A categoria dos engenheiros no Estado de São Paulo perdeu, no dia 16 último, Manlio Moretto, morto aos 96 anos de idade. Formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), em 1942, e filho de imigrantes italianos, começou a trabalhar na antiga Ligth. Apaixonado por desenho e pintura desde a infância, realizou suas primeiras incursões artísticas em 1953, registrando paisagens do Brasil.
Foto: Cedoc/RAC
Amante da pintura desde criança, com a aposentadoria encontrou mais tempo
para se dedicar à técnica do óleo
Em dezembro de 2001, o Jornal do Engenheiro (JE), do sindicato, prestou uma homenagem a Moretto, que há 16 anos morava em Campinas e mantinha contato com os integrantes da Delegacia Sindical do SEESP daquela cidade. A seguir, reproduzimos a reportagem do JE:
“Paulistano, descendente de italianos, Moretto está há três anos em Campinas, onde tem seu ateliê, carinhosamente batizado de “Officina D´Arte La Pattumiera”, ou “A lixeira”. Fazendo jus ao nome, além de centenas de telas, desenhos e croquis, o espaço no fundo da casa onde mora com uma das filhas acomoda caixinhas de papelão, latas vazias e o que mais o artista encontrar pela rua e julgar interessante.
Amante da pintura desde criança, com a aposentadoria encontrou mais tempo para se dedicar à técnica do óleo, mas o engenheiro passou a vida desenhando as paisagens brasileiras. “Nunca estudei, mas ia a campo com o artista plástico Edgard Oehlmeyer, meu grande amigo que me iniciou na pintura, deu-me a primeira palheta”, conta Moretto. “Viajei por 15 estados e acumulei 1.500 croquis.” Além dos lugares visitados, os desenhos aquarelados e as pinturas retratam também os imaginados. “São as paisagens de Morettópolis”, brinca. Antes de Oehlmeyer, ele contou com outro mestre fundamental. “Aprendi a desenhar na escola de engenharia com o Prestes Maia. Só é possível fazer paisagem conhecendo perspectiva”, garante.
Apaixonado por pintura, desenho e arte sacra (uma coleção de quase cem imagens de santos divide o espaço do seu quarto com os retratos dos pais e da esposa falecida), Moretto mantém o bom humor aos 85 anos. A única queixa refere-se à dificuldade para expor e vender sua obra em Campinas. Atualmente, manda os trabalhos apenas para a mostra anual da Sociarte (Sociedade dos Amigos da Arte de São Paulo), na Capital.
Se a produção não pode ser vista com frequência por aí, ao menos está registrada no livro “Manlio Moretto”, de Fernando Figueirinhas, lançado em 1999 pela Arte & Ciência, que integra o Projeto Abertura. Além da biografia do autor e informações artísticas, a publicação tem dezenas de belas reproduções.”
Imprensa – SEESP