logo seesp ap 22

 

BannerAssocie se

×

Atenção

JUser: :_load: Não foi possível carregar usuário com ID: 69

04/06/2014

Especialistas promovem debate sobre agrotóxico e alimentação saudável

Quais devem ser as diretrizes primordiais dos futuros governos? Para responder a essa indagação especialistas em nutrição, saúde e geologia se reuniram na tarde desta terça-feira (3/6), na sede do SEESP, para realizar um debate de alto nível sobre a “Alimentação nas Eleições 2014. A iniciativa, promovida pela CNTU em parceria com a Febran e o Sindicato dos Nutricionistas de São Paulo, integra a 5ª Jornada Brasil Inteligente. O objetivo é elaborar uma plataforma política para os candidatos que disputam as eleições em 2014.


Foto: Beatriz Arruda
CNTU 03JUN2014Especialistas lamentam falta de vontade política para acabar com o envenenamento dos alimentos

 

“São profissionais de alto gabarito que nos darão orientações técnicas com embasamentos científicos para que possamos elaborar um documento com problemas e soluções. Não basta somente apontar onde está o erro; pretendemos apontar caminhos para os nossos futuros governantes”, explicou o nutricionista Ernane Silveira Rosas, presidente da Federação Interestadual dos Nutricionistas (Febran), responsável pela organização da atividade.

O nutricionista lembrou que o Brasil é o país campeão mundial no consumo de agrotóxico: às mesas dos brasileiros chega cerca de 20% do total vendido no globo. Diante disso, ele lamenta a “falta de vontade política para resolver o problema do envenenamento do brasileiro". Ele também chama a atenção para o aumento do número e casos de pessoas com câncer nos últimos anos. “Nos dá a impressão de se tratar de uma doença contagiosa. Sempre conhecemos alguém que tem ou teve. E isso pode ser resultado da comida envenenada que estamos ingerindo, fruto de uma política que prioriza o grande produtor de commodities, que é quem mais utiliza agrotóxico”, completou o presidente da Febran. “Infelizmente o uso vem aumentando de maneira indiscriminada após a aprovação das sementes transgênicas no País, que são mais resistentes a essas substâncias”, completou.

Saúde na berlinda
A nutricionista Valéria Paschoal, coordenadora da CSA Brasil – Agricultura Sustentada pela Comunidade, foi a primeira a ministrar sua palestra, intitulada “Alimentar a saúde”. Ela ressaltou que a saúde humana sofre com o impacto do uso abusivo de agrotóxico no ambiente, como a contaminação dos lençóis freáticos que atinge os reservatórios de água. “Isso representa maior presença de toxinas nos alimentos, que podem acarretar problemas como obesidade e até hiperatividade em crianças”, disse. No caso do do produtor rural, apontou, o principal risco são problemas relacionados à tireóide.

Outro ponto destacado por Valéria Paschoal é a educação que deve ser alvo de políticas públicas com educação nutricional e merenda escolar mais saudável.

O professor da Universidade de Brasília (UnB), Cesar Koppe Grisolia, apresentou uma discussão técnica e científica sobre "uma série de vícios" durante a avaliação para liberação das substâncias – observados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Ministério do Meio Ambiente – que são tóxicas à saúde humana e ao ambiente por conta da quantidade pulverizada e ingerida. “Quando o governo e a indústria permitem e liberam o uso e venda são co-responsáveis”, asseverou.

Ele alerta ainda sobre o aumento do consumo em grande quantidade de herbicidas como o glifosato, após liberação de sementes transgênicas, pelo governo brasileiro. “A toxicologia não é tão perigosa quanto a de outros herbicidas. Mas, se você usa uma substância pouco tóxica em grande quantidade, muitas toneladas, o risco acaba sendo o mesmo (que a das substâncias mais tóxicas)”, completou.

A invisibilidade
Para o nutricionista Fábio da Silva Gomes, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), falta dar visibilidade ao problema nas grandes cidades, onde não há a real noção sobre o que está sendo consumido e falta conscientização para que haja apoio às mudanças. “ Ao comprar um produto você também está apoiando e financiando um modo de produção”, ponderou. Contudo, enfatizou, não basta sensibilizar a sociedade. É preciso que sejam adotadas pelo Estado políticas públicas que priorizem práticas de alimentação saudável como agroecologia, produção orgânica, promovendo a redução de preço para favorecer o acesso a esses produtos.

A palestra “Agrotóxicos e irregularidades no receituário agronômico”, do geólogo e advogado especialista em políticas de recursos minerais, Wanderlino Teixeira de Carvalho, chamou a atenção para uma prática irregular que afeta diretamente a qualidade dos alimentos: a prescrição indiscriminada do receituário para as substâncias. “A legislação brasileira diz que os agrotóxicos só podem ser aplicados com receita prescrita por um engenheiro agrônomo. No entanto, esses profissionais acabam deixando à disposição dos comerciantes talões receituários inteiros assinados, autorizando previamente o uso das substâncias”, relatou. Conforme ele, o correto é a visita do engenheiro à lavoura para análise e constatação do problema. “Isso se chama acobertamento profissional, que é uma transgressão grave na legislação profissional do engenheiro”, lamentou. Ele destacou a importância da fiscalização, hoje falha, para evitar esse tipo de situação irregular.

Luciano Elói, cirurgião-dentista e vice-presidente da Federação Interestadual dos Odontologistas (FIO), abordou a bioética na alimentação e saúde. “Temos que questionar os valores. A bioética vem como instrumento de reflexão para ponderar como está a sociedade hoje. Qual modelo de vida está sendo adotado. E a questão do corpo precisa ser refletida: é mercadoria, é vida ou é existência humana?”, indagou. Ele também também questionou a Lei de Biossegurança atualmente em vigor, que trata em uma mesma lei duas questões distintas: células troncos e organismos geneticamente modificados (OGMs). Elói chamou a atenção ainda para o uso inadequado de nutrientes que levou a uma mudança radical no perfil da população brasileira: “Tivemos uma transição nutricional, indo da desnutrição para a obesidade”.

Engajamento
Muitos integrantes da Febran acompanharam as palestras, como a tesoureira Rosemarly Candil, também presidente do Sindicato dos Nutricionistas do Mato Grosso do Sul. Na sua opinião, a iniciativa conjunta da federação e da CNTU trata-se de um trabalho de alerta à população e os governantes, o que é fundamental para a saúde. “É de extrema relevância trabalhar para conscientizar as pessoas da quantidade de agrotóxicos que estão nos alimentos e poder auxiliar na busca de outras opções mais saudáveis para ter de fato uma vida com maior qualidade e vida”.

Também esteve presente a presidente do Sindicato dos Nutricionistas do Pará e vice-presidente da Febran, Darlene Ramos, que lamentou a falta de informação sobre o perigo de uma alimentação inadequada. Ela reforçou que se trata de uma questão de saúde pública, "apesar de a maioria dos governantes não tratá-la como tal". Como solução, ela propõe que seja priorizada a relação com a agricultura familiar, principalmente no fornecimento da merenda escolar, e a busca de mais conhecimento sobre os efeitos das substâncias. “Devem ser feitas mais pesquisas, que ainda são muito poucas nessa área. E nós temos bons institutos que têm condições de realizá-las”, declarou.

 

 

Deborah Moreira
Imprensa SEESP

 

 

 

 

 

 

 

 

Lido 3147 vezes
Gostou deste conteúdo? Compartilhe e comente:
Comentários  
# Alimentação:que stão muito importanteuriel villas boas 06-06-2014 15:51
Os especialistas em nutrição que promoveram um encontro na sede do SEESP mostram algumas questões que precisam ser enfrentadas. O quanto antes. Como aceitar que na nossa alimentação sejam incluídos produtos com elevado i]índice de agrotóxicos? E este é apenas um dos problemas. Há muitos outros. A iniciativa dos debates é muito proveitosa e deveria ser estendida a outras categorias de trabalhadores. Afinal de contas, da profissão mais simples ao setor mais avançado, durante a jornada de trabalho há o momento da refeição. E depois em casa. Logo, a classe trabalhadora, através de suas lideranças, precisa dar uma atenção especial a este assunto. E por fim, a divulgação de propostas para os candidatos a cargos eletivos no próximo pleito completa com destaque a iniciativa desse Encontro.sl4ps
Responder
Adicionar comentário

Receba o SEESP Notícias *

agenda