Em Assembleia Geral Extraordinária, no auditório da sede do SEESP, no Centro da capital paulista, engenheiros e arquitetos da Prefeitura de São Paulo (PMSP) decidiram suspender a paralisação e manter o estado de greve, ou expectância.
Foto: Deborah Moreira/Imprensa SEESP
Engenheiros e arqutietos votam por suspensão da paralisação, mas estão em expectância
A assembleia ocorreu na quarta-feira (11/6) e uma nova já está marcada para a quinta (26), às 13h, quando deverá ser avaliado os avanços das negociações. A Prefeitura disse, em resposta à Imprensa do SEESP, que deve retomar as negociações a partir da segunda quinzena de junho para discutir carreira, condições de trabalho, concursos públicos, entre outras pendências. Porém, caso não haja avanços, os trabalhadores podem voltar a cruzar os braços.
Na terça (10), o Executivo enviou à Câmara Municipal o projeto de lei que define uma reestruturação das carreiras com remuneração a partir de subsídios concedidos para as categorias, o que, de acordo com a avaliação dos delegados sindicais do SEESP, na prefeitura, desconsidera as especificidades das diferentes atribuições profissionais, transformando todos os profissionais em meros analistas. Também está sendo estudada uma proposta feita pelos trabalhadores para a realização de uma audiência pública na Casa para dar início a um processo legítimo.
O PL também foi enviado ao SEESP, cujos delegados sindicais estão avaliando todas as mudanças feitas no texto. Nesse mesmo dia, foi proposto, e já circula entre os servidores, um manifesto contra o subsídio proposto pelo Executivo, como uma das estratégias que, de acordo com análise das categorias, servirá para orientar a audiência pública. Um dos analistas é o engenheiro Frederico Jun Okabayashi, delegado sindical do SEESP na prefeitura, e também formado em Direito.
“Tudo o que nós fizemos até aqui foi planejado. Na Câmara, fizemos o nosso rolezinho e conversamos com todos os vereadores. Até os contadores estão querendo fazer parte do grupo da Comissão de Administração Pública, que será criado na Câmara”, lembrou Frederico Jun Okabayashi, delegado sindical do SEESP na prefeitura.
Para Okabayashi, a mobilização influenciou diretamente na retomada das negociações. “O que é mais impressionante é que com esse trabalho [de mobilização] avançamos anos luz com qualidade. E o mais importante, a gente estava esperando o envio desse PL à Câmara, mas a gente estava jogando no terreno do governo. Não tínhamos chance de negociá-lo. Agora, está no nosso campo, com a nossa torcida. A gente estava esperando exatamente isso”, completou.
Sergio Souza, também delegado sindical do SEESP, frisou durante a assembleia que o mais importante é ter mente que as conquistas virão. “Estamos dando os primeiros passos e vamos chegar lá. Temos que nos manter fora dessa carreira de analista. Temos que estar presentes na Câmara, acompanhando passo a passo. Somente com a nossa participação é que conseguiremos estar fora desse PL”, disse. “Queremos discutir uma carreira para engenheiros e arquitetos. Essa é a nossa intenção”, reforçou.
Internamente, os trabalhadores já estão debatendo a proposta do Executivo em um dos grupos técnicos de trabalho criados durante o movimento grevista. No total, 120 servidores estão envolvidos diretamente na formação e discussão em quatro grupos: um para estudar alterações da Lei Salarial 13.303/02, que permite ao Executivo municipal conceder reajuste de apenas 0,01%; outro para buscar alternativas ao plano de carreira; um grupo para levantar dados sobre a situação dos servidores; e outro grupo atua na mobilização e divulgação do movimento grevista.
A deputada Sarah Munhoz (PCdoB), que assumiu o mandato do partido em março deste ano, no lugar de Alcides Amazonas, que assumiu a subprefeitura da Sé, esteve presente na assembleia e parabenizou a mobilização: “O motivo de estar aqui é só um: o que é justo é justo. O direito de greve é um direito lícito e vocês estão fazendo isso com uma dignidade invejável”.
Ela adiantou que entrou em contato com o prefeito e seu gabinete para iniciar uma intermediação na negociação. “Deixei muito claro que vocês não querem um efeito tampão, então não adianta só dá um cala a boca porque não é isso que vocês querem discutir”, declarou Sarah. A parlamentar também rechaçou o PL enviado pelo executivo, lembrando que os profissionais da engenharia e arquitetura não são “analistas de nada”, mas sim engenheiros e arquitetos que respondem juridicamente por seus atos. “Não somos profissionais de retaguarda ou só para fazer número. Estamos aqui para receber dignamente e para fazer a diferença em um Estado que está um caos de tudo que o olhar de vocês que estão fazendo falta a cidade”, enfatizou, completando que “Se o prefeito esqueceu” ela vai lembrá-lo sobre as atribuições dos servidores em discursos que fará na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Vereadores.
Deborah Moreira
Imprensa SEESP