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17/07/2013

Requalificar em vez de importar, defende presidente da FNE

Em meio às discussões sobre a vinda de médicos estrangeiros para o Brasil, outra categoria de profissionais também enfrenta o mesmo dilema. A preocupação com falta de engenheiros qualificados no Brasil não é recente. Diante da perspectiva de recuperação da economia, apesar do atual quadro de baixo crescimento, a tendência é que a demanda aumente cada vez mais, principalmente no setor de construção civil. Porém, engana-se quem pensa em investir na importação de mão de obra. Isso se limitaria a resolver o problema de forma paliativa e não nos deixaria nenhum legado. A nossa proposta é bem diferente e diz respeito à mudança de paradigmas, colocando a questão tecnológica como prioridade.

Desde 2006, a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) vem alertando para a necessidade de se garantir a oferta adequada de mão de obra qualificada, apta a operar um novo sistema de desenvolvimento. Com a retomada do crescimento registrada em 2007, as empresas passaram a acusar a escassez desses profissionais em setores como construção civil, que teve forte reaquecimento nos últimos anos, naval, revivido mais recentemente, e petróleo e gás, no qual as perspectivas são muito otimistas. Mais que um problema, esse cenário constitui-se em oportunidade fundamental de assegurar a colocação e a recolocação no mercado de trabalho dos engenheiros que saem das universidades.

Com a projeção internacional dos últimos anos, nosso país foi incluído entre os Bric’s (Brasil, Rússia, Índia e China), grupo criado em 2002 em referência aos quatro maiores mercados emergentes do mundo. No entanto, dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação colocam o Brasil abaixo da média das outras nações do grupo, quando o assunto é o número de novos engenheiros formados por ano.

Dos Bric’s, o Brasil é o que menos forma engenheiros por ano. São cerca de 42 mil, segundo dados de 2011 do Ministério da Educação. Proporcionalmente, no Brasil temos 4.524 habitantes para cada engenheiro formado no país. Enquanto na Rússia a proporção é de um engenheiro para 747 habitantes e na China um engenheiro para 2 mil pessoas.

Em relação a esses países, os números mostram que estamos muito atrasados ao se comparar a porcentagem de engenheiros formados em relação ao total de alunos que concluem cursos nas universidades.

Longe de ser um problema a se lamentar, a atual demanda por engenheiros é um desafio que a sociedade brasileira deve enfrentar com otimismo e determinação. É preciso recuperar esse prejuízo, lançando mão de todas as possibilidades: tanto requalificar os profissionais disponíveis, mas à margem do mercado, quanto garantir que mais jovens ingressem nos cursos voltados às áreas tecnológicas, assegurando a formação de qualidade.

Pensando nisso, a FNE apoia a criação do Instituto Superior de Inovação Tecnológica (Isitec), uma iniciativa do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Seesp), que deve receber a primeira turma de graduação, no curso de Engenharia de Inovação, em 2014, após o credenciamento do Ministério da Educação (MEC). A proposta é graduar profissionais com sólida formação básica, educados numa cultura de inovação, aptos a buscar soluções aos desafios do setor produtivo para atuar nos mais diversos segmentos da economia.

É preciso que o setor produtivo, governo, entidades de classe e academia empenhem esforços para garantir que os recursos humanos disponíveis no Brasil sejam aproveitados. O crescimento econômico deve cumprir o papel primordial de trazer melhores condições de vida à população, o que inclui empregar seus trabalhadores. Entre todas as soluções para sanar eventual dificuldade de preencher uma vaga, a pior e que deve ser descartada é a importação de mão de obra.

* por Murilo Celso de Campos Pinheiro é engenheiro eletricista e presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e do SEESP. Artigo publicado originalmente no site Congresso em Foco




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Comentários  
# Um investimento necessáriouriel villas boas 26-07-2013 16:07
As noticias sobre a Coréia do Sul apontam que esse pequeno pais asiático, nos idos de 60, investiu muito na formação de profissionais de alto gabarito. E a área da engenharia teve muito destaque. E por sua vez, colocou aquela pequena nação num outro patamar.O Brasil não pode improvisar ações entre as quais a formação de número insuficiente de profissionais, como no caso da Engenharia. E mais, é por demais importante que as iniciativas nesse campo não se limitem a propostas isoladas, mas sobretudo, ao envolvimento de quem tem propostas e sobretudo, as formas de encaminhamentos .
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# Eng.Martus 25-07-2013 11:06
As empresas acostumaram-se a pagar pouco por seus colaboradores, e quando precisam de profissionais como uma formação mais completa para atividades mais complexas como os engenheiros, resistem a pagar mais. Pagando mais, aparecerão bons engenheiros que hoje trabalham em bancos, em gerência comercial/venda s porque simplesmente ganham bem mais nestas atividades.
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# Falta de EngenheirosValdir Almeida 25-07-2013 09:09
Eu acho que eu vivo em outro país dentro do Brasil.
Tenho certeza que há falta de engenheiros.
Agora temos que concordar, as empresas contratantes querem os profissionais de determinadas faculdades ou universidades, isto que não é possível de atender as demandas do mercado.
Para mim a solução não é criar outro órgão para capacitar os engenheiros e sim fazer com que outras existentes tenham melhor qualidade.
Sou engenheiro aposentado mais por exigências descabidas do mercado do que por vontade.
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