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13/08/2014

Engenheiros elaboram proposta para reindustrializar país nos próximos anos


A Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), entidade que representa 500 mil profissionais, concluiu há poucos dias um documento com uma proposta de reindustrialização para o país. O relatório ressalta a necessidade principalmente de que o Brasil dê prioridade nos próximos anos aos investimentos em infraestrutura, como em ferrovias, transporte fluvial, na geração de energia, em petróleo, gás natural e biocombustíveis, além da universalização da comunicação e do saneamento.


Foto: Beatriz Arruda
LançamentoNovosDesafios Lançamento do projeto Cresce Brasil - Novos desafios, que trata,
nesta edição, do perigo da desindustrialização do País, no dia 31 de julho


A intenção é discutir a proposta com alguns candidatos a governadores de Estado e com os presidenciáveis. A FNE entende que com o foco nesses setores econômicos, aliado a mais recursos para inovação e educação, será possível o Brasil crescer a 6% ao ano e chegar a uma taxa de investimentos de 25% do PIB. Há alguns anos o país não ultrapassa 20% na taxa de investimento e o PIB do ano passado, apenas para comparação, teve uma elevação de apenas 2,3%.

O diagnóstico da FNE, de acordo com Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente da federação, é o de que o país vive um processo de desindustrialização relativa e que a indústria deveria ser colocada como prioridade dos governantes, sendo necessário reativar os investimentos públicos e privados no setor produtivo. Para isso, é preciso que seja "reequilibrado o câmbio no sentido da maior competitividade industrial" e haja o "adensamento" de cadeias produtivas, com o país estimulando a produção nacional de bens intermediários e criando condições para a industrialização nacional de insumos agropecuários e minerais.

Pinheiro destaca que para haver mudanças em prol da produção industrial será preciso ainda juros básicos "bem mais baixos" para viabilizar o investimento produtivo, a expansão e modernização dos parques fabris, e a adoção de uma política industrial que integre iniciativas creditícias, tributárias, de promoção das exportações e estímulo para a produtividade e inovação. Também defende que haja elevação dos recursos para ciência e tecnologia de cerca de 1% para 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo Pinheiro, o dólar - entre R$ 2,20 e R$ 2,30 -, embora menos valorizado do que há dois anos, segue enfraquecendo a indústria nacional. "A combinação de ações de agentes do mercado e de atuações do Banco Central têm levado a taxa efetiva de câmbio a um patamar desfavorável ao investimento produtivo no país. Esse patamar artificial estimula a importação, reduz as margens da indústria no Brasil e no médio prazo acaba desestimulando a produção no país", diz ele, preferindo não estimar quanto seria o câmbio que daria competitividade ao setor.

"Acho que temos que pensar no curto prazo em melhorar as margens [de lucro] da indústria. Se você não tiver "um câmbio razoável" e investimento, não tem crescimento. E não são medidas simples, pois afetam alguns mecanismos de controle da inflação", disse Pinheiro, lembrando que o câmbio tem sido manejado prioritariamente com foco na desaceleração de preços.

Na questão do transporte de cargas, o estudo da FNE trata, entre outros aspectos, da necessidade de o país dar prosseguimento à expansão e recuperação de ferrovias e de incentivos ao transporte fluvial. Em relação à energia, ressalta a necessidade de investimentos em fontes renováveis e no aumento da eficiência, através de cogeração de energia, por exemplo. Sobre petróleo, gás e biocombustíveis, a entidade afirma que devem ser priorizados os fornecimentos de bens e serviços nesses ramos pela indústria de capital nacional e ressalta também a necessidade de recuperação da produção de álcool e ampliação dos demais biocombustíveis.

Já sobre saneamento, o documento diz que é preciso que seja de fato efetivado o investimento previsto até 2033 por meio do Plano Nacional de Saneamento, de R$ 508,4 bilhões, para se alcançar as metas de 99% de cobertura no abastecimento de água potável e de 92% no esgotamento sanitário. Sobre comunicações, o relatório defende que seja realizado um programa do tipo "Comunicações para Todos", similar ao "Luz para Todos", para universalizar o acesso à telefonia, além de defender investimentos para que o acesso à internet também seja universal.


 

Fonte: Valor Econômico/Por Vanessa Jurgenfeld/13 de agosto de 2014








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