Até a tarde da última sexta-feira, 3 de agosto, o Brasil, com apenas uma medalha de ouro, ocupava o 20º lugar na Olimpíada de Londres. Posição modesta para o país que sediará a próxima edição dos jogos, em 2016, no Rio de Janeiro. No tocante aos esportes, continuamos patinando nos mesmos erros de décadas atrás. O principal equívoco é insistir no discurso sobre a necessidade de mais apoio às modalidades com pouco apelo popular e midiático. Nem aqui e nem na China, que ocupava a primeira posição quando fechei este artigo, as empresas investem em patrocínio em algo que não lhes proporcione retorno comercial, marketing e visibilidade.
Assim, é descabido e infrutífero o discurso em tom de cobrança com os setores empresariais, como se expiassem o pecado capital de nosso modesto acervo de medalhas. Estamos falando de negócios, e é sob esse prisma que o esporte tem de ser analisado, gerido e potencializado. Obviamente, são muito importantes as iniciativas empresariais de apoio a atletas, mas essa ação de responsabilidade social não é suficiente para nos transformar em potência olímpica. Tal objetivo somente será alcançado com programas específicos nas escolas do Ensino Fundamental e do Básico e nas universidades. Acabo de visitar várias destas instituições nos Estados Unidos. Todas, sem exceção, de Stanford a San Diego, ou as de negócios, como a Babson e Bentley, ostentam com orgulho seus heróis esportivos nos murais da fama.
Lugar de atleta (e de todos os jovens, aliás...) é na escola. É assim que os chineses, norte-americanos, sul-coreanos, britânicos, russos e alguns outros povos tornaram-se grandes vencedores nos Jogos Olímpicos. A lacuna atlética em nosso sistema educacional revela seus gargalos quanto à qualidade. Não basta oferecer vagas a todos os que procuram o ensino público. É preciso avançar na qualidade, e isso implica não só o conteúdo curricular e a excelência pedagógica, mas também a preparação para a vida, a sociabilização, hábitos saudáveis e saúde preventiva, para os quais o esporte é elemento de grande importância.
Na economia altamente competitiva na qual vivemos, não se pode exigir das empresas que invistam mais do que podem em modalidades esportivas que não lhes trarão retorno. Assim, para que o Brasil não tenha destaque internacional apenas em esportes como futebol e vôlei e em casos isolados inerentes a patrocínios esparsos e ao esforço pessoal de um ou outro atleta, é necessário qualificar nosso processo educacional.
Precisamos fazer uma grande mudança na educação, conscientes de seu papel essencial em nosso projeto de desenvolvimento. Houve inegáveis avanços neste século, com a oferta de vagas para todos no Ensino Fundamental e no Médio e ampliação do acesso de estudantes de baixa renda a boas universidades, em programas como o ProUni, que concede bolsas de estudos, e Fies, de financiamento das anuidades escolares. A prioridade, agora, é a qualidade em todo o sistema e a ampliação dos dois projetos de acessibilidade.
Se fizermos isso daqui até 2016, teremos conquistado uma gigantesca vitória na Olimpíada do Rio de Janeiro. Não me refiro ao número de medalhas, mas à capacitação das novas gerações para promover um salto de prosperidade, desenvolvimento e justiça social. Subir ao pódio será mera e gratificante consequência!
* por Antoninho Marmo Trevisan, presidente da Trevisan Escola de Negócios, é membro do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República
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