Muito ouço, principalmente dos governos, tanto municipais, estaduais ou federal, sobre a criação crescente de novos encargos e aumento das despesas. Ocorre que quase que ilimitadamente esses são debitados à iniciativa privada na forma de impostos. Isso porque muitas vezes geram aumento de custos, nem sempre repassados ao consumidor em razão da concorrência de mercado. Assim, quem paga a conta ao final são as empresas privadas.
A verdade é que a grande razão desses aumentos de encargos geralmente são interesses meramente político-partidários, em geral com o objetivo de gerar empregos aos cabos eleitorais, cujo compromisso é exclusivamente com eleições e com a permanência no poder de quem lá já está. Também deve ser levado em conta o aumento do custeio do Estado com outros poderes públicos que não a administração direta e que servem justamente para fiscalizar o Executivo. Ocorre que essas mesmas administrações a cada dia aumentam seus espaços físicos através de construções portentosas, luxuosas, verdadeiras obras faraônicas, acima da necessidade do poder público e, é claro, sempre pagas com dinheiro do contribuinte. Para completar, tudo acontece sem fiscalização, sem prestação de contas aos órgãos específicos para tal.
Enquanto isso, a população brasileira sofre com a falta de hospitais, postos de saúde, profissionais da área médica em quantidade suficiente, escolas com qualidade para receber seus filhos, segurança pública, moradia e tantos outros princípios básicos previstos pela Constituição que não são cumpridos.
A recuperação da economia seria um grande trunfo dos engenheiros, principalmente por possibilitar o aquecimento da construção civil e de tantas outras áreas que envolvem a nossa profissão, resultando no crescimento do País. Mas de que adianta qualquer aceno de melhores dias quando o próprio poder público não age de forma efetiva para promover o crescimento de forma sustentável e criando oportunidades de trabalho dignas para todos, com fiscalização estrita,com responsabilidade e preocupação com as gerações futuras?
Ninguém ignora ser injusto que a iniciativa privada (e por consequência, os trabalhadores) arque com o ônus de interesses públicos. Não estaria na hora de o governo reduzir tributos? O que está é na hora de os sindicatos, principalmente os de categorias diferenciadas, pronunciarem-se publicamente sobre isso. Temos independência e liderança para propor uma discussão de alto nível e relevância e certamente esse é, também, nosso papel perante a sociedade.
* por José Carlos Rauen – Presidente do Senge Santa Catarina - Artigo publicado originalmente no jornal "Engenheiro", da FNE, Edição 132/MAI/2013