Com essa máxima sobre o famoso “gás carbônico” o físico Luiz Carlos Baldicero Molion, diretor do Departamento de Clima da Universidade Federal de Alagoas, agitou a segunda plenária do VI EcoSP – Encontro Ambiental de São Paulo, promovido pelo SEESP e FNE (Federação Nacional dos Engenheiros), cujo término é nesta terça-feira (13/11). Ele discorreu, no primeiro dia do evento, nesta segunda-feira, sobre um tema polêmico, “Aquecimento global: mito ou realidade?”. Ao apresentar dados e números históricos, inclusive de séculos passados, mostrou que os fenômenos naturais e climáticos que ocorrem no mundo atual são cíclicos. “O clima varia por causas naturais. Eventos extremos sempre ocorreram, com o clima frio ou quente. O que precisamos é de previsão e adaptação”, explicou para um público formado, na sua grande maioria, por estudantes universitários de várias cidades paulistas.
* Veja aqui as fotos deste debate
* Veja aqui a programação completa da VI EcoSP
Molion, polêmico por sua tese de que o planeta não caminha para um aquecimento, mas para um esfriamento, garante que o CO² não é vilão, ao contrário, é o gás da vida, e quem o controla não é o homem, mas os oceanos. O efeito estufa, indica, como descrito na literatura contemporânea, nunca foi provado cientificamente. E pergunta: “por que toda essa pressão para reduzir as emissões de carbono?”. Ele mesmo responde: por causa de interesses econômicos. Segundo o físico, é uma forma de manter os países em desenvolvimento sempre nesse estágio para não fazer frente às economias mais avançadas. “Por isso sofremos diariamente uma ´lavagem cerebral´. O homem não tem a capacidade de mudar o clima global, apenas o microclima.”
Para balizar sua tese, apresenta a ocorrência de fenômenos extremos climáticos no mundo, como grandes secas, ondas de calor e nevascas. Entre 1877 e 1879, no Nordeste, uma grande seca matou mais de 500 mil brasileiros, e mais de cinco milhões de asiáticos. Em 1896, os EUA sofreram com ondas de calor e, em 1900, com um grande furacão.
Desenvolvimento durável
As cidades atuais concentram uma grande parte dos habitantes da Terra, locais cobertos de asfalto e concreto, onde existe pouca água para evaporar. “Hoje o mundo tem mais gente para morrer. E as pessoas estão morando em áreas de risco. É esse microclima que estamos mudando”, ensina.
Molion acredita que o termo “sustentabilidade” é incorreto, porque passa a ideia de algo que não acabará nunca, por isso prefere o termo “desenvolvimento durável, que dure o suficiente para conseguirmos ter novas tecnologias”. E continua: “acho que o problema da sociedade atual não é a fome. Thomas Robert Malthus [economista britânico], em 1798, cometeu o mesmo erro, alertando os governantes que a população crescia exponencialmente e a produção agrícola linearmente, mas ele se esqueceu de levar em conta a tecnologia. Eventualmente, num prazo mais logo, se não fizermos um esforço de conservar o ambiente, de reciclar material, consumir menos energia, vamos ter um problema que será o desaparecimento como um todo da espécie humana.” Alertando que mais três sociedades com igual forma de consumo como a dos EUA acabaria com o mundo.
Ainda na mesa coordenada pelo diretor do SEESP, Jayme de Oliveira Bezerra Nunes, o gerente de Sustentabilidade e Comunicação Externa do Grupo Camargo Corrêa, Kalil Farran, apresentou programas e processos que mostram a grande reflexão que a construtora tem feito sobre a sustentabilidade. Para ele, a sociedade, que antes era passiva e conformista, deixando-se ser guiada, atualmente tem um papel de participação irreversível. “A partir do ano 2000, ela deixa de confiar apenas, e passa a querer participar”, observa, acrescentando que não existem empresas bem-sucedidas em sociedades que fracassam.
Farran diz que a Camargo Corrêa, assim como outros negócios, não é mais contratada para construir uma obra, “somos agentes de desenvolvimento. Nesse novo empreendimento todo mundo tem de ganhar”.
Com essa nova filosofia empresarial, Farran afirma que a sua empresa adota vários procedimentos de gestão social e meio ambiente, como conhecer os lugares onde vai realizar uma obra, fazer um diagnóstico integrado na área sócio-ambiental, levantar organizações e lideranças sociais que tenham influência no local. No entanto, destaca, a empresa não faz isso porque é boazinha, mas porque a não percepção dessas questões pode trazer impacto direto sobre custos e cronogramas. Ele citou o caso da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (Rondônia), onde um movimento que envolveu cerca de 10 mil operários, em 2011, paralisou a obra por vários dias e trouxe muitas incertezas sobre a sua continuidade.
O VI EcoSP, que acontece no Complexo Parque Anhembi, na Capital paulista, prossegue nesta terça-feira (13/11) com os seguintes debates:
09h05 – Limites do crescimento e o mundo em 2052
09h55 – Questões ambientais da implantação do Rodoanel
14h00 – Reciclagem de alimentos: compostagem
14h45 – Controle biológico de pragas
16h30 – Gerenciamento de áreas contaminadas
17h15 – A próxima geração de engenheiros: inovação e sustentabilidade
* Veja aqui a apresentação de Luiz Carlos Baldicero Molion
* Veja aqui a apresentação de Kalil Farran
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa - SEESP