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30/10/2013

Opinião - A questão das supersafras

O embarque das safras de açúcar e milho, que teve início em maio, está chegando ao fim, depois de muitos sobressaltos e transtornos não só para a população das cidades da Baixada Santista como para as demais empresas intervenientes no processo logístico ligado ao Porto de Santos. Agora, fica a expectativa para 2014, com a esperança de que as dificuldades surgidas neste ano tenham servido para acumular experiência que possa evitar a repetição dos problemas. Ou ao menos para minorá-los.

Sabe-se que o problema dos gargalos no Porto de Santos se dá antes da chegada da carga. Ou seja, está na insuficiência de silos para a armazenagem das safras nas regiões produtoras e nas usinas de origem, já que os produtores e traders não se preocupam – nem foram estimulados pelo governo – em construir infraestrutura de armazenagem em quantidade suficiente. A alegação é que as linhas de crédito oferecidas pelos bancos oficiais não são acessíveis.

Como essa solução parece que começa agora a ser bem encaminhada, espera-se, por outro lado, que a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) venha a adotar em 2014 um rígido esquema de gerenciamento que leve em conta a capacidade de recebimento e estocagem de cargas nos terminais e nos bolsões e pátios reguladores dos operadores portuários.

Ou seja, é preciso que funcione com pontualidade um sistema compulsório para a chegada de caminhões ao Porto, de modo que o veículo não deve sequer se aproximar da área portuária e, se o fizer, o operador portuário a que se destina deve sofrer severa punição. Ao mesmo tempo, é preciso que União e Estado apressem a implantação do Ferroanel, projeto que tem como objetivo a interligação das principais ferrovias que cortam a região metropolitana de São Paulo, sem cruzar mais com trens urbanos nem entrar na capital paulista.  Quando concluído, o Ferroanel terá capacidade para movimentar 40 milhões de toneladas, das quais 24 milhões com destino ao Porto de Santos.

Com o Ferroanel pronto, não haverá mais sentido em continuar escoando as cargas de grãos e açúcar por caminhões, modal que encarece o frete, causa desgastantes jornadas aos motoristas e aumenta o risco de acidentes nas rodovias, além de provocar congestionamentos.

Por fim, no que toca ao Porto de Santos, a Codesp precisa rediscutir a questão da transferência dos armazéns reservados aos granéis da Ponta da Praia para a área continental, na outra margem, como defendem a Prefeitura santista e o Conselho de Autoridade Portuária (CAP). O problema é que, de acordo com o novo marco regulatório, o CAP deixou de ser um órgão executivo para se tornar apenas consultivo. E a decisão depende agora totalmente de Brasília.

(*) Mauro Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)




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