Jéssica Silva – Comunicação SEESP*
No domingo (28/4), foi realizado na Praça Memorial Vladimir Herzog e Espaço Cultural a Céu Aberto Elifas Andreato, na capital paulista, o “Ato e canto pela vida”. A programação especial do tradicional encontro cultural gastronômico “Todo mundo tem que falar, cantar e comer!” marcou o Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho e Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.
Centrais sindicais, sindicatos, movimentos sociais, representantes do Ministério do Trabalho, Fundacentro, Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e de Estudos e Pesquisas de Saúde e Ambiente de Trabalho (Diesat) organizaram o evento que chamou atenção da população à situação urgente de acidentes e mortes no ambiente laboral.
Marcaram presença na atividade o vice-presidente do SEESP Fernando Palmezan Neto e os diretores José Manoel Teixeira e Nestor Soares Tupinambá.
“O ato provocou reflexões internas no movimento sindical”, disse Carlos Clemente, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região (Sindmetal), referindo-se à organização da atividade, que contou com sete reuniões preparatórias – incluindo uma na sede do SEESP.
A união de mais de 30 instituições na organização do evento resultou em um manifesto lançado no ato, que destaca os principais pontos para se constituir um efetivo sistema de saúde e segurança para os trabalhadores.
“Essa mobilização é um reconhecimento do luto e da luta, [é para] reafirmar nosso compromisso com a luta pela saúde, pela vida”, frisou no início das falas Nilton Freitas, representante regional América Latina e Caribe da Internacional de Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM).
O vereador Eliseu Gabriel (PSB) defendeu as organizações do mundo do trabalho, sindicatos e órgãos que sofreram com o desmonte do setor desde a reforma trabalhista (2017). “O mais impressionante é que não existe fiscalização, nós precisamos trabalhar para ter concurso público, fortalecer o Ministério do Trabalho”, afirmou. Nesse mesmo sentido destacou Marcos Alves de Melo, superintendente regional do trabalho, a importância do aumento de auditores fiscais do trabalho no estado de São Paulo e em todo o País.
A cada 15 segundos uma pessoa no mundo morre devido a um acidente de trabalho; no Brasil, o número equivale a uma morte a cada três horas e meia, conforme apresentou Cleonice Caetano, representante do Fórum das Centrais. “Não queremos que isso continue, queremos conscientizar a sociedade, a classe trabalhadora e a classe patronal, que entenda que um ambiente saudável é um ambiente com mais produtividade”, ela ressaltou.
“Só melhoraremos as condições de trabalho fortalecendo a democracia nas empresas, com participação ativa da Cipa [Comissão Interna de Prevenção de Acidentes]”, atestou o diretor da Fundacentro, Remígio Todeschini. A mudança passa também por investimentos financeiros e de recursos humanos para o Sistema Único de Saúde (SUS), como destacou a diretora do Cerest estadual São Paulo, Simone Alves dos Santos.
Ao final das falas, foi realizada a cerimônia das velas e a arte coletiva árvore da vida, em memória às vítimas de acidentes e mortes no ambiente de trabalho e em luta pela vida dos trabalhadores. A atividade, que foi iniciada com muita música com o grupo "Inimigos do batente", contou ainda com baião de dois no cardápio servido a todos no mote “quem pode, paga. Quem não pode, pega”.
Assista:
*Com informações de Rita Casaro e Coletivo Resistência.