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20/08/2024

Engenharia de Energia: mercado aquecido com busca por sustentabilidade

Soraya Misleh/Comunicação SEESP

 

Atuar em pesquisa, desenvolvimento, inovação, formulação de políticas para o setor, em empresas que produzem e comercializam energia ou combustíveis, bem como em companhias e órgãos públicos na área de projetos para aumento de eficiência energética. Estas são algumas possibilidades no vasto mercado ao engenheiro de energia, conforme o Guia das Engenharias elaborado pela área de Oportunidades na Engenharia do SEESP.

 

Atualmente, há 876 profissionais da modalidade no Brasil registrados no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), dos quais 245 são mulheres. Morgana Escaleira Ribeiro é uma delas.

 

Morgana Escaleira Ribeiro, engenheira de energia: área de atuação ampla. Foto: Acervo pessoal

 

Formada na área pela Universidade Federal do ABC (UFABC) em 2019, com MBA em gestão de projetos pela Universidade de São Paulo (USP) em 2022, nesta entrevista ela aborda sua trajetória profissional, mercado, impactos de seu trabalho para a sociedade e a empresa, inovação e dá dicas para aprimoramento e para jovens mulheres superarem desafios no segmento, entre outras questões.

 

O que a levou a escolher a profissão de engenheira de energia? Por favor, conte sobre sua trajetória profissional até os dias atuais?

Eu brinco que tenho muita sorte, porque acabei escolhendo o curso um pouco “por acaso” e encontrei uma carreira que me alegra e me encanta todos os dias. Eu precisava de uma universidade pública, próxima da minha casa, porque seria inviável me manter em outra cidade e/ou estado. Pesquisando, encontrei a Universidade Federal do ABC (UFABC) e seus cursos. Aí a Engenharia de Energia me conquistou, a ementa me pareceu incrível e pensei que teria um ótimo mercado, porque a “energia move o mundo”. Entrei na faculdade enquanto ainda era recepcionista em uma clínica de terapias. No início do quarto ano da faculdade consegui um estágio para trabalhar com eficiência energética em sistemas de climatização e me mantive na área. Cresci na empresa até me tornar líder do departamento, que duplicou de tamanho, quando saí para um novo desafio, como engenheira de otimização, na Trane, uma empresa líder de soluções para climatização.

 

Quais as áreas de atuação para o engenheiro de energia?

Não sei se existe alguma outra engenharia com tantos tipos de atuação. É possível focar em elétrica, térmicas (meu caso), em geração isolada, geração distribuída, comercialização de energia, eficiência energética, em inúmeras áreas (meu caso também), energias renováveis, cogeração. Hoje, muitas empresas possuem uma área para gestão de energia ou de projetos com eficiência energética, além das empresas focadas/especializadas nisso.

 

Como está o mercado de trabalho para o profissional hoje e quais as perspectivas?

A meu ver o mercado para engenheiros de energia aqueceu nos últimos quatro ou cinco anos. Não era comum visualizar departamentos voltados para energia em empresas de outro segmento, agora é mais comum. E enxergo que seja um caminho sem volta, por questões que envolvem desde custos até metas corporativas e de sustentabilidade.

 

Quais os impactos do seu trabalho nas empresas e sociedade?

Trabalho com eficiência energética e com automação desde que iniciei na área técnica, na engenharia, e são duas áreas que otimizam as operações, financeira, operacional e energeticamente, e são pilares de sustentabilidade. Um sistema de climatização em um hospital, por exemplo, é extremamente importante. É pelo ar-condicionado que são controlados temperatura, pressão e umidade, e um sistema automatizado e eficiente proporciona economias financeiras e energéticas, vai ao encontro disso com métricas de sustentabilidade, possibilita maior segurança operacional e atendimento a normas, entre outras coisas.

 

Quais as inovações na Engenharia de Energia nos últimos dez anos? Se possível, detalhar sobre sua atuação voltada à inovação no agronegócio.

Eu destacaria o avanço fotovoltaico para agroindústria, que tem foco na aplicação da solução para o mercado. O avanço na geração de energia conectada à rede também foi muito importante, porque possibilita a utilização do espaço disponível para gerações, principalmente eólica ou fotovoltaica. E sistemas de irrigação ou bombeamento via energia renovável gerada localmente. De modo geral, diria que os fabricantes de equipamentos têm estado cada vez mais preocupados com equipamentos mais eficientes, que apresentem menores perdas, tanto para execução do trabalho quanto para conversão de energia, e mais opções de aplicação.

 

Poderia destacar seus trabalhos de pesquisa e dar dicas de aprimoramento profissional (por exemplo, cursos, certificações, livros etc.)?

Acredito que os cursos vão depender um pouco da área específica de atuação, mas, de maneira geral, diria que a certificação CEM - Certificado em Gerenciamento de Energia - faz, sempre, muito sentido. Quem quer trabalhar com eficiência energética deve, com certeza, procurar o Protocolo Internacional de Medição e Verificação (PIMVP), material disponível na Internet, e, caso possível, buscar uma certificação na área, CMVP (em Medição e Verificação). Para quem quer trabalhar com automação e/ou climatização, indico as publicações Manual de Água Gelada (volumes 1, 2 e 3), também disponíveis na Internet.

 

Qual o projeto de maior destaque que participou?

Destacaria um retrofit parcial de equipamentos e automação da Central de Água Gelada de um hospital de São Paulo, pela Chamada Pública de Projetos (CPP), do Programa de Eficiência Energética (PEE) da concessionária da região. Foi um projeto todo estruturado na melhor solução para otimização do sistema, com o hospital em plena operação, e com investimento em hospital público a fundo perdido. Esse tipo de projeto tem foco em eficiência energética, mas traz também segurança operacional, otimização na vida útil dos equipamentos e tem um impacto social muito grande. 

 

Como mulher, enfrentou ou enfrenta algum tipo de discriminação ao longo de sua carreira ou pela escolha da profissão? Quais as dicas para superar desafios, sobretudo a jovens profissionais?

Não posso dizer que tive problemas, porque acredito que lidei muito bem com as situações que me aconteceram. Acho que, como mulheres, temos que lutar sempre um pouquinho mais para mostrar “a que viemos”. Então já passei pelas situações de “você faz a ata?” em reuniões com clientes, mesmo sendo a única engenheira da mesa e tendo a sensação de acabar de passar por um momento de discriminação. Mas diria que precisamos nos posicionar e seguir em frente, porque é possível mostrar o valor absurdo do nosso trabalho. Enxergo que o número de mulheres na área tem aumentado, e temos nos posicionado cada vez melhor no mercado.

 

 

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