Jessica Silva – Comunicação SEESP
Na tarde da segunda-feira (13/5), aconteceu na sede do SEESP, na capital paulista, palestra com o deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) sobre o Projeto de Lei (PL) dos “combustíveis do futuro”.
Aprovado em março pela Câmara sob a relatoria de Jardim, o PL cria programas nacionais para produção e utilização de diesel verde, combustível sustentável para aviação e de biometano. O texto passou por comissões no Senado ao longo do mês de abril e segue na casa para avaliação.
“É um tema de real importância para todos nós”, ressaltou o presidente do SEESP, Murilo Pinheiro, no início da atividade. Jardim, que é presidente da Frente Parlamentar da Economia Verde, concordou: “o engenheiro é o profissional do desenvolvimento”.
Ele frisou que desde o lançamento do “Cresce Brasil +Engenharia +Desenvolvimento”, em 2006, o SEESP sempre se mostrou uma entidade ativa na construção e contribuição de um país melhor. “Além de lutar pela categoria, tem uma visão de Estado e de País”, falou.
O contexto em que o Brasil dá um passo a mais na busca por soluções e alternativas aos combustíveis de origem fóssil, um dos principais emissores de gases de efeito estufa (GEE), com o projeto combustível do futuro é o de uma corrida e discussão global do tema.
“Vimos no Rio Grande do Sul o que a crise climática já está fazendo”, destacou o parlamentar. O projeto vai ao encontro das premissas de desenvolvimento sustentável presentes no Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) e no Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten). “O Brasil não é o algoz do meio ambiente, já temos matriz energética limpa. O Brasil vai ser vanguarda da economia verde”, expressou Jardim.
Conforme explanou o deputado, o projeto prevê o aumento dos atuais 27% de mistura do etanol na gasolina para 30% a 35%, e o biodiesel no diesel comum para até 25%. “Conseguimos compactuar com as montadoras e fabricantes, isso foi aceito”, frisou.
O biodiesel atualmente já é misturado ao diesel comum, em até 15%. São combustíveis produzidos a partir do óleo vegetal e até do sebo bovino, de acordo com a exposição de Jardim. “Endurecemos no projeto o controle de qualidade e rastreabilidade para dar confiança ao consumidor. Além disso, 20% de tudo deve vir de pequenos produtores”, contou.
O projeto contempla também o uso do biometano, extraído a partir de resíduos orgânicos e em decomposição, como fezes de animais. “É um subproduto do gado e nós somos os maiores exportadores de carne. Se ao invés de emitirmos o gás metano, que é muito danoso à atmosfera, transformarmos em biometano, ganhamos aí uma fonte de energia. É uma revolução”, disse o deputado.
Já os aviões, que, conforme Jardim, são responsáveis por 3% de todo GEE emitido no planeta, serão obrigados a incluírem 1% ao ano de combustível sustentável, o SAF, na sigla em inglês, à querosene, até completar 10% de mistura.
“Falamos ainda na captura e estoque de gás carbônico e muito mais. Isso tudo significa oportunidade de investimento e mercado de trabalho para o engenheiro, que está na tecnologia, na inovação, na logística”, ressaltou Arnaldo Jardim.
Do berço ao túmulo
Durante o debate e respondendo às perguntas dos engenheiros presentes na sede do SEESP, o parlamentar destacou a importância de se pensar em toda cadeia produtiva seja qual for o setor da economia a ser descarbonizado.
“Os veículos eletrificados são uma opção com certeza, mas não podem ser a única. As baterias usadas nesses veículos têm lítio, e isso futuramente pode gerar um problema no descarte”, falou. E ratificou: “A tendência mundial é pensarmos do berço ao túmulo, ou seja, do início ao final da vida útil daquele produto”.
Nesse sentido, o potencial do Brasil na busca pela sustentabilidade é enorme. “O setor sucroalcooleiro tem condição de substituir todo diesel que utiliza por biodiesel produzido de sua própria vinhaça”, exemplificou.
Em sua visão, o País já passou pela transição energética necessária, tendo 90% da energia proveniente de fonte renovável. “A melhor expressão para o Brasil é ‘aprofundamento’ nas fontes de energia limpa. Temos desafios para superar, sobretudo na mobilidade”, disse.
O deputado também frisou, diante das perguntas dos dirigentes do SEESP, a importância da Petrobras assumir a posição de uma empresa de "energia" e não apenas "petrolífera" para a o aprofundamento do uso e exploração da energia limpa no País.