Aquilo que não passava de um pró-memória esperto de um consultor das altas finanças acabou se transformando em uma realidade geopolítica de peso.
Os cinco países que constituem os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, no acrônimo em inglês) já produzem, somados, em paridade de poder de compra, um PIB superior ao dos Estados Unidos ou da União Europeia: 20% do PIB mundial. Ocupam mais que um quarto da superfície terrestre e neles vivem mais de 40% da população mundial.
Os esforços coordenados desses países garantiram a realização em Fortaleza do 6º encontro dos Brics, quando foi anunciada a criação do banco do grupo para enfrentar financeiramente o FMI, o Banco Mundial e a “troika” europeia.
Mas o que quero destacar é o encontro sindical dos Brics reunindo cúpulas sindicais expressivas de cada país. Apesar da enorme diversidade sindical existente (como a expressão da diversidade entre os países e suas histórias), foi possível realizar o encontro, que produziu um documento unitário onde se exige o reconhecimento por parte dos governos dos direitos sindicais, a começar pelo direito de representação oficial nas instituições comuns dos Brics.
A presidente Dilma recebeu a delegação sindical (é a primeira vez que um chefe de Estado anfitrião recebe uma delegação sindical e acata oficialmente suas reivindicações) e, fortalecidos pelo sucesso, os dirigentes já começaram a efetuar uma série de reuniões bilaterais, visando uma maior coordenação de suas atividades.
* por João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical