Um programa pelo combate ao assédio sexual no transporte público da América Latina está sendo criado pelo Banco Mundial, organismo do Sistema das Nações Unidas, em parceria com instituições locais.
Milhões de mulheres sofrem diariamente com insinuações, contato físico e gestos ousados em meios de transporte públicos no continente latino-americano. De acordo com uma pesquisa feita pela ONG Action Aid em quatro estados brasileiros, por exemplo, 44% das mulheres já foram vítimas desse tipo de assédio. Na Cidade do México, dados apontam que essa taxa sobe para 65%.
Foto: Mariana Ceratti/Banco Mundial
Taxa de assédio sexual contra mulheres no transporte público é de 44% em quatro estados
brasileiros, de acordo com pesquisa da ONG Action Aid
Em Bogotá, capital da Colômbia, a polícia local registrou 129 detenções por conta de comportamento abusivo contra as mulheres no sistema de transporte coletivo da cidade. Porém, apenas uma fração das ocorrências é registrada, o que significa que o número total de casos pode ser muito maior.
A pesquisa preliminar da campanha promovida pelo Banco Mundial constatou fatores que problematizam a questão, como a dificuldade em registrar as denúncias de assédio sexual, uma vez que raramente são perceptíveis os resultados. Muitas pessoas ainda relataram sentir que falta solidariedade entre desconhecidos na hora de apoiar as vítimas.
Em diversas cidades latino-americanas, foi adotada a segregação entre homens e mulheres nos veículos de transporte, com a intenção de proteger as passageiras do assédio – principalmente nos horários de pico. Porém, a pesquisa detectou que muitos usuários não acreditam na eficácia dessa medida, uma vez que não combate diretamente o comportamento impróprio e pode, ainda, expor as mulheres que viajam nos carros comuns.
Os especialistas, após análise desses resultados, fazem recomendações para lidar com o problema. Dentre elas, campanhas que estimulem a reprovação dos responsáveis pelas agressões, novos serviços que ofereçam mais segurança aos usuários do transporte e, até mesmo, aplicativos que facilitem a denúncia e a busca por ajuda ou informação.
Imprensa SEESP
Fonte: ONU Brasil