Nos últimos anos sua figura com o inseparável chapéu Panamá era inconfundível. Protegido do sol, seu cérebro vivia fervilhando com novas ideias e projetos. A agitação intelectual era sua marca registrada e o acompanhou por toda a vida, desde os tempos do Colégio São Luís e depois na Engenharia do Mackenzie. Ali, nos primeiros anos, foi diretor da Fupe, a Federação Universitária Paulista de Esportes.
Em 1964 e nos anos que se seguiram, participou do movimento estudantil na luta pela democracia. Já engenheiro civil em 1969, foi para a Escola de Engenharia de São Carlos como professor de Estruturas Metálicas, onde ficou até 1973. Ainda em 1971, convidado, veio trabalhar na recém-criada Companhia do Metrô de São Paulo onde ocupou vários cargos técnicos na área de projetos até 1988. Foi considerado sempre um dos engenheiros mais brilhantes do quadro do Metrô. Na mesma época, teve atuação fundamental na criação da categoria dos metroviários e de seu sindicato, do qual foi dirigente.
De 1989 a 1992, trabalhou na gestão Luiza Erundina na Prefeitura de São Paulo. Foi diretor de obras da Emurb, chefe de gabinete e secretário de Vias Públicas, diretor de planejamento e projetos da CET e diretor de engenharia da extinta CMTC.
Em 1993, com amigos criou a OPUS – Oficina de Projetos Urbanos –, onde atuou nos últimos 20 anos como seu diretor e engenheiro.
Especialista da área de transporte, trânsito e mobilidade urbana, carinhosamente ele se denominava como “transporteiro”. Foi colaborador da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP), proferindo palestras e participando dos debates, principalmente, dos projetos de implantação de corredores de média capacidade.
O atributo principal de sua vida profissional, a nosso juízo, era o elevado espírito público. Sua mente brilhante pensava os velhos problemas e apontava novas soluções que beneficiassem a população usuária de transporte público.
Foi um grande colaborador e entusiasta do projeto desenvolvido pela FNE, o “Cresce Brasil +Engenharia +Desenvolvimento”.
Lobo era alegre, cheio de vida, adorava uma boa polêmica e tinha uma multidão de amigos. Era admirado mesmo por aqueles com quem brigou durante sua trajetória profissional. Amava as mulheres. Foi casado três vezes até encontrar sua Suseli, com quem viveu uma história de muito amor até o dia de sua morte. Deixou dois filhos do segundo casamento – Affonso e Thiago – e Rebeca, de sua união com Suse. Torcedor fanático do São Paulo foi cremado ao som do hino de seu time e sob aplausos dos amigos no crematório da Vila Alpina no último dia 4 de maio.
* Artigo escrito pelos arquitetos José Vitor S. Couto e Roberto Ezell Mac Fadden e pelo engenheiro Edílson Reis