Os atrasos, paralisações e até mesmo as exclusões de diversas obras de infraestrutura e mobilidade urbana previstas inicialmente no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Copa de 2014 são exemplos do que não deve ser feito em termos de planejamento urbano. Esta é a visão do Sindicato Nacional de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco), apresentada pelo presidente da entidade, João Alberto Viol.
Ele relata que, em 2007, quando o Brasil foi escolhido como sede do Mundial, esperava-se que aquela seria "a grande oportunidade para se projetar e executar ações que iriam deixar um legado para a população, principalmente em relação à mobilidade urbana, melhorando inclusive a qualidade de vida". Entretanto, seis anos depois, a decepção é grande. "Teríamos nossa grande chance, mas ela foi mal aproveitada porque não conseguimos nos planejar para realizar todos os investimentos necessários a tempo. O que está acontecendo hoje é algo que não pode servir de padrão e que precisamos corrigir", criticou.
Viol e representantes das comunidades técnica e política, estudantes e sociedade civil estiveram reunidos, no dia 22 último,na Capital paranaense, para discutir e apresentar novas propostas a serem implantadas pelas grandes metrópoles para melhorar suas infraestruturas. O evento "De olho no futuro: Como estará Curitiba daqui a 25 anos?" será realizado também em outras 12 capitais. Nestes encontros, conforme o sindicato, será analisada a capacidade dos gestores, profissionais e da população em geral, de planejar o futuro.
No final do ano, o sindicato vai divulgar um documento contendo todas as informações coletadas nas capitais para as autoridades municipais, estaduais e federais.
A falta de continuidade de projetos de mobilidade, por exemplo, é um dos grandes problemas diagnosticados, aponta o sindicato. "Cada administrador que assume o cargo enxerga somente os quatro anos diante daquele mandato. Essa cultura precisa ser mudada de alguma maneira. A classe política, o administrador público está olhando mais para o retrovisor do que para a frente", reforçou Viol.
Sem mobilidade
Um levantamento prévio realizado pelo Sinaenco, por exemplo, apontou que o trânsito e o transporte público são os maiores problemas de infraestrutura de Curitiba. Segundo 85% dos entrevistados, a falta de ações de mobilidade urbana causa maior impacto na vida da população. "Na capital paranaense esta é a principal reivindicação, então temos que discutir quais são as soluções para os próximos anos? Queremos difundir o planejamento como instrumento essencial para decidirmos que tipo de cidade queremos", completou João Alberto.
Com informação do jornal Folha de Londrina, reportagem de Rubens Chueire Jr.