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05/09/2012

Empreendedorismo brasileiro não se reflete no setor de inovação

Se no Brasil qualquer empreendedor encontra condições adversas para iniciar um negócio, no caso das pequenas empresas de base tecnológica as dificuldades são ainda maiores. Enquanto isso, as grandes empresas têm dificuldade para utilizar de fato as leis que estimulam a inovação. Por essas razões a atividade do setor privado em pesquisa e desenvolvimento ainda é extremamente tímida no Brasil.

A análise foi feita pelo diretor do ITV (Instituto Tecnológico Vale), Luiz Eugênio Mello, no 1º Encontro Preparatório para o Fórum Mundial de Ciência 2013, realizado na sede da Fafesp, no dia 31 de agosto último.

Mello, que é professor titular da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), afirmou que o empreendedor brasileiro encontra condições extremamente hostis. Para abrir uma empresa no país, por exemplo, gastam-se em média 119 dias, contra 38 na China, 30 na Rússia, 29 na Índia, 15 na Alemanha e seis no Canadá. O fechamento de uma empresa no país consome, em média, dez anos.

“Nada disso impede que o brasileiro tenha um perfil fortemente empreendedor. Só que o empreendedorismo que temos aqui não está associado com a dimensão que o país precisa. É voltado principalmente para serviços, enquanto o que precisamos são novas empresas de base tecnológica”, disse Mello à Agência Fapesp.

Quando o empreendedor abre uma pousada, uma padaria ou um lava-rápido, segundo Mello, ele tem acesso à experiência de outras empresas, conhece o mercado, a demanda e o perfil do consumidor. Tudo isso diminui o grau de incerteza do empreendedor, que se dispõe a enfrentar as enormes dificuldades do ambiente empresarial brasileiro.

“Mas quando se trata de tocar um negócio absolutamente novo, que nunca foi feito por ninguém, com alto grau de incerteza – o que é inerente à inovação – o empreendedor fica desestimulado. São muitos problemas, que não têm o efeito aditivo de uma soma simples, mas têm efeitos multiplicativos exponenciais. Cria-se então uma barreira que se torna quase intransponível. Ainda assim o Brasil tem um empreendedorismo na área tecnológica, mas ele fica muito aquém do que desejaríamos”, disse.

Enquanto isso, segundo Mello, as grandes empresas lidam com outros problemas: elas não conseguem se beneficiar de recursos que são viabilizados pela Lei do Bem e pela Lei de Inovação. “São leis muito boas, mas que precisam ser aperfeiçoadas. Na prática, o número de incertezas e insegurança que envolvem essas leis é tão grande que as empresas não as utilizam”, disse.

Segundo Mello, um levantamento feito pela Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras) estimou que, das cerca de 300 mil empresas que existem no Brasil, entre 600 e 900 utilizam a “Lei do Bem”.

“É muito pouco. Certamente isso não acontece porque as empresas não estão interessadas em receber dinheiro de volta. Elas não usam esses recursos porque a lei ainda não é suficientemente clara e carece de aperfeiçoamentos. Acho que o país vive um novo momento, mas o caminho que temos pela frente é muito longo”, disse.

Imprensa – SEESP
Informação Agência Fapesp



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