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08/09/2014

Degradação florestal no Brasil preocupa especialistas

O Brasil avançou muito nos últimos 25 anos no monitoramento do desmatamento da Floresta Amazônica por meio de ações como a implementação do Programa de Cálculo do Deflorestamento da Amazônia (Prodes), em 1988, e do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), em 2004 – ambos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Agora, deve olhar com mais atenção para outro problema ambiental tão grave quanto o desmatamento: a degradação florestal, que afeta não só a Amazônia, mas também outros biomas brasileiros.

A avaliação foi feita por um grupo de pesquisadores de instituições como Inpe, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Nasa (a agência espacial dos Estados Unidos), Instituto Max Planck (na Alemanha) e Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) durante o Workshop on Monitoring Forest Dynamics: carbon stocks, greenhouse gas fluxes and biodiversity, realizado entre os dias 2 e 4 de setembro na Universidade de Brasília (UnB).

“Precisamos interpretar os dados do desmatamento na Amazônia, mas também olhar para outros processos da dinâmica florestal como a degradação florestal, que também tem impactos nas funções ecológicas, no armazenamento de carbono e na conservação da biodiversidade”, disse Mercedes Bustamante, professora do Departamento de Ecologia da UnB e organizadora do evento.

De acordo com os participantes do encontro, a degradação florestal difere do desmatamento, que se caracteriza pelo corte raso de árvores e responsável pela alteração significativa da paisagem da Amazônia brasileira, quando parcelas da floresta são convertidas em áreas de pastagem.

Já a degradação é definida pela perda da capacidade da floresta de realizar suas funções originais, como contribuir para o balanço climático, hídrico e de carbono, em razão do corte seletivo de árvores de interesse comercial e de queimadas intencionais, entre outros fatores.

“A degradação fica em uma posição intermediária entre a floresta intacta e a que foi transformada em área de pastagem. É uma floresta que ainda não foi desmatada completamente”, resumiu Michael Keller, cientista do US Forest Service dos Estados Unidos e pesquisador visitante da Embrapa Monitoramento por Satélite.

“Uma floresta degradada já não possui o mesmo estoque de carbono e a biodiversidade que tinha antes de ser afetada, mas, se for feito um manejo bem feito no prazo de 20 a 30 anos, ela pode se regenerar e até mesmo se aproximar de suas características originais”, explicou.

Outra diferença significativa entre os dois processos, segundo os pesquisadores, é que o desmatamento é mais evidente e inequívoco e pode ser observado mais facilmente pelos satélites usados no monitoramento ambiental.

A degradação, por sua vez, é mais sutil. Trata-se de um processo de longo prazo e deve ser acompanhada continuamente para que suas causas sejam identificadas.

“É preciso o acompanhamento de longo prazo não só das mudanças na cobertura da floresta, mas dos processos que causam essas alterações ambientais”, disse Bustamante.

Degradação da Amazônia
No fim de agosto, o Inpe divulgou pela primeira vez o mapeamento de áreas de degradação florestal na Amazônia Legal nos anos de 2011, 2012 e 2013, feito pelo projeto Mapeamento da Degradação Florestal na Amazônia Brasileira (Degrad).

O objetivo da iniciativa é identificar, por meio de imagens de satélite, as áreas expostas à degradação florestal progressiva pela exploração seletiva de madeira, com ou sem uso de fogo, mas que ainda não sofreram o corte raso.

Os dados do levantamento apontam que a taxa de degradação na região nesses três anos foi a menor registrada desde o início da série histórica do projeto, em 2007, e acompanha a tendência de queda de desmatamento por corte raso na floresta verificada pelo Prodes após 2005.

É mais fácil monitorar e identificar a degradação da Amazônia em comparação com outros biomas brasileiros, porque ela tem uma vegetação mais fechada e, por isso, as clareiras provocadas por derrubada de árvores, por exemplo, podem ser notadas mais facilmente.

Já o Cerrado tem vegetação mais aberta, com maior sazonalidade de árvores, arbustos e gramíneas, dificultando a identificação das áreas degradadas.


 

Fonte: Agência Fapesp









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