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10/09/2014

Porto de Santos: rumo à modernidade


Depois de investir pouco nos últimos anos em obras de infraestrutura viária com destino ao Porto de Santos, o que levou à situação de colapso registrada em 2013, o governo do Estado parece agora mais preocupado em garantir a chegada das cargas ao complexo portuário. Tanto que vem investindo R$ 363 milhões em obras no entroncamento das rodovias Anchieta, Imigrantes, Cônego Domênico Rangoni e Padre Manoel da Nóbrega, principais rotas de acesso ao Porto e também ao Polo Industrial de Cubatão.

Essas obras – espera-se – deverão permitir a ampliação da capacidade de tráfego rumo ao complexo, eliminando em grande parte os gargalos e os congestionamentos que tumultuam a atividade portuária e, no caso de Cubatão, provocam atrasos nos horários de entrada e saída de ônibus que conduzem funcionários das fábricas na troca de turnos. E dificultam o atendimento médico de urgência em caso de acidentes.

Mas não se imagine que, com a conclusão dessas obras em outubro, como prevê o cronograma, nada mais será necessário para deixar o tráfego livre em direção ao Porto. Na verdade, essas obras em conclusão ainda necessitam de mais dois complementos: um viaduto à entrada de Santos e outro na área continental interligando a rodovia Cônego Domênico Rangoni à estrada de acesso a Bertioga. Aliás, este acesso deverá estar concluído até o final de setembro.

A partir da inauguração desse sistema, espera-se também que a Polícia Rodoviária redobre a sua atuação para manter os caminhões de carga na faixa da direita do trânsito e na velocidade-limite, pois são comuns as infrações, sem que haja multas. Além disso, é necessário que haja maior estímulo para que os terminais públicos e os de uso privativo (TUPs) utilizem a ferrovia. Como a nova Lei dos Portos (nº 12.815/13) não contemplou devidamente o modal ferroviário, os novos TUPs não estão obrigados a construir pátios ferroviários, o que seria fundamental para viabilizar a integração e o escoamento das cargas, tirando um maior número de veículos pesados das rodovias.

Ao mesmo tempo, é imprescindível a viabilização do Ferroanel Norte-Sul para acelerar o desempenho do Porto de Santos. É de ressaltar que o Ferroanel Norte correrá paralelamente ao Trecho Norte do Rodoanel, o que permitirá a integração entre os dois empreendimentos.

Tudo disso, porém, pouco adiantará, se a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) não tiver condições e recursos financeiros para investir em tecnologia e modernização. Só com equipamentos modernos será possível diminuir o tempo de permanência do navio no cais e da carga no armazém, o que reduzirá custos. Para completar o quadro, é preciso que os terminais e os novos arrendamentos ganhem maior produtividade e ofereçam tarifas menores. Só assim se poderá dizer que o Porto de Santos entrou na era de modernidade.


* por Milton Lourenço, presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC)







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