aprovada no Congresso, mas foi vetada por Castelo Branco. E não é que o Congresso Nacional derrubou o veto do ditador?
Ares – Atento às mudanças conjunturais, Murilo observa que a eleição de Lula abriu espaços de diálogo com os segmentos patronais. Porém, problemas gerados pelo descuido com a indústria, como a falta de semicondutores e de chips, têm gerado problemas para o debate das pautas.
Outro problema da atual negociação dos mais de 100 mil engenheiros paulistas, argumenta o dirigente, é a alta taxa de juros, que trava a economia e encarece insumos. Reconhecido por seu otimismo, Murilo diz: “É uma batalha dura, mas acho que não estamos abrindo brechas e vamos conseguir baixar os juros, pra que haja estímulo à produção e aos empregos”.