Lendo ali, acolá, em tempos de eleição pensei que os produtores poderiam lançar uma nova sigla, para lutar por suas necessidades, o PPD (Produzir, Preservar para quem tem o Dom). Ultimamente, tenho visto diversas discussões relacionadas ao campo, código florestal, plano safra 2012/2013, agrotóxicos no leite materno, resíduos em alimentos, desmatamento, sequestro de CO2, na maioria das vezes pautadas pela emoção, pouca ciência e o pior: muito pouco de razão. Acredito que isso seja cultural, oriunda de nossa cultura antepassada. Mas, em algum momento, teremos que mudar os nossos hábitos que discriminam o nosso maior bem. Lembre-se: o produtor rural vem fazendo isto há bastante tempo.
Temos muitos exemplos: o plantio direto, a preservação de grande parte do nosso meio ambiente, a maior economia verde do mundo, e ainda tem gente que a chama de economia marrom, onde estamos? Particularmente, o produtor tem buscado melhorar seu desempenho. Um processo que tem se difundido muito é a certificação, ou seja, o controle total de suas atividades tanto do ponto de vista social, ambiental e de boas práticas. O que isso significa? Que o consumidor está exigindo este processo e que não tem volta. Temos alguns exemplos como cana de açúcar, mamão, uva, morango, soja, laranja entre outras. Estive recentemente participando de algumas discussões em São Paulo, nos planos de governos municipais, onde um dos pontos discutidos é exatamente este. E a pergunta que deve ser respondida é a seguinte: como podemos ajudar os produtores a certificar-se? Tarefa aparentemente fácil, um agrônomo ou veterinários ou técnicos agrícolas podem fazer isso, certo ou errado? Errado: do ponto de vista operacional. Já do ponto de vista técnico: sem problemas. Eles são capazes e competentes. No entanto, os entraves são enormes, poucos têm conhecimento das metodologias. Os supermercados exigem a certificação, porém não mostram o caminho aos produtores. Seria função deles? As cooperativas tentam, mas seu foco mudou, nem sempre tem foco em assistência, as revendas no mesmo caminho, as indústrias fazem educação, porém pode e deve fazer mais, e o governo, ah governo, o que está fazendo?
Todas essas questões são difíceis de serem respondidas, talvez pela falta de estrutura de assistência técnica do governo que realmente está sucateada em quase todo o país. Sinceramente, se não criarmos um sistema onde todos possam ajudar-se, teremos uma dificuldade enorme em chegar à certificação, processo que irá garantir definitivamente a segurança alimentar dos brasileiros. Isso não quer dizer que não tenhamos, mas acredito que todas as donas de casa gostariam de saber onde, de onde e como são produzidos os alimentos. Tudo isso, sem dúvidas, sem notícias alarmantes, que expõem o Brasil aos nossos concorrentes. Em muitas vezes, desnecessariamente.
Alguns municípios já estão pensando nisto e com certeza serão pioneiros. Além de produzir para a sua população, saberão quais alimentos produzem e a sua origem. Tudo isso pensando em você: consumidor. Tarefa difícil ou fácil? Imagino que seja difícil, mas como disse anteriormente: se trabalharmos como os "jipeiros nas trilhas", onde todos se ajudam mutuamente, certamente nossa tarefa será menos árdua. Lembrem-se: o melhor está por vir!
* Por José Annes Marinho, engenheiro agrônomo, gerente de Educação da Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal)
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