Depois de muitas reivindicações por parte de representantes da indústria, das empresas transportadoras de cargas e dos trabalhadores, o governo do Estado de São Paulo demonstrou sensibilidade ao antecipar o anúncio das obras que deverão dar uma solução a um gargalo logístico que há duas décadas prejudica o trânsito na região de Cubatão, na Baixada Santista, e que, nos dias de hoje, forma um quadro caótico.
Trata-se do cruzamento na interligação da rodovia Cônego Domênico Rangoni com o quilômetro 55 da via Anchieta, onde ocorrem congestionamentos diários, prejudicando o acesso de trabalhadores e cargas às indústrias. Para resolver essa questão, o governo do Estado anunciou a destinação de R$ 328 milhões e, mais importante, que as obras deverão começar em outubro de 2012 e estarão concluídas em 24 meses.
Com a ampliação da capacidade viária daquele trecho, a expectativa é que sejam eliminados esses pontos de congestionamento, embora não se possa pecar por excesso de otimismo, já que por ali trafegam diariamente 100 mil veículos pesados e leves e a tendência é que esse número cresça aceleradamente nos próximos anos. Além disso, a curto prazo, não existe a menor possibilidade de que a matriz de transporte do Estado se torne mais equilibrada, com o crescimento da utilização dos modais ferroviário e hidroviário.
Seja como for, o viaduto Luiz Camargo da Fonseca e Silva, que permite o acesso da rodovia Cônego Domênico Rangoni ao quilômetro 55 da via Anchieta, será ampliado, passando a ter 900 metros de extensão, com um novo anel viário. Além disso, haverá a construção de faixa adicional à rodovia Cônego Domênico Rangoni ao longo de oito quilômetros em ambos os lados do trecho entre a via Anchieta e o viaduto Cosipão, em frente à Usiminas, antiga Cosipa. Ou seja, serão abertos 16 quilômetros de terceira faixa – oito por sentido –, somente nesse trecho.
Também será implantada uma faixa operacional reversível para o tráfego sempre que necessário, entre o quilômetro 270 e o quilômetro 274 da rodovia padre Manuel da Nóbegra (SP-55). O projeto prevê a implantação de faixas adicionais no trecho do entroncamento com a via Anchieta (quilômetro 270) até o Polo Industrial de Cubatão (quilômetro 272), o que ampliará sobremaneira a capacidade da via. O projeto prevê ainda ciclovia e novas travessias para pedestres.
Com essas obras, mais a quinta faixa no trecho de planalto da rodovia dos Imigrantes, já em andamento, e, finalmente, a concretização da chamada ligação seca entre Santos e Guarujá, é de imaginar que haverá maior fluidez ao acesso à Baixada Santista, embora não se possa garantir a solução de vez de todos os problemas.
É de lembrar, porém, que as obras anunciadas só poderão ter início depois de concluídos os processos de licenciamento ambiental, que costumam demorar além do previsto. De qualquer modo, só a decisão do governo do Estado de antecipar seus planos para tentar dar início às obras ainda neste ano já é um acontecimento a comemorar, pois investimentos em rodovias são essenciais para que a logística de transporte possa acompanhar o crescimento da movimentação do Porto.
* por Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC)