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13/11/2013

Opinião – O túnel submerso e seus impactos em Santos

Quase 70 anos depois que o arquiteto Prestes Maia (1896-1965) idealizou uma ligação seca entre a margem direita do Porto de Santos e a área continental, o governo do Estado vai começar em 2014 as obras para a construção de um túnel submerso que ligará a cidade de Santos à de Guarujá. Será um trecho de 762 metros que deverá contemplar três faixas, uma exclusiva para ônibus e caminhões e duas para carros e motos, inclusive com área para pedestres e passagem do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

Saindo do bairro Outeirinhos, em Santos, a ligação chegará ao distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá, passando a 35 metros abaixo do nível do mar, o que significa que respeitará o limite de calado do Porto, que hoje é de 21 metros. Mas exigirá 950 metros de rampas de acesso e 4,5 quilômetros de obras viárias em superfície e viadutos.

A estimativa do governo é que o percurso de 1.700 metros no total será feito em um minuto e 42 segundos a 60 quilômetros por hora, o que permitirá uma circulação diária de 14 mil veículos, desafogando o fluxo atual do ferry boat, na Ponta da Praia, que recebe hoje em torno de 20 mil. Trata-se, portanto, de um projeto que prioriza a demanda turística em direção ao Guarujá e praias do Litoral Norte.

Como se constata, os técnicos do governo do Estado não levaram em conta a questão econômica. Basta ver que só depois de apresentado o projeto admitiram a utilização da ligação submersa por caminhões, mesmo com um declive semelhante ao que existe na Rodovia dos Imigrantes, que levou a Dersa a proibir, por questões de segurança, a sua utilização na descida por veículos pesados, obrigando-os a optar pela ultrapassada Via Anchieta. Desta vez, porém, a alegação é que o declive do túnel será de apenas 700 metros, enquanto na Rodovia dos Imigrantes é de 11 quilômetros, o que seria aceitável pelos padrões de segurança.

Segundo o governo do Estado, o túnel poderá atender apenas a caminhões do tráfego urbano, mas não aos caminhões da rodovia. Até porque não dá para imaginar os transtornos que causaria um fluxo de 12 mil caminhões diários na zona urbana de Santos. Nesse caso, melhor seria se a opção do local tivesse recaído entre o bairro da Alemoa e a Ilha Barnabé ou a área continental, já no fundo do canal do estuário. Esse projeto, sim, daria prioridade à questão econômica e evitaria o afluxo de tantos veículos pesados na zona urbana de Santos

É verdade que o governo do Estado prometeu construir um segundo túnel submerso, a partir do bairro da Alemoa, destinado ao tráfego de caminhões, mas, se o primeiro projeto de ligação seca entre as duas margens já demorou quase sete décadas para sair do papel, por certo, não será a atual geração que haverá de ver a execução do segundo projeto.

Como ninguém sabe o que o futuro reserva, há a possibilidade de que os futuros navios cargueiros venham a exigir calado cada vez mais profundo, o que significa que a existência de um túnel submerso poderá inviabilizar mais tarde grande parte do Porto. Até por isso melhor seria se o primeiro túnel submerso projetado fosse construído ao fundo do canal de navegação. Espera-se que essas questões venham a ser analisadas durante as audiências públicas agendadas para discutir os impactos ambientais do projeto.
 

(*) Mauro Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)





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Comentários  
# O Tunel é Subterrâneo e não SubmersoRoberto M Watanabe 25-11-2013 18:53
O Tunel será Subterrâneo pois ficará enterrado na terra. Para ser Submerso deveria ficar dentro da água, oque não será o caso.
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# Santos/Guarujá, uma ligação mais do que demoradauriel villas boas 14-11-2013 15:04
O artigo é muito interessante ao colocar alguns pontos importantes de uma "novela" que se arrasta há algumas dezenas de anos. E que pelo visto ainda não tem um final programado. É que a repercussão da possibilidade de desapropriação de imóveis em dous bairros, para a passagem do túnel está motivando reações das comunidades atingidas. E o mais grave, os debates, as discussões sobre o projeto causa a impressão de certo improviso, da falta de uma avaliação mais abrangente. E por certo, coloca os projetistas numa situação extremamente delicada. Fica no ar a pergunta, será que um dia teremos um túnel ou outro tipo de ligação entre as cidades de Santos e Guarujá?
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# Engenheiro civilLuiz Pegorer 14-11-2013 13:49
Estou compartilhando na Rede, mantendo obviamente os créditos deste bom artigo.
Parece que o projeto mudou. Passou hoje no jornal local.
Importante notar a observação da maior autoridade de solos do mundo até 2012 (quando faleceu), o Dr. Victor Melo em uma de suas obras: "O solo de Santos é o segundo pior do mundo".
O calado está respeitando o limite atual do Porto de Santos, que entretanto já não comporta a maioria dos navios que estão sendo construídos. O Canal do Panamá também não atende, o que tornaria muito interessante aumentar o calado do nosso Porto. Uma ponte levadiça poderia atender essa necessidade enquanto dar maior segurança aos usuários, Um acidente no túnel, teria consequências trágicas.
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# Túnel SubmersoAlvaro L D Oliveira 14-11-2013 10:26
Infelizmente os políticos "de fora" acabam sendo os patronos das principais obras na região e os nossos deputados estaduais parecem que nada fazem, pois calados permanecem...Co mo se dispensar dinheiro público dessa ordem SEM SE PREOCUPAR COM O TRÁFEGO DE CAMINHÕES DE CARGA ENTRE OS MUNICÍPIOS DE SANTOS E GUARUJÁ ???...Ora, se os valores de um empreendimento desta dimensão não estão compatíveis com o caixa do Governo estadual, ou ainda aquém daquela verba ora contingenciada, porque não se buscar a diferença com o Governo Federal, utilizando-se o dinheiro sobrando do PAC ???...e, as questões técnicas relativas à declividade não tem a ver somente em relação às distâncias que serão vencidas ao declive e aclive correspondentes ...não está sendo levado em consideração o perigo iminente de combustão espontânea causada por elevação da temperatura interna do túnel diante de um possível engarrafamento à frente do túnel, por um período de tempo elevado...esta deveria ser a razão principal para que fosse repensada esta declividade...s obre o outro quesito, concordo plenamente que o local mais indicado seria nas imediações do paralelo que determina o limite do chamado Porto Organizado, levando-se em consideração inclusive a possibilidade da expansão portuária em direção do projetado Barnabé-Bagres, de forma a se atender as demandas atuais e futuras, dos tráfegos de cargas ao porto, além daqueles interurbano e de turismo. Com a palavra os engenheiros do atual governo, responsáveis hoje pelo conforto dos contribuintes de amanhã, pois tudo será construído com o NOSSO dinheiro !
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