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05/09/2013

Limitar desmatamento não prejudica economia

Em 2009, o Brasil promulgou a Lei da Política Nacional sobre Mudança Climática (Nº 12.187/09) em que se compromete, até 2020, a reduzir entre 36,1% e 38,9% das emissões de gases que causam o efeito estufa. Para alcançar essa meta, uma das principais medidas é diminuir 80% do desmatamento na Amazônia Legal e 40% no cerrado. A partir disso, um estudo de mestrado desenvolvido na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEARP/USP) analisou qual o impacto da redução do desmatamento nessas áreas sobre o setor agropecuário e a economia brasileira.

A pesquisa Impactos econômicos da limitação do desmatamento no Brasil foi apresentada, em abril deste ano, ao Programa de Pós-Graduação em Economia da FEARP pela pesquisadora Caroline de Souza Rodrigues Cabral sob a orientação do professor doutor Ângelo Costa Gurgel.

Segundo a pesquisadora, os impactos econômicos das políticas de limitação do desmatamento no Brasil são praticamente insignificantes diante dos efeitos positivos da preservação de milhões de hectares de florestas e cerrados que deixariam de ser transformados em áreas agrícolas até 2050. Principalmente porque o País tem capacidade de aumentar a produtividade das pastagens e converter áreas de vegetação secundária e subaproveitadas em cultivos agrícolas.

Para chegar aos dados, ela utilizou o modelo de equilíbrio geral computável EPPA, capaz de considerar as relações entre os diferentes setores da economia e uma ampla gama de distorções de políticas.

A pesquisa trabalha com projeções entre os anos de 2020 e 2050, quando o desmatamento na Amazônia e Cerrado chegaria a zero. O resultado mostrou que a redução na produção setorial chega a, no máximo, 1,87% na agricultura, 1,81% na pecuária e 1,54% no setor de alimentos em 2050. As políticas de redução do desmatamento também pouco alterariam a trajetória de crescimento da economia, gerando uma diminuição de, no máximo, 0,15% no Produto Interno Bruto (PIB).

Vegetação secundária

Por outro lado, serão 68 milhões de hectares de florestas e cerrados que podem deixar de se tornar área agrícola até 2050, se forem adotadas as políticas de preservação e de redução do desmatamento. “Sem falar nos benefícios associados ao controle dos desmatamentos, como a manutenção da biodiversidade e a reduções nas emissões de gases de efeito estufa, com redução nos danos e prejuízos que podem ser causados pelas mudanças climáticas”, afirma Caroline.

A pequena queda nas produções agrícolas pode ser contornada com a adoção de algumas medidas, segundo a pesquisadora. “O aumento na demanda por produtos agrícolas e alimentos pode ser acompanhado de aumento da oferta se essa for baseada na intensificação da produção agropecuária, evitando tendências de crescimento nos preços de alimentos e a perda de competitividade do setor brasileiro”, disse a pesquisadora.

Ela cita o exemplo da pecuária em que a produção poderia ser intensificada de modo a liberar terras para a produção agrícola, na qual as possibilidades de intensificação são menores. “As simulações também sugerem que a expansão da fronteira agrícola pode ocorrer sob a vasta área de vegetação secundária e áreas de cultivo e pastagens abandonadas e ou degradadas existentes no Brasil, que poderiam ser melhor utilizadas com a adoção de tecnologias e práticas agrícolas modernas capazes de aumentar a produtividade tanto da agricultura como da pecuária”.


Fonte: Agência USP de Notícias




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